O ensino de Ciências da Natureza possui intersecções com questões socioculturais, como as relações étnico-raciais. Analisamos as representações dessas relações nos conteúdos de Ciências de um livro didático direcionado aos anos iniciais do Ensino Fundamental e indicado pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Após a análise documental da obra “Encontros: Ciências I”, os resultados foram organizados a partir de agrupamentos. A primeira discussão foi frente aos conteúdos que representaram relações étnico-raciais de cunho estético, as quais aparecem em maior quantidade, porém com poucos espaços para aprofundamentos. A segunda perspectiva teve o foco histórico-cultural, que aparece em menor quantidade, mas evidencia possibilidades de mobilizar uma abordagem mais plural e socialmente referenciada, notadamente pela interlocução com o folclore e a arte.
Os enunciados atribuídos à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável têm evocado disputas que perpassam os mais distintos sentidos, fato que reflete também nos movimentos enunciativos das pesquisas acadêmicas. O objetivo do artigo é analisar os sentidos de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável a partir dos enunciados das produções científicas, quando o contexto das comunidades tradicionais e dos territórios é mobilizado. O procedimento metodológico foi do tipo Estado da Arte de teses e dissertações publicadas em Educação Ambiental no Brasil. Foram analisados os enunciados de duas pesquisas, e como principal resultado observamos que, na primeira pesquisa, os enunciados sobre as práticas desenvolvidas pelas comunidades tradicionais se dão de maneira complementar ao território indicando uma proximidade com a perspectiva da sustentabilidade; enquanto que, no segundo trabalho, o Desenvolvimento Territorial Sustentável é uma premissa defendida que se aproxima da ideia do próprio desenvolvimento sustentável.
Modelos educacionais utilizados atualmente seguem uma tendência de homogeneização cultural que desconsidera a diversidade étnica, territorial e cultural na qual os sujeitos estão inseridos. Nesse sentido, um trabalho de conclusão de curso se orientou a partir da seguinte questão: Quais contradições vividas e percebidas no contexto de uma escola do campo podem ser mobilizadas a partir do ensino de ciências? Sendo assim, o objetivo deste trabalho consiste em mobilizar a realidade de uma escola do campo do município de Campo Florido - MG com temas geradores que oportunizam uma educação crítica para o ensino de ciências e para uma leitura de mundo que consiga articular avanços frente às situações limites e contraditórias locais. Foi desenvolvido a partir dos princípios da pesquisa-ação, sendo adotado o modelo teórico-metodológico da investigação temática freireana para construção de quatro ações pedagógicas das quais participaram alunas e alunos da Educação para Jovens e Adultos – EJA da escola localizada no assentamento Nova Santo Inácio Ranchinho e que atende à comunidade. A dialogicidade imbricada no processo suscitou discussões acerca dos modelos de produção, memórias dos assentados e desafios vivenciados pela comunidade. Os conflitos socioambientais surgiram como temas geradores, acentuados principalmente pela disputa pelo território, que inclui não somente a propriedade da terra, mas as relações com a natureza, culturais e de trabalho desenvolvidas pela comunidade configurando uma situação limite. A construção de processos educativos para o ensino de ciências pelas relações estabelecidas na comunidade aponta a memória biocultural dos assentados e assentadas fundamental para articular estes elementos em contraponto ao currículo alinhado com a lógica de grandes transnacionais de commodidities.
Resumo Este trabalho consiste em analisar as interações do sujeito na posição de futuro professor de ciências e biologia no desenvolvimento de oficinas pedagógicas como espaços de formação intercultural. A oficina pedagógica foi construída a partir de observações nos cursos de Educação do Campo e Ciências Biológicas, contou com cinco situações-problemas e foi desenvolvida em disciplinas da área pedagógica desses cursos. Com a materialidade dos dados a análise do discurso evidenciou três momentos principais de discussão: (i) Posicionamentos performáticos: parâmetros científicos que validam outras culturas; (ii) Tensões nas posições de enunciação: frestas do etnocentrismo no ensino de ciências e formação docente; (iii) Mobilização dos saberes relacionados aos contextos socioculturais e identidades dos sujeitos: deslocamentos das posições enunciativas. As situações-problemas possibilitaram a formação de pontes e cruzamentos interculturais e, a partir desse formato, repensar questões inerentes à existência desses sujeitos por meio das frestas que dissolveram a performance esperada e reproduzida em uma perspectiva etnocêntrica.
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