RESUMOAs infecções causadas por Dipodascus capitatus são raras e de difícil tratamento. Aqui se relata um caso em paciente com leucemia mielocítica aguda. O isolamento fúngico ocorreu a partir de hemocultura e a identificação fenotípica baseou-se em métodos micológicos clássicos; a identificação genotípica foi realizada através do sequenciamento da região D1/D2 do 26 rDNA. Os testes de suscetibilidade foram realizados através do Etest ® e microdiluição em caldo. A antifungicoterapia foi ineficaz, registrando-se óbito da paciente no 17° dia após o diagnóstico. Os autores comparam o caso com relatos similares e discutem a emergência destas infecções bem como suas dificuldades diagnósticas e terapêuticas. Palavras-chaves: Dipodascus capitatus. Micoses.
ABSTRACTThe infections caused by Dipodascus capitatus are rare, and the treatment is difficult. We reported a case of a patient with acute myeloid leukemia. The fungus was first isolated from hemocultures, and the phenotypic identification was based on mycological methods. The genotyping was carried out by sequencing the region D1/D2 from 26 rDNA. The susceptibility tests were assayed by Etest ® and by the microdilution technique. None of the antifungal treatments employed were effective. The patient died on day 17 after the mycological diagnosis. The authors discussed the emergence of such infections as well as the difficulty regarding the diagnosis and treatment. Keywords: Dipodascus capitatus. Mycoses.A severa neutropenia que acompanha os pacientes com leucemia e submetidos à quimioterapia antineoplásica representa elevado risco para infecções fúngicas, notadamente, as causadas por Candida spp e Aspergillus spp. Espécies menos frequentes como Trichosporon, Geotrichum, Rhodotorula, têm emergido como importantes e desafiadores agentes de micoses oportunistas, entre estes pacientes [1][2][3][4] . Neste contexto, relatamos um caso de infecção sistêmica causada por Dipodascus capitatus em paciente com leucemia mielocítica aguda, com evolução fatal.Paciente feminina, 17 anos, procurou atendimento no Hospital Universitário de Santa Maria, relatando febre, náuseas, sudorese, tonturas e dor na axila esquerda há duas semanas. Ao exame físico apresentava palidez, febre e lesões crostosas sugestivas de Herpes simplex no mento e coxa esquerda. O hemograma revelou leucocitose (51.000/mm³) com células blásticas (68%), granulócitos (7,3%) e monócitos (22%); as plaquetas somavam 137.000/ mm³ e hemoglobina era de 6,1g/dL. Confirmou-se o diagnóstico de LMA com imunofenótipo CD13 e CD33 positivos. Iniciouse a antibioticoterapia com ceftazidima, penicilina G cristalina e aciclovir. A quimioterapia antineoplásica foi iniciada três dias após a internação com citosina arabinosídio (ARA-C) e 2 clorodeoxi-adenosina (2CDA). No 4° dia pós-internação, a lesão axilar passou a drenar secreção purulenta e, após medidas locais, evoluiu para cicatrização. Ao 5° dia pós-quimioterapia a leucometria era de 1.700/mm³ com ausência de neutrófilos; a febre de até 39,6°C persistia o que determinou a subst...