A ideia de Ciência como conhecimento neutro, racional, construído indutivamente a partir de experimentos objetivos vem sendo criticada desde o começo do século XX. Nesse contexto investigativo várias pesquisas têm considerado a Ciência como formada por uma diversidade de aspectos, como sua natureza empírica, criativa, guiada por concepções prévias, influenciada e influenciadora da sociedade, etc. Neste artigo, são apresentadas algumas compreensões de formandos de licenciatura em Química, acerca da Natureza da Ciência. Para a coleta de dados foi aplicado o questionário Views of Nature of Science em sua forma C (VNOS-C) e realizada uma entrevista com os estudantes para analisar as respostas de cada sujeito, à luz dos aspectos da Natureza da Ciência descritos por Lederman et al. (2002), que foram tomados como categorias a priori. A análise de cada aspecto permitiu a elaboração de um quadro com a descrição da visão de cada estudante acerca de cada aspecto e, posteriormente, foi possível observar um quadro geral das visões destes estudantes. Este estudo soma-se a outros que observam a necessidade da discussão acerca da Natureza da Ciência ao longo da formação docente, ao evidenciar que alguns aspectos ainda são incompreendidos por estudantes prestes a se formar.
Há uma diversidade de recursos tecnológicos que podem contribuir para as inovações metodológicas no ensino de Ciências, mas é interessante observar o quanto é difícil a adoção de novas ideias. Tal dificuldade está presente nos processos de difusão e incorporação de inovações, mesmo que elas apresentem vantagens em relação à ideia vigente. Neste estudo, deseja-se estabelecer um confronto com o que é considerado tradicional no ensino de Ciências. Para tanto, o objetivo é investigar como a organização e a arquitetura do ambiente escolar podem favorecer a atenção e a concentração dos alunos, em uma perspectiva crítica e significativa. O arcabouço teórico deste ensaio é interdisciplinar, baseando-se nos estudos de Foucault (1999a; 1999b; 1999c), Lévy (1993), Vygotski (1988), Kaplan (1995), dentre outros. A metodologia adotada ancora-se em um estudo bibliográfico de caráter exploratório. Metodologicamente, o ensaio foi dividido em quatro partes: na primeira, discute-se a inteligência coletiva (LÉVY, 1993) e a zona de desenvolvimento proximal (VYGOTSKI, 1988); na segunda, aborda-se a articulação entre ensino de Ciências e tecnologias digitais; na terceira, trata-se da arquitetura no processo de aprendizagem; e, na quarta, lançam-se duas propostas de ambientes de aprendizagem: a sala de aula articulada e o espaço de colaboração. Como ensaio, as contribuições deste estudo estão voltadas para a exploração e a discussão de temas recentes (ADORNO, 1994), trazendo, como mote, estudos que possam lançar contribuições teóricas possíveis de ulterior aplicação.
Com foco nas perspectivas praxiológica e pedagógica, foram demarcadas contribuições, a partir da abordagem denominada Atividade Experimental Problematizada (AEP) a processos de ensino de ciências, visando à aprendizagem significativa e ao desenvolvimento de pensamentos de ordem superior (crítico, criativo e curioso) em comunidades investigativas de estudantes. A partir da fundamentação e caracterização de ilustração em tema da física, verifica-se na AEP condições satisfatórias para abordar didaticamente conteúdos científicos a partir de problemáticas motivadoras, além de possibilitar reflexões acerca da natureza da ciência e de sua empiria e abstrações. Ao abranger articuladores e momentos próprios, a AEP corresponde a uma sistematização de ensino investigativo, voltada à aprendizagem significativa, autônoma, permeada por habilidades de raciocínio, formação de conceitos, investigação e tradução, e a uma concepção sócio-histórica e cultural da ciência. Por fim, a metodologia busca engendrar condições de existência e de avaliação de processos educacionais que subsidiem tal práxis, mediando a alfabetização científica e o desenvolvimento crítico.
A efetividade e a qualidade educacional no Brasil têm evidenciado a necessidade de intervenções profundas no modelo adotado e em suas formas de ensino, sobretudo nas Ciências da Natureza e Matemática (CNM). Nesse sentido, a Universidade de Brasília (UnB) disponibilizou-se a colaborar com a reflexão, a crítica e a transformação desse cenário, planejando e ofertando o curso de especialização lato sensu no ensino de Ciências: o Ciência é Dez! ou C10. Essa iniciativa deu-se no Programa Ciência na Escola, com o apoio do MEC, do MCTIC, do CNPq e da Capes, centrando-se num modelo pedagógico desenvolvido nacionalmente para a oferta colaborativa em uma de instituições públicas de ensino superior (IPES). O curso é fundamentado teórica e metodologicamente em práticas investigativas, em caráter interdisciplinar e com mediação de tecnologias digitais, atendo-se aos saberes da área de CNM e ao contexto e aos desafios da Educação Básica (EB) brasileira. Em 2020, foi iniciada a oferta para três polos Brasília/DF, Planaltina/DF e Goiânia/GO – com 124 estudantes/ professores-cursistas. O planejamento pedagógico previa ações investigativas associadas à transposição didática presencial; entretanto, com a ocorrência da Pandemia de Covid-19, foi adaptado na flexibilização do perfil do ingressante e na aplicação das Atividades Investigativas (AIs) de modo remoto. Este estudo reporta, na perspectiva de um relato de experiências, as interconexões entre o projeto e as expectativas do curso com a sua efetiva execução, apontando alguns dos resultados obtidos. Com isso, pretende-se fomentar a área de estudos da CNM e da formação continuada, como um todo.
Este artigo apresenta uma jornada formativa, mediada por tecnologias digitais, ambientada na disciplina de Metodologia do Ensino integrante da formação inicial do professor de Física, pela modalidade EaD, na Universidade de Brasília. Teve como intuito ressignificar a oferta de uma experiência de aprendizagem híbrida, metodologicamente estruturada a partir de noções de jornadas formativas em ciclos e arcos de aprendizagem. A abordagem escolhida foi aquela de um relato de experiência de integrantes da equipe docente e outros profissionais que contribuíram com o desenvolvimento e a avaliação do modelo, realizada a partir de uma (re)análise das gravações dos encontros síncronos, do escrutínio dos resultados de aplicação e reaplicação do questionário de sondagem de perfil, das experiências e aprendizagens e dos resultados de desempenho dos estudantes. A despeito dos efeitos deletérios da Pandemia de Covid-19, foi possível detectar, claramente, indícios de aprendizagem significativa, concretizada nos trabalhos apresentados ao seu final. Esse resultado, por si só, justifica o modelo desenvolvido, induz a (re)aplicação em contextos diversos e anima a adoção de reflexões críticas e disruptivas acerca dos modos de ensinar e aprender na educação superior e, em particular, na área de Física.
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