Diante das transformações dos espaços e, nesse caso, do rural, torna-se necessário um (re) pensar de seu conceito, de uma forma que possa apreender e entender suas mudanças sem denominá-lo de urbanizado. Nesse sentido, compreende-se como um território que se alterou com a inserção ou fortalecimento de certas características até então não existentes, ou não tão evidentes, para se adaptar ao novo momento conjuntural e estrutural posto pelo sistema a fim de poder sobreviver diante dessa lógica. Desse modo, pretende-se analisar as diferentes formas até então vigentes de definições do rural (a partir de critérios: político-administrativo, econômico/setorial e quantitativo), buscando entender suas contribuições e limitações para se entender o rural de hoje. Com isso, possibilitará lançar questões que permitirão identificar o rural não a partir de características, mas de relações que a população estabelece com a terra, sendo esta seu elemento definidor.
Introdução: A partir da década de 1990, o estado do Acre passa a adotar maciçamente políticas públicas com um viés voltado para a proposta de desenvolvimento sustentável. Com isso, surgem várias iniciativas e empreendimentos privados e públicos enquanto formas de apropriação da natureza através de sua mercantilização e de novas inserções do trabalho. É o caso da Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri (NATEX) como uma política pública de agregação de valor aos produtos florestais posto em prática pelo governo do Estado e que visa a industrialização do látex extraído na região do Alto Acre. Nesse panorama geral que propomos analisar as intencionalidades das políticas públicas postas no período no Acre direcionadas pelo desenvolvimento sustentável, além de verificar os rebatimentos para os sujeitos envolvidos nestas ações, os seringueiros, que fornecem látex para a Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri. Assim, discute-se as reafirmações e/ou modificações na organização do seringueiro inseridos nestas políticas no que diz respeito a sua forma de trabalho e na sua relação com a natureza. Metodologia/Desenvolvimento: Para o desenvolvimento do trabalho fundamenta-se na pesquisa qualitativa, com atividades de gabinete, levantamento bibliográfico em órgãos e instituições da região amazônica e leituras que possibilitam a construção da discussão teórica que o embasa; como a pesquisa de campo através de entrevistas, observações e a participação no cotidiano pesquisado a fim de coletar relatos, experiências, opiniões e diferentes visões sobre a temática. Para isso, foram realizadas entrevistas com os seringueiros envolvidos, líderes sindicais e dos seringueiros, direção da Preservativos Natex, em órgãos relacionados como também com parlamentares de partidos responsáveis pela construção desta política pública. Considerações finais: Através destes procedimentos foi possível identificar a reorganização na forma originária de vida e de trabalho dos seringueiros, bem como a intensificação, exploração e precarização de seu trabalho. Deste modo, tem-se a intensificação da rotina de trabalho com a extração do látex diante da exigência da nova forma de manuseio do produto destinado à produção de preservativos, o que acarreta a dedicação diária de aproximadamente 12 horas de trabalho com sua extração. Esse aumento das horas trabalhadas não refletiu em sua remuneração, já que o preço pago pelo quilo não sofreu alteração significativa e correspondente à sua rotina de trabalho, como também impede a dedicação do seringueiro às outras atividades necessárias para sua reprodução, refletindo em uma reestruturação do trabalho familiar a fim de garantir a execução das demais funções. Além disso, encontram-se novas relações de exploração na forma de pesagem, já que entregam o látex na forma líquida e recebem na forma de sólidos totais. Por fim, a inserção de um novo produto químico no manuseio diário do trabalhador, a amônia, tem acarretado intoxicações e possíveis desdobramentos na saúde destes sujeitos vinculados ao fornecimento de látex para a fábrica.
Este artigo tem como objetivo compreender as formas de precarização, exploração e controle evidenciados pelos trabalhadores de aplicativo vinculados às empresas de tecnologia de transporte de passageiros e de entrega de alimentos, como por exemplo, a Uber, Uber Eats e Ifood. Como metodologia foram realizadas leituras e discussões de referências bibliográficas, como também de artigos e reportagens sobre a temática. Assim, este artigo traz uma discussão teórica e prática a partir das principais referências no tema em debate, informações e coletas em entrevistas com os trabalhadores de aplicativo. Para isso, trouxe a discussão sobre crise estrutural do capital, reestruturação produtiva, novas morfologias e trabalhadores de aplicativo com enfoque para demonstrar as formas de precarização destes trabalhadores.
RESUMO O artigo apresenta um estudo de caso sobre a industrialização no estado do Acre com foco nas indústrias de suinocultura Dom Porquito e de avicultura Acreaves. Para isso, partimos de uma análise do processo de industrialização no Acre, enfatizando suas peculiaridades e suas características. O objetivo principal do artigo é de analisar a relação entre o setor público (governo do estado do Acre) e o capital privado através de suas dinâmicas territoriais e industriais de produção, além de identificar o papel do campesinato nesta forma de organização produtiva. Como metodologia, foram feitas discussões teóricas que tratam da temática, assim como visita técnica e entrevista realizada com o diretor técnico da Dom Porquito e da Acreaves. Portanto ao compreender a dinâmica industrial no Acre, é possível refletir sobre sua realidade e seus percalços, bem como entender o papel do setor produtivo industrial para com o campesinato. Palavras Chave: Estado; Industrialização; Dom Porquito; Acreaves
RESUMOEste artigo tem como objetivo realizar uma discussão sobre a precarização dos trabalhadores por aplicativo vinculados à empresa Uber. Para isso, partimos de uma reflexão sobre a centralidade do trabalho e sua relação com a ciência geográfica, o que proporcionou realizamos uma análise das transformações sofridas no mundo do trabalho a partir da crise do capital da década de 1970 e, de seu processo de reestruturação produtiva e flexibilização das relações e formas de gestão do trabalho. Como metodologia partiu-se de leituras e sistematizações de obras para entender o capitalismo, e a crescente degradação do trabalho, buscando apontar como isso afeta os trabalhadores cotidianamente, além de textos, artigos e reportagens sobre a empresa-aplicativo Uber. Portanto, foi possível identificar as formas de precarização do trabalhador vinculado à empresa Uber, seu controle pelo algoritmo e também desmistificar o caráter de “empreendedor” propagado pela empresa. Palavras Chave – Capital; Trabalho; Uber.
Resumo: O presente artigo tem como proposta refletir sobre o processo de organização da região amazônica orientada pelo capital internacional e pelo Estado. O início do processo de vinculação amazônica ao mercado externo ocorreu com a produção da borracha no século XXI e desde então, a região sempre se construiu entorno da exploração e exportação de bens primários. Nos séculos XX e XXI esse enfoque consolidou-se com a fronteira das commoditiesatravés da madeira, gado e mineração e contraditoriamente a fronteira socioambiental com base na perspectiva do desenvolvimento sustentável e tendo como foco os serviços ambientais e o manejo florestal sustentável da madeira. Como resposta a essa forma de organização evidencia-se o desmatamento ambiental, a expropriação dos sujeitos bem como o controle sobre o território de vida e de trabalho que passa a ser orientado para a lógica do capital e não para a autonomia dos povos da floresta.Palavras chave: Estado, Capital, Commodities, Desenvolvimento Sustentável
O objetivo do artigo é compreender os seringueiros que vivem na Resex Chico Mendes e nos projetos de assentamentos no estado do Acre enquanto um trabalhador da floresta e que, a partir de 2008, também se torna um trabalhador da Fábrica de Preservativos Masculinos de Xapuri. A princípio, tais sujeitos se constroem através de uma íntima relação metabólica com a natureza que marca sua vida, seu trabalho e seu território de modo que o valor de uso permeia seu cotidiano existencial. Por outro lado, é a partir da sua inserção enquanto fornecedor de látex para a Preservativos Natex que ocorrem transformações significativas em sua constituição de vida e de trabalho ocasionadas pela vinculação à lógica do capital. Portanto, o trabalho assume uma centralidade na análise, pois além de representar a categoria fundante do ser social representa um instrumento relevante para a reprodução do capital por meio da sujeição do trabalho ao capital/Estado/Natex.
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