O presente texto relaciona-se a uma investigação que realizei a qual tomou como foco a situação dos primeiros grupos de crianças inseridas no ensino fundamental aos seis anos de idade, em face de uma política que não levou em conta o que, no Brasil, vários estudos no campo da educação infantil têm indicado como demandas das crianças de zero a seis anos. Como parte da análise de tal situação, busquei a contribuição de autores que pudessem nos ajudar a compreender o contexto social mais amplo em que tal política foi produzida.
resumo: Este artigo reúne análises sobre concepções, indução e implementação de uma política educacional -o Ensino Fundamental de nove anos -que, na prática, traz como principal mudança o ajuste legal e a inserção de meninas e meninos de seis anos (e menos) num sistema escolar historicamente precarizado, sem que tivesse havido algum diálogo ou esforço de integração com a educação infantil e nem uma devida preparação para receber tais crianças. Sem exceções, os familiares entrevistados em pesquisa desenvolvida pela autora posicionam-se contrários à antecipação da idade de entrada no EF, falam de sofrimentos e dificuldades de suas crianças face às novas rotinas, e expressam preocupação com o atropelo seus ritmos -próprios da ainda pequena infância -, no processo ensinoaprendizagem; e até mesmo com a saúde e segurança de suas crianças, posto que a escola reúne "grandes e pequenos" sem os cuidados elementares que notam demandar tal situação (pelo menos recreio e banheiros em separado e com fechaduras que funcionem; água filtrada, reivindicam). Relacionando tais dados gerados no contexto da pesquisa, com análises sobre formas de exclusão que ocorrem mesmo quando as crianças se mantém na escola, o presente artigo contribui para uma apreciação crítica da situação vivenciada pelas novas gerações de crianças filhas de trabalhadores de baixa renda -os que mais esperam e apostam na escola pública, como verificado no universo da pesquisa, pois que de fato não dispõem de outros modos de acesso ao conhecimento socialmente valorizado.Palavras-chave: Políticas educacionais. Desigualdade escolar. Ensino fundamental de nove anos. Famílias, crianças e escola.
8
SILVA, Rute da. A IMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS E SEUS EFEITOS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL:A implementação do Ensino Fundamental de nove anos como política governamental promove, como principal mudança imediata, a inserção na escola de crianças de seis, e mesmo de cinco anos. Entre profissionais da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, familiares e também outros segmentos sociais, dúvidas, receios, contradições: (mais) uma mudança chegando de modo verticalizado, sem o necessário processo de transição para a construção de condições, e, nesse caso, sem que se compreenda as efetivas razões, uma vez que não há concordância quanto a justificativas educacionais para algo tão delicado como a inserção das crianças pequenas na escola. Justificativas relativas ao financiamento educacional parecem estar na origem de tal política.Afinal, que política é essa e como vem sendo implementada? Esta é a pergunta que mobilizou a realização da dissertação de que trata esta resenha. Dados sobre a maneira como vem sendo praticada, no nosso estado, foram gerados pela pesquisa de mestrado, realizada no contexto do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina, por Rute da Silva, com orientação da professora doutora Roselane Campos. Seu objetivo foi investigar a implementação do Ensino Fundamental de nove anos em Santa Catarina, em seus 'contextos de influência, produção de texto, prática e efeitos', também na Educação Infantil; apoiou-se no referencial analítico do ciclo de políticas proposto por Stephen Ball e Richard Bowe, e seu o universo compôs-se de nove municípios do estado.
ResumoEste trabalho teve como objeto de estudo o investimento pedagógico do professor. Investigamos a trajetória e as práticas de uma professora que trabalha há treze anos na educação básica. Utilizamos a abordagem biográfica e etnográfica, com recurso à entrevista semiestruturada e observações de 24 aulas ministradas pela professora. As categorias sartreanas de projeto e desejo de ser e, também, o conceito de móbile que, segundo a escola soviética, dão sentido à atividade do sujeito, foram utilizados na análise dos dados referentes à sua trajetória e investimento pedagógico. Identificamos as mediações fundamentais na realização do seu projeto e as razões que a incitam a agir, num quadro permanente de adversidades e realizações.
Palavras-chave:Existencialismo. Educação Física. Docente.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.