RESUMO O presente trabalho propõe um percurso analítico sobre como letramentos de sobrevivência questionam, desestabilizam e, em algumas situações, rompem a hegemonia instaurada a partir de escritas produzidas por setores poderosos da sociedade brasileira, como é o caso das grandes corporações de mídias e de seus enunciados que visam a criminalizar os moradores de favela da cidade carioca. Nesse sentido, conduzo a discussão até apresentar o conceito de letramentos de sobrevivência para, com base nele, refletir sobre a maneira como Mariluce Mariá e Cléber Santos, moradores do Complexo do Alemão/RJ envolvidos em ações de participação cidadã pertinentes ao território em que vivem, usam suas redes digitais para postarem enunciados capazes de ampliar seu poder de ação na luta por direitos humanos. Faço isso, sobretudo, com base em dois eventos específicos: na entrevista concedida pelo casal no curso "Sobreviver, sobrevivências", oferecido no curso de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional em 2015, e no tuitaço #SOSComplexodoAlemão, de cuja organização Mariluce e Cléber participaram. Por meio deles, pretendo denotar como os moradores de favela conseguem usar suas redes digitais para produzir textos que se contrapõem às narrativas hegemônicas que entendem a favela como um entrave à dinâmica urbana. Minhas interpretações são pautadas no trabalho de campo que realizo no mencionado conjunto de favelas desde 2013, classificado em trabalhos anteriores como uma etnografia de fronteira.
RESUMO Ao concordarmos que a tecnologia pressupõe uma mentalidade caracterizada por uma lógica mais horizontal entre linguagens (GNERRE, 1991 [1986]; OLSON, 1997 [1994]), que todo letramento é metamidiático (LEMKE, 2010) e que as apropriações culturais constituem-se por meio de hibridizações (GARCIA-CANCLINI, 2011[1997]), devemos, como professores de línguas, investigar como tais conceitos podem nos ajudar a melhor compreender o processo de aprendizagem da língua inglesa quando as TDICs entram em cena. Assim, este artigo apresenta uma reflexão acerca do uso de ferramentas de produção e edição de vídeos para o ensino-aprendizagem da língua em uma escola pública federal. Fizemos isso por meio de um estudo de caso baseado em um trailer de filme produzido por um aprendiz como tarefa proposta nas aulas de inglês. Após a avaliação, o professor realizou uma entrevista gravada em vídeo com o aprendiz para que este comentasse seu próprio trabalho. A partir do trailer e da transcrição da entrevista, operacionalizamos algumas reflexões sobre o uso das tecnologias de produção do vídeo por meio dos conceitos de descoleção e remix (GARCIA-CANCLINI, 2011[1997]), que foram associados aos conceitos de tipologia e topologia (LEMKE, 2010) para analisarmos os efeitos do uso da tecnologia para a aprendizagem da língua inglesa. Esses conceitos possibilitaram um retorno crítico à sequência didática utilizada durante as aulas, e, assim, foi possível observar que o aprendiz dedicou maior esforço às questões topológicas do gênero, o que pode ter sido reflexo da proposta didática realizada na sequência. Se assim o é, sugerimos, então, que devemos buscar práticas de ensino-aprendizagem que promovam uma relação mais horizontal entre os aspectos topológicos e tipológicos da linguagem em uso, especialmente quando nos propomos a lançar mão de práticas em sala de aula que envolvam as TDICs.
Diante de uma nova mentalidade e de um novo ethos requeridos para o uso das tecnologias de conexão contínua, o presente trabalho busca refletir sobre o contato entre diferentes línguas viabilizado e potencializado pela Internet. Para isso, propõe-se a análise da capa de uma comunidade da rede social Orkut chamada Ma français est trés bizarre, na qual usuários lançam mão de seus conhecimentos em língua portuguesa e de suas experiências em língua francesa para dar forma a uma língua híbrida, macarrônica, que satiriza traços característicos do francês e de seus falantes para produzir efeitos de humor. Palavras-chave: Multilinguismo. Internet. Novas tecnologias. Línguas em contato.
No final do ano de 2010, durante a ocupação militar do Morro do Adeus, no Rio de Janeiro, Renê Silva, de 17 anos, destacou-se por usar o microblog Twitter para transmitir informações em tempo real sobre os acontecimentos que marcavam a invasão. O jovem, o qual fazia suas postagens de dentro da própria favela, é exemplo de sujeito pertencente a grupo periférico e que, a despeito das barreiras socioeconômicas impostas, se apropriou das TIC por meio de estratégias e táticas que, em ação, desestabilizaram a ordem hegemônica (DE CERTEAU, 1980/2008), aqui principalmente representada pelos veículos de informação em massa. Assim, este trabalho destaca como Renê, por meio de seus letramentos plurais e híbridos, se apropriou das novas tecnologias e, dessa forma, tornou-se locutor privilegiado dos conflitos que ocorriam no Complexo do Alemão.
O presente estudo propõe uma análise dos fatores que promovem a visibilidade e popularidade de determinadas postagens online. Com base em um vídeo, postado no YouTube, que obteve cerca de 5 milhões de visualizações, a pesquisa indica fatores que podem explicar a popularidade e a visibilidade – capitais sociais propostos por Recuero (2009) – do vídeo analisado e o seu impacto no âmbito da circulação social da internauta investigada. Essas questões são relevantes para entendermos novas possibilidades de participação em sociedade de sujeitos simbolicamente periféricos.
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