Resumo:A governamentalidade, segundo Foucault, é uma razão de Estado que têm a população como objeto, a economia política como principal saber e os dispositivos como instrumentos estratégicos de poder para garantir o controle dessa população no sentido de produzir a melhor economia. Se entendemos dispositivo como um conjunto de elementos discursivos e não discursivos que cumprem funções estratégicas para uma determinada governamentalidade, é possível ver muitas aproximações com o urbanismo, aqui compreendido como um conjunto de saberes discursivos e não discursivos que determina ações de controle e ordenamento da população no território -onde se trabalha, reside, circula, consome etc., a fim de garantir a melhor economia. Por outro lado, essa mesma cidade urbanisticamente determinada também abriga territórios com populações comprometidas corporalmente em potentes ações de resistência, ou seja, em lutas que estão para além de meras reações à governamentalidade, e que expressam o poder em seu caráter operatório e positivo. Partindo dessas premissas, o que se pretende discutir neste ensaio, tendo como referencia algumas práticas urbanísticas no território, são esses diferentes mecanismos de atuação do poder seja como força disciplinadora e normalizadora biopolítica em busca de garantir a governamentalidade, seja a partir de potentes linhas de força no sentido da recusa em ser governado ou conduzido. Palavras-chave:Governamentalidade. Poder. Dispositivo. Urbanismo. Resistência.
O texto traça um panorama sobre a mineração no Quadrilátero Ferrífero com recorte específico em alguns municípios localizados no vetor sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a fim de compreender as coalizões de poder constituídas em torno do que aqui denominamos Grande Projeto Urbano (GPU) da mineração. Essa atividade, que historicamente caracteriza a região como grande pólo extrativo, experimenta um novo ciclo no Brasil e na América Latina desde a primeira década do século XXI, a partir de grande demanda internacional por commodities. Além disso, a mineração tem sido justificada na região ancorada num forte ideário de desenvolvimento econômico associado à prática. Entretanto, com base nos dados relativos à arrecadação desses municípios sobre as atividades minerárias (CFEM), bem como de informações da RAIS sobre emprego e renda por município, é possível inferir que pouco valor tem sido agregado à economia local, contrariando esse ideário. Em relação às articulações entre Estado, Sociedade Civil e Mercado, no sentido da permanência ou não das atividades minerárias na região, foram analisadas as atas e pareceres das reuniões para aprovação dos licenciamentos na Câmara de Atividades Minerárias (CMI). As análises apontam para decisões que, prioritariamente, têm favorecido as mineradoras, caracterizando uma forte coalizão do Conselho Gestor no sentido de garantir uma agenda pró-crescimento ou pró-mercado, ou seja, de fortalecimento dos interesses das mineradoras com apoio do Estado.
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