Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.13, n.1, jan./abr. 2010. www.e-compos. Se o cinema moderno rompeu o pacto de confiança entre o espectador e a imagem, dando origem a uma geração à qual era necessário refletir sobre a linguagem para refletir sobre o mundo, alguns caminhos do vasto e poliforme 'cinema contemporâneo' nos indicam uma volta à crença na imagem. Como uma afirmação de
There is a harmony between André Bazin's and Maurice Merleau-Ponty's approaches to cinema. They both see cinema as a new imperative language to express the being, capable of reflecting on our promiscuity with the world and things. Both realized the ontological bet that the game of imagination contains: the emergence of the image wrapped in a back and forth movement, from things to form, from fact to sense and meaning, and vice versa. The purpose of this article is to discuss Merleau-Ponty's and Bazin's interest in an ontological investigation of the cinema, analyzing their affinities and differences, identifying paths to be explored and affirming a certain idea of cinema.
De Misterioso objeto ao meio dia (2000) a Cemitério do Esplendor (2015), Apichatpong Weerasethakul faz cinema como quem intui uma melodia ou um tom. Ele dilata o tempo presente em uma sucessão de eventos e sensações simultâneos, instalando seus personagens e nós, espectadores, em um estado de perplexidade diante do mundo. Ele transforma os objetos e paisagens mais comuns em imagens inefáveis e enigmáticas, em zonas espectrais onde tudo é passageiro, fugaz e mutante, onde todos seres existem em um mesmo status ontológico. A fenomenologia nos ajuda a explorar este cinema, a responder às demandas que esses filmes parecem nos impor. No entanto, para atender plenamente aos mistérios de Apichatpong, temos de ir ainda mais longe na descentralização da humanidade. Temos de entrar em territórios não humanos. A fenomenologia precisa de ajuda quando ultrapassamos a questão do humano e do mundo. Nosso objetivo é propor um diálogo entre Maurice Merleau-Ponty e Alfred North Whitehead. Pensar com eles e Apichatpong é afirmar um ponto de partida diferente da teoria do cinema clássico e, ao fim, explorar sua aposta ontológica.
Algumas das ideias mais inovadoras e influentes da teoria do cinema nos últimos anos estão em dívida com as obras de Gilles Deleuze e Maurice Merleau-Ponty. É possível sentir a presença de suas filosofias e respectivos investimentos na teoria do cinema ao longo das reviravoltas afetivas e sensoriais que tomaram de assalto a reflexão sobre a sétima arte. Contudo, Deleuze e Merleau-Ponty são em geral vistos como opostos. Nossa aposta se faz no sentido contrário. Ao longo do artigo, traçamos um movimento escorregadio de aproximação e distanciamento que, ao final, esboça uma espécie de aliança. O que se vislumbra é uma maneira de ver e se aventurar pelo cinema em seu contínuo renascimento.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.