Resumo: O Brasil detém uma rica biodiversidade terrestre e um grande potencial na sua utilização em vários setores da economia, destacando-se o farmacêutico com a produção de medicamentos, bioativos e muitos outros. O uso de plantas ou produtos naturais é comum e amplamente difundido no mundo. Assim, o presente estudo buscou caracterizar e identificar o perfil de consumidores e o uso desses recursos durante a pandemia da Covid-19, de forma qualitativa e quantitativa. Para isso, foi aplicado um questionário dividido em três seções: (i) caracterização dos participantes e sua situação quanto ao uso de plantas e/ou produtos naturais; (ii) identificação do perfil dos consumidores (iii) para os não consumidores. Foram obtidas 219 respostas, sendo a maioria do sexo feminino (70,8%) e do Espírito Santo (84%). 54,3% dos colaboradores utilizaram plantas e/ou produtos naturais antes e/ou durante a pandemia. Desses, 10,1% passaram a utilizar tais produtos apenas durante a pandemia. O uso, em sua maioria, foi indicado pela família (tradição familiar) na tentativa de fazer a prevenção e/ou cura. Seria necessário pesquisas mais aprofundadas para identificar a eficácia e potencial toxicidade dos produtos citados, para assim evitar o uso irresponsável.
Covid-19; plantas medicinais; produtos naturais; etnobotânica
IntroduçãoO Brasil é uma "fábrica natural sofisticada" devido sua rica biodiversidade terrestre, com aplicação em muitos setores como o farmacêutico, cosmético, de fragrância, agroquímicos e de suplementos alimentares (BOLZANI, 2016). A pesquisa na área dos produtos naturais é crescente no mundo e no Brasil, principalmente, no desenvolvimento de fármacos, fitoterápicos, biomoléculas, compostos bioativos, entre outros, nos últimos quinze anos (BERLINCK et al., 2017). Contudo o uso de produtos naturais para fins medicinais não é recente, vem desde a antiguidade e, no Brasil, possui registro de uso desde a colonização pela cultura indígenas, colonizadores e por escravos africanos, assim sendo parte de uma longa tradição (SANTANA et al. 2018).O uso de plantas medicinais e/ou produtos naturais é uma prática comum e adotada por praticamente 80% da população de países desenvolvidos, mas para algumas sociedades este pode ser o principal, senão o único, meio de atenção primária à saúde (OMS, 2002). O Brasil também está buscando a melhor abordagem sobre o tema, com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006a) e com implementação de práticas de medicina tradicional no Sistema Único de