Este trabalho é derivado de pesquisa de doutoramento (bolsa Capes 0860-13-1), que trata, em perspectiva comparativa, do jornalismo infantil no Brasil e em Portugal. Neste trabalho, propomos uma forma de definir esse jornalismo como algo além de uma produção que tenha as crianças como público. Utilizamos a análise multimodal (Kress, Leeuwen, 2001) como forma de identificar pontos que, ultrapassando diferenças culturais e de linhas editoriais, compõem características de base do jornalismo para crianças. Desse quadro, surge uma produção jornalística que repete velhas concepções de infância – a criança que não se representa, que brinca e estuda, mas não pensa sobre questões mais profundas do mundo em que vive - e reduz as diversas infâncias contemporâneas a um modelo de infância bem cuidada.
This work, part of a thesis, focuses on the children's participation in the journalism done for them. Buckingham (2009) understands that children must exercise their rights of participation -established by the Convention on the Rights of the Child (1989) -also in the area of media's production. The participation channels offered by the media, through the internet, are possible ways of ensuring the right defended by Buckingham. But children have been using the new digital forms of participation to communicate with journalists who write for them? To answer these questions, we interviewed 50 children from 9 to 16 years old Brazil and Portugal. The study showed that, for participation happens, it is necessary that children feel motivated to follow often children's mediawhich is linked to adult mediation and the stories' themes presented by the publications. In addition, two obstacles appear: the lack of response from the producers of information and the concern of children in exposing themselves.Keywords: Children. Participation. Journalism made for children. RESUMOEste trabalho, parte de tese de doutoramento, se concentra na participação das crianças no jornalismo infantil. Buckingham (2009) entende que os meninos e meninas devem exercer os seus direitos de participação, estabelecidos na Convenção sobre os Direitos da Criança (1989), também na área da produção midiática: segundo ele, as novas formas de comunicação on-line que as crianças têm à sua disposição são possíveis formas de assegurar esse direito. Mas as crianças as utilizam para interagir com os jornalistas que escrevem para elas? Para responder a essa questão, entrevistamos 50 crianças de nove a 16 anos de idade, em Portugal e no Brasil. O trabalho mostrou que, para que haja participação, é preciso que as crianças se sintam motivadas a acompanhar com frequência os veículos infantis -o que está atrelado à mediação adulta e à temática abordada pelas publicações. Além disso, dois obstáculos aparecem: a ausência de resposta por parte dos produtores de informação e a preocupação das crianças em expor-se.Palavras-chave: Crianças. Participação. Jornalismo infantojuvenil.
Meninas e meninos, nos discursos jornalísticos, vêm sendo representados a partir de estereótipos, que podem ser resumidos em uma dicotomia: o ser inocente, a ser protegido, e o delinquente, ameaçador. A “invasão” dos filhos do pesquisador Robert Kelly durante entrevista concedida ao canal de TV BBC teve grande repercussão, gerando discussões sobre estereótipos paternos e da estrangeira, mas também trazendo uma representação não esperada da infância, em que o brincar perturba a seriedade da narrativa jornalística. Pelo viés da Análise do Discurso de linha francesa, percebemos que a “invasão” rompe o contrato de comunicação estabelecido na entrevista, o que poderia explicar sua repercussão.
<span>A infância n ão deve ser estudada a partir da questão de “qual é o mundo da criança”, porque o mundo delas é o mesmo dos adultos. Assim, não é possível haver um “ponto de vista sobre o mundo da criança”. Na verdade, ela mesma (assim como todos nós) é um “ponto de vista sobre o mundo”. Com Foucault, poderíamos dizer que ser capaz de ocupar um ponto de vista é uma potência do discurso. Potência essa que a criança não detém, como mostra análise de textos sobre a infância publicados em 2011 nas duas maiores revistas semanais brasileiras, </span><em>Veja</em><span> e </span><em>Época.</em>
Em pesquisa-ação com jovens do ensino médio, moradores de bairros periféricos e/ou de baixa renda, investigamos como eles criticam o jornalismo brasileiro e de que forma se mantêm informados. O estudo revela distanciamento e desconfiança desse jovem em relação a fontes jornalísticas tradicionais — ainda que reconheçam a sua importância —, mas também a emergência de novas rotinas noticiosas, influenciadas por plataformas digitais. Segundo os grupos focais realizados, o consumo do jornalismo profissional ocorre sobretudo pela TV, por influência de hábitos familiares, e por alguns sites noticiosos. Por iniciativa própria, os jovens recorrem a posts em redes sociais, vídeos no YouTube e consultas a agregadores, para acessar o que eles identificam como “notícias” importantes para o dia a dia, ainda que essas informações nem sempre venham da mídia jornalística tradicional.
The image of a shirtless black child in Copacabana watching the New Year’s Eve fireworks, published by photographer Lucas Landau on his Facebook page, was a focus of controversy across social media and produced a number of different interpretations about both the photograph and the boy in it. The Brazilian edition of the Spanish newspaper El País produced two texts on the subject, both of which brought about varying comments from Facebook users. Using the French discourse analysis as a basis, this article analyzes interpretations expressed about the texts published in El País. The goal was to understand social perceptions of the current conception of childhood by analyzing the reactions conveyed in the comments. Our research showed us that the kid’s individuality goes undisclosed and he becomes a platform for sociopolitical discussions. This is quite common in journalism and how it represents contemporary childhood: the role of children as active social actors is disregarded, and they are simply portrayed as being in need of protection.A imagem publicada pelo fotógrafo Lucas Landau em sua página no Facebook, mostrando um menino negro, sem camisa, vendo a queima de fogos no réveillon de Copacabana, causou polêmica nas redes sociais, com diferentes interpretações sobre a fotografia e a criança retratada. O jornal espanhol El País, em sua versão brasileira, produziu dois textos sobre o assunto, os quais, por sua vez, também geraram vários comentários de usuários da rede Facebook, no perfil da publicação. Por meio da análise do discurso de linha francesa, este artigo analisa essas manifestações, que exprimem a recepção dos textos do El País. O objetivo foi compreender as percepções sociais da concepção contemporânea de infância, por meio das reações dos comentadores. Pelo estudo, percebe-se que o garoto tem sua individualidade suprimida e se torna “palco” para discussões sociopolíticas. Isso reflete o que se tem visto de forma geral nas representações da infância no jornalismo: o papel das crianças como atores sociais ativos é ignorado, e elas são mostradas somente como seres tutelados. La imagen publicada por el fotógrafo Lucas Landau en su página del Facebook, mostrando a un niño negro, sin camisa, viendo la quema de fuegos en el año nuevo, en Copacabana, causó polémica en las redes sociales, con diferentes interpretaciones sobre la fotografía y el niño retratado. El diario español El País, en su versión brasileña, produjo dos textos sobre el tema, los cuales, a su vez, también generaron varios comentarios de usuarios de la red Facebook, en el perfil de la publicación. Este artículo hace un análisis de esas manifestaciones, que expresan la recepción de los textos de El País, por medio del análisis del discurso de línea francesa. El objetivo fue comprender percepciones sociales de la concepción contemporánea de la infancia, por medio de las reacciones de los comentaristas. Por medio del estudio, se percibe que el chico tiene su individualidad suprimida y se convierte en “escenario” para discusiones sociopolíticas. Esto refleja lo que se ha visto de forma general en las representaciones de la infancia contemporánea en el periodismo: el papel de los niños como actores sociales activos es ignorado, y ellas son mostradas sólo como seres tutelados.
ResumoEste trabalho é parte de tese de doutorado que aborda a participação de crianças na construção da narrativa jornalística em veículos a eles destinados.Parte-se do pressuposto de que, ainda que o surgimento de novos meios de produção e canais de distribuição possibilite a democratização midiática, apenas a provisão de recursos não garante que os meninos e as meninas de fato influenciem na produção jornalística (BUCKINGHAM, 2009 Palavras-chaveParticipação, crianças, jornalismo infantojuvenil. AbstractThis work is part of a doctoral thesis that addresses the participation of children in the construction of the journalistic narrative in vehicles intended for them. It is assumed that, although the emergence of new means of production and distribution channels allows media democratization, only the provision of resources and instruments does not guarantee that boys and girls do influence the journalistic production (BUCKINGHAM, 2009). In this sense, the paper analyzed the correspondence received by the magazine Ciência Hoje das Crianças, from July 2013 to June 2014. It was noticed that the children, either voluntarily or stimulated by teachers, see the space of letters as a platform through which they can intervene in the editorial offer of the publication, but in a reinforcing way, that is, asking for more than they already see and appreciate.
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