Este trabalho apresenta análises e percepções iniciais sobre formas criativas e feministas de resistência ao capitalismo, produzidas por coletivos de mulheres artistas na contemporaneidade. A emergência de coletivos de arte ativistas – a maioria formada por mulheres e por pessoas LGBTQIA+ – evidencia novos modos de resistência e de existência na sociedade capitalista; se eles surgem como reação à ideologia dominante e à onda de regimes autoritários, eles também aparecem apesar do capitalismo e dos fascismos contemporâneos, figurando como espaços de aparição, nos termos de Butler (2012). Processo criativo e atuação política se entrelaçam nas obras, práticas e reflexões produzidas nestes coletivos, nos revelando uma sensibilidade artística intrinsecamente vinculada aos afetos, mostrando que as emoções têm uma importância na política. Interessa-me perceber como os afetos são mobilizados na prática ativista e como a atuação dos coletivos pode apontar caminhos para a transformação social.
Por uma teoria feminista radical e libertadoraFor a Radical and Liberating Feminist Theory Por una teoría feminista radical y liberadora Teoria feminista: da margem ao centro foi escrito por Bell Hooks em 1984, porém traduzido e publicado no Brasil apenas em 2019. A obra faz a crítica do feminismo branco burguês, trazendo para o debate feminista a discussão interseccional, atravessada pelas questões de classe, raça, gênero e sexualidade. A autora nos revela que o livro emerge da necessidade de criar uma teoria voltada para as populações empobrecidas e subalternizadas, uma teoria feminista radical que abarcasse a experiência das mulheres negras e das não brancas empobrecidas.Bell Hooks, escritora, professora e ativista estadunidense, é considerada uma das mais importantes intelectuais da atualidade, publicou mais de trinta livros, vários deles traduzidos recentemente para o português. Por meio de uma linguagem acessível, a autora aborda temas profundos, expressando um pensamento complexo, que recusa binarismos e não cabe em formulações simplistas.No início dos anos 1980, Bell Hooks acede à prestigiada Universidade de Yale como docente de Estudos Afro-Americanos, e no mesmo período publica Teoria feminista: da margem ao centro, na qual denuncia como o feminismo criado pelas mulheres brancas, ao insistir na tese de opressão comum, acaba por fechar os olhos para a injustiça social sofrida pelas mulheres negras. Ao enfocar os dramas vividos pelas esposas brancas privilegiadas, o movimento feminista se utilizou da ideia de opressão comum para promover liberdade individual a um seleto grupo de mulheres, que estava mais preocupado em defender seus interesses de classe do que em promover justiça social, argumenta a autora.Ao narrar sua experiência na academia e no movimento feminista, Bell Hooks (2019) apresenta relatos impactantes do modo como ela própria e outras mulheres negras eram tratadas nestes espaços, supostamente inclusivos. Ela evidencia a condescendência das mulheres brancas que apenas valorizavam o conhecimento das negras como relatos pessoais de experiência, mostrando pouco interesse e, não raro, desprezo pelas perspectivas teóricas
O presente trabalho resulta da pesquisa de campo realizada na instituição terapêutica Mulheres que Amam Demais e se propõe a refletir sobre os paradoxos e as singularidades em discursos no contexto mada. A falas das frequentadoras da instituição nos conduzem às experiências de sofrimento e superação vivenciadas por essas mulheres e também nos informam sobre a dinâmica de tratamento da mada. O recorte de gênero da mada e seu potencial terapêutico são aqui problematizados no sentido de perceber como, por um lado, o discurso institucional, com seus regimes de verdade, produz sujeitos que amam demais e, por outro, abre espaço para a emergência de outros discursos, que expressam as singularidades dos sujeitos em questão.
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