Após 10 anos da política de cotas das universidades federais brasileiras e apesar da sua relevância para o combate à histórica desigualdade social no acesso ao ensino superior de qualidade, pesquisas sobre a vida profissional e pessoal dos egressos cotistas são ainda escassas na literatura. Diante desse problema, o objetivo geral dessa tese foi verificar em que medida a política de cotas das universidades federais brasileiras contribui para a promoção da mobilidade social e melhoria de vida pessoal, familiar e comunitária dos egressos cotistas considerando simultaneamente um conjunto de possíveis barreiras condicionantes no mercado de trabalho para essa mobilidade social e melhoria de vida. Nossa pesquisa compreendeu tanto os egressos cotistas como os não cotistas para termos uma avaliação dos efeitos da política de cotas sobre seus grupos de controle e tratamento. Para tanto, utilizamos uma abordagem mista dos dados. Na parte quantitativa, aplicamos um questionário eletrônico, que foi respondido por uma expressiva amostra de 11.458 egressos, de 248 cursos de graduação, de todas as áreas do conhecimento, de 18 universidades federais e das cinco regiões do Brasil. Para a análise dos dados quantitativos, utilizamos os métodos Teste t de Student, Teste de Qui-Quadrado e Regressão Logística Multinomial. Na parte qualitativa, realizamos 10 Grupos Focais com 34 egressos, de diferentes cursos dentre as 18 universidades federais participantes da pesquisa. Para a análise dos dados qualitativos, utilizamos o método Análise de Conteúdo. Os resultados sugerem que a política de cotas promove a mobilidade social dos egressos cotistas, pois eles obtêm uma boa inserção no mercado de trabalho, trabalhando em cargos/empregos qualificados e recebendo boas remunerações, o que pode interromper o ciclo geracional de pobreza em suas famílias. Os resultados revelam a importância da política de cotas das universidades federais para inclusão sociocultural e socioeconômica dos egressos cotistas, justificando a sua continuidade e existência. Vindo de uma origem familiar desprivilegiada e crescendo em um meio social constantemente degradado, onde as oportunidades e perspectivas educacionais, culturais e profissionais são limitadas, os egressos cotistas parecem diminuir o peso negativo dessas barreiras sociais através do diploma universitário. Os resultados sugerem que os benefícios econômicos e não econômicos proporcionados pelo ensino superior são consideravelmente mais impactantes para os egressos cotistas em relação aos não cotistas. Porém, os resultados sugerem que características sociodemográficas (como gênero e cor/raça) e institucionais (como tipo e prestígio do curso realizado e regiões de localização da universidade) dos egressos ainda parecem impactar significativa e diferentemente os ganhos dos egressos no mercado de trabalho. Logo, nossos resultados sugerem que o entrelaçamento do machismo, do racismo, do clientelismo e da desigualdade social ainda gera desigualdade de ganhos no mercado de trabalho entre os egressos das universidades federais brasileiras. Palavras-chave: Cotas. Ação afirmativa. Ensino superior. Estudantes. Mercado de trabalho.
O discurso da inovação tem se ampliado para diferentes esferas da vida em sociedade etem sido cada vez mais pautado no setor público por meio de espaços denominados “laboratóriosde inovação” (i-Labs). O objetivo deste artigo é caracterizá-los sob a ótica de sua proximidade com agências internacionais. Este estudo parte de uma revisão de narrativas com base em evidências extraídas de fontes documentais e bibliográficas, resultantes de pesquisas teóricas e empíricas. Os resultados revelam que existem dois tipos de i-Labs, os organizacionais e os sociais. A caracterização apresentada possibilitou situar e entender a aproximação das agências internacionais com quatro i-Labs existentes em países ibero-americanos, o que pode subsidiar a tomada de decisão de gestores públicos e analistas de políticas públicas sobre que tipo de i-Lab adotar. Constatou-se aproximação conceitual dos tipos de i-Labs com as agências internacionais, o que pode influenciar os agentes e/ou servidores públicos no momento da escolha e/ou da busca de apoio interinstitucional na implementação desse tipo de espaço no setor público.
O objetivo deste artigo é verificar a presença da Pós-Nova Gestão Pública (Pós-NGP) na gestão educacional pública brasileira, um setor historicamente caracterizado por problemas crônicos e estruturais. Analisa-se o planejamento estratégico da educação profissional por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) de quatro Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifets). Utilizou-se como métodos um checklist, uma análise textual e uma investigação interpretativa para associar os objetivos definidos no planejamento estratégico dos Ifets com as tendências da Pós-NGP. Os resultados sugerem a presença da Pós-NGP na gestão educacional brasileira, indicando a emergência do fenômeno. No entanto, a percebida ausência de um plano prático de implementação dos objetivos estratégicos pode ameaçar a institucionalização dos pressupostos da Pós-NGP.
Este ensaio teve como objetivo refletir sobre como o Programa Sócio Torcedor, instrumento de obtenção de receitas utilizado por muitos clubes de futebol, tem potencial para segregar socialmente os espaços dos estádios de futebol ao estabelecer preferências para alguns torcedores em detrimento dos demais. No Brasil, essa segregação pode ser ainda mais impactante do que em outros contextos em virtude da forte desigualdade socioeconômica existente no país. Percebeu-se que o processo de modernização do futebol implicou em diversas mudanças nesse meio, desde alterações estruturais nos estádios à mercantilização e elitização desse esporte, que passou a ser acessado principalmente por pessoas com maior renda, alterando os sentidos e as formas de se torcer. A literatura acerca desse tema visualiza o Programa Sócio Torcedor como um relevante instrumento de marketing esportivo, mas também é possível perceber movimentos de resistência por parte de torcedores no Brasil e no mundo. Este ensaio chama a atenção de gestores atuantes no futebol para que considerem a elitização do esporte gerada pela utilização desse instrumento, tendo em vista que o futebol é um dos elementos mais marcantes da cultura brasileira.
O Programa Conta pra Mim faz parte da Política Nacional de Alfabetização e tem por finalidade a superação da situação de vulnerabilidade social através da alfabetização. Ele se apoia em evidências da literacia familiar como facilitadora da aprendizagem e da alfabetização de crianças a partir da interação entre pais e filhos durante a leitura dialogada. Pelo seu caráter recente, pouco se sabe sobre o Programa Conta pra Mim e como ele alcançará as camadas menos favorecidas da população brasileira. Diante dessa lacuna no conhecimento, o objetivo do artigo foi fazer uma avaliação do Programa e oferecer um modelo lógico que possa auxiliar práticos na sua gestão e desenvolvimento. Por meio de uma análise documental, os resultados encontrados sugerem que a configuração atual do Programa Conta pra Mim atende mais aos contextos de vida das classes mais escolarizadas da população, já habituadas à leitura. O Programa parece não contemplar a complexa realidade das famílias menos favorecidas, intelectual e economicamente, justamente o público-alvo que mais necessita de intervenções sociais.
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