Programa Sócio Torcedor e a segregação social dos espaços nos estádios de futebol

Abstract

Este ensaio teve como objetivo refletir sobre como o Programa Sócio Torcedor, instrumento de obtenção de receitas utilizado por muitos clubes de futebol, tem potencial para segregar socialmente os espaços dos estádios de futebol ao estabelecer preferências para alguns torcedores em detrimento dos demais. No Brasil, essa segregação pode ser ainda mais impactante do que em outros contextos em virtude da forte desigualdade socioeconômica existente no país. Percebeu-se que o processo de modernização do futebol implicou em diversas mudanças nesse meio, desde alterações estruturais nos estádios à mercantilização e elitização desse esporte, que passou a ser acessado principalmente por pessoas com maior renda, alterando os sentidos e as formas de se torcer. A literatura acerca desse tema visualiza o Programa Sócio Torcedor como um relevante instrumento de marketing esportivo, mas também é possível perceber movimentos de resistência por parte de torcedores no Brasil e no mundo. Este ensaio chama a atenção de gestores atuantes no futebol para que considerem a elitização do esporte gerada pela utilização desse instrumento, tendo em vista que o futebol é um dos elementos mais marcantes da cultura brasileira.

Turismo em estádios: impactos e legados das arenas esportivas multifuncionais como atrativo de lazer e turismo

“…As previsões eram também otimistas, comparando o crescimento com ou sem a realização de tal megaevento esportivo, conforme se mostra no gráfico 2 a seguir. Gráfico 2 -Estimativa de Chegada de Turistas Internacionais em milhões Fonte: Ernest & Young (2010)Tanto as estimativas da iniciativa privada quanto dos órgãos públicos brasileiros não se concretizaram, conforme apurado no site de monitoramento do PNT(Brasil, [2] Para melhor compreensão do termo utilizado, sugere-se leitura dos artigos de Almeida(2009),Oliveira et al (2017 e Uvinha et al. (2018.…”

“…Dentro desse grupo, apenas 1,6% tiveram como principal fator motivacional os esportes. Tais números são alterados apenas em anos com megaeventos esportivos, como na Copa do Mundo FIFA (25% como motivação da visita no esporte) e Olimpíadas (3% como motivação da visita no esporte).Turismo Esportivo e sua diversidade: um enfoque sobre a modalidade futebol No Brasil, apesar da escassa literatura acerca do turismo de futebol, damos destaque ao trabalho de Paz(2009) que despertou discussões sobre essa temática em sua tese de doutorado temática ao futebol como patrimônio cultural e turístico.Ainda no cenário nacional, Reis(2017) enfatiza, em sua pesquisa, os legados de megaeventos esportivos. E alguns relevantes estudos ressaltam especificamente os estádios de futebol nas suas interfaces com o turismo e o lazer, entre eles: Pinheiro (2012) Johner e Cunha (2016), que refletem sobre o Beira-Rio e o Olímpico em Porto Alegre (RS); Drula (2015), que apresenta as transformações da Arena da Baixada em Curitiba (PR); Ferreira (2015) e Queiroz (2020), que abordam sobre o estádio do Mineirão em Belo Horizonte (MG); Romano (2018), que discute sobre a Arena Corinthians na cidade de São Paulo (SP) e Melo (2020), que trata sobre as questões do Maracanã.…”

“…O resultado dessa primeira interação, desponta o conceito do turismo esportivo como, categorizado em cinco áreas do Turismo Esportivo: Atrativos; Resorts; Cruzeiros; Tour/Passeios; Eventos; Impactos do Turismo Esportivo.A conceituação de Turismo Esportivo para Robinson eGammon (2004) como "participação passiva ou ativa em um evento esportivo competitivo" (p.23, tradução nossa), segmenta o conceito por meio de duas vertentes: a primeira diferencia o "Turismo Esportivo" do "Esporte Turístico", onde o TE refere-se aos turistas que planejam a visitação anteriormente a realização da viagem. A segunda segmentação, compete os termos de classificação "soft" e "hard", classificando-os pelo tamanho de sua organização, mídia e espectadores.Weed(2009) discorre que o TE busca robustez acadêmica quando identifica os marcadores, delimita o referencial teórico, possibilita a reprodutividade, possui clareza metodológica e publicada em revista científica confiável, a Journal of Sport & Tourism, com pesquisadores interessados na área. Entretanto, uma visão única do Turismo Esportivo tende a ser inalcançável, justificado na falta de reflexão, autocrítica, críticas externas e responsabilidade de aportar múltiplas perspectivas aos novos desafios.O quadro 1, apresenta as diferentes possibilidades de categorizar os conceitos de turismo esportivo, frisa-se duas importantes similaridades, a primeira referente a base conceitual utilizada nos trabalhos, usufruindo das categorias de Turismo Ativo Esportivo, Turismo de Eventos Esportivos e Turismo de Nostalgia.…”