O presente artigo tem como objetivo analisar as mortalidades por homicídio no Brasil a partir da formulação foucaultiana sobre biopolítica e do discurso contemporâneo de desprestígio dos direitos fundamentais. Para isso, aplicou-se como método, além da pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental. Os dados foram coletados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS, nos anos de 2007 a 2018. Os resultados evidenciam que os óbitos por homicídio, embora tenham sido menores em 2018, apresentam crescimento apenas para um determinado perfil de vítima. As taxas dessa modalidade de mortalidade atingem principalmente os homens negros e as mulheres negras (indivíduos historicamente discriminados). Pode-se auferir que o conservadorismo e o preconceito presentes no discurso contemporâneo dos direitos fundamentais naturaliza a cultura de violência contra grupos sociais vulneráveis. Portanto, percebe-se traços da biopolítica em Foucault, evidente na regulamentação do corpo da sociedade por meio do princípio do biopoder de “fazer viver, deixar morrer”.
A presente revisão de literatura visa contribuir com reflexões sobre capital social (BORDIEU) na perspectiva das classes populares (HOBSBAWN) e possíveis efeitos oriundos da carência da educação formal em espaços periféricos e, ao mesmo tempo, como essa educação é incapaz de fortalecer os laços ancestrais acerca do cuidado com a saúde. Na sequência, será trazida para consideração a leitura hermenêutica acerca da saúde, conforme proposta por GADAMER. A metodologia proposta, portanto, é de cunho revisional da bibliografia já produzida, acrescida de da observação da realidade social, notadamente no que diz respeito ao aprofundamento das desigualdades sociais e o desprestígio dos saberes tradicionais concernentes à arte de curar.
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