Resumo O objetivo deste ensaio é refletir sobre o papel da intervenção em saúde do trabalhador, seus objetos e modalidades no contexto atual, caracterizado pelas recém-promulgadas reforma trabalhista e lei da terceirização, por novas formas de gestão e por transformações nas tecnologias de produção e de serviços. A intervenção é concebida como processo para efetivação de mudanças nas situações de trabalho a fim de eliminar ou reduzir os agravos a elas relacionados e, ao mesmo tempo, aumentar o poder de agir individual e coletivo dos trabalhadores. Enfim, refletir sobre a intervenção remete também a indagar sobre o poder de agir da atuação profissional e da pesquisa no campo, assim como sobre o que se espera das instituições nas novas configurações do trabalho no Brasil.
Objetivo: analisar e discutir a contribuição da pesquisa e da prática da Ergonomia da Atividade para compreender os problemas de saúde dos servidores e para transformar o trabalho realizado nos serviços públicos no Brasil nos últimos 20 anos. Métodos: foi realizada análise a partir da pesquisa brasileira disponível na literatura científica. O critério adotado para escolha dos textos foi a utilização, como referencial metodológico, da análise ergonômica do trabalho. Resultados e discussão: as pesquisas mostram a importância do engajamento do trabalho nos serviços, o que contraria a imagem negativa, difundida socialmente, sobre os servidores, que seriam privilegiados e que ‘não trabalham’. Todavia, uma série de impedimentos ao engajamento individual e coletivo, de natureza organizacional, se apresenta, tornando-o inócuo e colocando em risco a saúde dos servidores, fator evidenciado pela Ergonomia da Atividade no Brasil. Discute-se a contradição dos novos métodos de gestão que afirmam buscar maior qualidade e eficiência, mas não enfrentam os critérios políticos para a nomeação de cargos, a falta de recursos e a baixa capacidade de atendimento. Conclusão: a Ergonomia da Atividade no Brasil evidenciou a associação entre possibilidade de prestar serviços públicos e a saúde dos trabalhadores públicos. Argumenta-se pela necessidade de sua integração no desenho das políticas públicas.
A prevenção aos agravos relacionados ao trabalho depende, sobretudo, da margem de ação de que dispõem, e às quais se dispõem, os atores sociais para agir sobre os determinantes das condições de trabalho, isto é, sobre os fatores que as produzem colocando em risco os trabalhadores (WOODING; LEVENSTEIN, 1999).
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