Esta descrição retrospectiva de um debate científico com quase 40 anos mostra a necessidade de uma trinca de novos indicadores de sustentabilidade capaz de avaliar simultaneamente resiliência ecossistêmica, qualidade de vida e desempenho econômico.
This retrospective description of a scientific debate with almost 40 years shows the necessity of a set of three new sustainability indicators able to simultaneously evaluate the resilience of ecosystems, quality of life and economic performance
IntroduçãoDEBATE SOBRE a superação da chamada "dicotomia urbano-rural" continua a opor, em seus extremos, a hipótese de completa urbanização, lançada pelo filósofo e sociólogo Henri Lefebvre (1970), à hipótese de um renascimento rural, contraposta pelo geógrafo e sociólogo Bernard Kayser (1972). Passados mais de trinta anos, será possível saber qual dessas duas hipóteses extremas está sendo confirmada pela atual fase do processo de globalização? Ou será necessário constatar que ambas são precárias e precisam fazer emergir outra, que se fundamente em evidências mais recentes, tanto sobre novas formas de urbanização, como sobre novas formas de valorização dos ecossistemas menos artificializados? Neste caso, quais seriam, então, as evidências disponíveis sobre as tendên-cias atuais de distribuição espacial das pressões antrópicas? O que elas sugerem sobre o(s) futuro(s) do chamado "mundo rural"? Quais serão seus destinos no processo de globalização?Pouco se sabe sobre os novos critérios que permitiriam descrever de forma mais adequada os diversos sistemas de assentamento humano e seus correspondentes graus de artificialização dos ecossistemas. Também não se percebe ainda quais serão os efeitos mais profundos da globalização na evolução das diferentes formas de pressão antrópica. Por isso, é duplo objetivo deste trabalho: clarificação teórica das principais questões envolvidas no debate sobre a superação da dicotomia urbano-rural e atualização das evidências empíricas sobre essas questões. Subproduto corolário é o esboço de uma hipótese sobre os mais prováveis destinos das áreas rurais na atual fase da globalização. A hipótese da completa urbanizaçãoLançada em 1970 pelo filósofo e sociólogo marxista francês Henri Lefebvre, a hipótese da completa urbanização se baseia numa definição: ele denomina sociedade urbana aquela que resulta da urbanização completa, "hoje virtual, amanhã real". A expressão é reservada à sociedade que nasce da industrialização. "Essas palavras designam, portanto, a sociedade constituída por esse processo que domina e absorve a produção agrícola" (Lefebvre, 1999, p. 15) O conceito de sociedade urbana é proposto para denominar "a sociedade pós-industrial, ou seja, aquela que nasce da industrialização e a sucede" (Lefebvre, 1990, p. 16). E por "revolução urbana", o autor designa o conjunto de transformações que a socie-
ESTE ARTIGO procura mostrar que Lefebvre (1970) e Kayser (1972, 1990) estavam errados sobre o destino da ruralidade. Evidências empíricas sobre o caso da Itália não confirmam as conjeturas extremas sobre "completa urbanização" ou "renascimento rural". E uma espécie de hermenêutica dessas duas hipóteses ajuda a fundamentar a terceira, que pretende superá-las.
A banalização do termo sustentabilidade provocou uma grande amnésia sobre suas origens, o que obscureceu o sentido histórico de sua legitimação como um novo valor. A lembrança proposta neste artigo das circunstâncias que motivaram a precedente emergência da expressão "desenvolvimento sustentável" indica que a superação do problema depende dos avanços da ciência e das humanidades sobre duas questões cruciais: cooperação e governança global.
This article proposes an aggiornamento of the “sustainable development” ideal. It addresses four controversial terms, which enable us to foresee that “sustainable development” will very likely become the first utopia of the Anthropocene epoch. Taking into account the Agenda 2030, if the decision criteria are based on the rhetoric of international relations, particularly as used within the framework of the United Nations, it can certainly be concluded that sustainable development has already become the great contemporary utopia. However, if global governance is used as the criterion, this may not be the case, since environmental governance institutions are not yet comparable to development governance institutions. Strictly speaking, there is no global governance of sustainability, unless this notion is restricted to environmental issues.
The ecological and evolutionary economics of Georgescu-Roegen. The main argument of this paper is that Georgescu-Roegen's contributions represent a major disruption with economics' pre-analytic vision. He rejected at the same time both the closed and circular view of the economy and the mechanic analogies that oriented economics in the past century. Even though his influence has been felt mainly in the field of ecological economics, his epistemological contributions represent a major challenge to equilibrium thinking. Nowadays, treating economic systems as complex and evolutionary systems is becoming not only acceptable, but also a trend in the way political economy is made. We defend that Georgescu-Roegen's disruption represents a scientific revolution in economics, in the sense attributed by Kuhn.
Observa-se, de maneira geral, o emprego cada vez mais freqüente da expressão “desenvolvimento territorial”ou, por vezes, “desenvolvimento espacial”. Tal tendência pode indicar uma revalorização da dimensão espacial daeconomia, mas pode, igualmente, refletir o hábito corrente de se acrescentar adjetivos ao substantivo“desenvolvimento”. A investigação aqui exposta permite avançar proposições que decorrem dos debates sobre astendências da diferenciação espacial cidade/campo, sobre a heterogeneidade espacial do dinamismo econômico esobre as iniciativas locais que podem ser cruciais para o desenvolvimento. Procura-se, dessa forma, estabelecer asprincipais relações desses debates com a evolução do “planejamento regional”.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.