Este artigo apresenta uma discussão acerca de como a implantação da Economia Doméstica no Brasil, por meio da Extensão Rural, mascarou ideologicamente sua naturalização do “lugar social da mulher” através da categoria família.
PALAVRAS-CHAVE: Economia Doméstica. Extensão Rural. Família. Mulheres
Esse estudo apresenta uma análise das três teses prevalentes nos trabalhos acadêmicos sobre a Economia Doméstica no Brasil, essa importante área de formação técnica e superior de origem estadunidense. Apresentando cada uma delas - a da centralidade da categoria gênero, a político-instrumental e a histórico-crítica - demonstra-se como as leituras históricas sobre a gênese e extinção do projeto educativo da Economia Doméstica são substancialmente alteradas em função dos seus elementos centrais. Nessa perspectiva, entende-se que a terceira tese avança na construção de uma abordagem histórica que resolve algumas das lacunas apresentadas, englobando as dimensões educativas da trajetória da Economia Doméstica nos EUA e no Brasil.
O objetivo desse trabalho foi destacar as principais contingências históricas da relação existente entre a Economia Doméstica e o Serviço Social. Baseado no materialismo histórico-dialético, desenvolveu uma pesquisa exploratória acerca da gênese dos dois campos no Brasil e no mundo. Foi possível perceber, nesse movimento, que ambos os campos tiveram origem no capitalismo concorrencial do século XIX, institucionalizando-se na era do capital monopolista. Historicamente a Economia Doméstica se manteve mais próxima as ciências agrárias e biológicas inclinando-se para as refrações da “questão social” de contexto rural, em detrimento do Serviço Social, orientado massivamente àquelas expressões ligadas ao contexto do proletariado urbano-industrial. Percebe-se ainda que a aproximação entre os dois campos ocorre após intensa crise de legitimidade da Economia Doméstica, fenômeno que culminaria em sua extinção, mas ainda coloca questões importantes sobre o desdobramento dessa relação para a formação e a prática dos assistentes sociais.
Esse trabalho objetivou demonstrar as principais questões teórico-metodológicas para o “trabalho social” na extensão rural. Dessa maneira, elaborou uma discussão conduzida pelo método materialista histórico-dialético, buscando pontuar segundo o campo empírico da extensão rural pública paranaense quais eram os principais elementos em torno da prática de Economistas Domésticos e Assistentes Sociais extensionistas. Pode-se concluir que, para a realidade analisada, predomina uma indefinição de papeis das distintas áreas de conhecimento/formação profissional, em função de um hibridismo dos modelos historicamente assumidos pela extensão rural, da baixa prevalência histórica desses profissionais nas agências de extensão e de questões pertinentes ao processo de formação histórico de cada profissão. Além disso, percebeu-se uma inversão na forma de organização do trabalho para a área, com predominância de ações pontuais em detrimento de planejamentos estruturados a partir dos fenômenos sociais identificados. O que se pode concluir, provisoriamente, é que os desafios teórico-metodológicos apresentados também precisam ser superados sob a ótica de entendimento dos objetos específicos de cada área/formação profissional compreendendo como se relacionam com os fenômenos apresentados como prioritários para a intervenção da prática extensionista.
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