ResumoTalvez um dos grupos sociais que atualmente mais causem repulsa, medo, ódio e, ao mesmo tempo, curiosidade, espanto e desejo seja o das pessoas que transitam entre os JORGE LEITE JUNIOR 560 Estudos Feministas, Florianópolis, 20(2): 559-568, maio-agosto/2012 gêneros e/ou sexos. Herdeiro de um imaginário tão antigo quanto persistente que mescla discursos vindos da religião à criminologia, da medicina à política, o discurso da monstruosidade, com toda sua imprecisão conceitual, parece ser um dos elementos organizadores desta discussão. Assim, o objetivo deste artigo é discutir a categoria "monstro" e sua íntima relação com a patologização e/ou criminalização de determinadas pessoas vistas como 'desviantes sexuais', em especial travestis, transexuais e intersexuais.O abjeto: categoria, além das categorias ou adjetivo? O abjeto: categoria, além das categorias ou adjetivo? O abjeto: categoria, além das categorias ou adjetivo? O abjeto: categoria, além das categorias ou adjetivo? O abjeto: categoria, além das categorias ou adjetivo?Nos últimos anos, em vários trabalhos científicos sobre sexualidade na área das ciências humanas, o termo "abjeto" tem sido bastante utilizado, especialmente no Brasil. Inspirada nos textos da filósofa norte-americana Judith Butler, que, por sua vez, retirou a noção de abjeto do livro The Powers of Horror, da psicanalista e filósofa búlgaro-francesa Julia Kristeva, essa palavra tem sido comumente empregada como um adjetivo, sinônimo de algo repulsivo, repugnante, desprezível, vil, que inspira horror. Em seus escritos, Butler usa com parcimônia a noção de abjeto, mas se pode seguir uma linha constante em suas análises: o abjeto é o que, na constituição do sujeito socialmente inteligível, é colocado 'de fora' desse sujeito, tornando-se seu exterior constitutivo.Em Gender Trouble, de 1990, em sua breve discussão sobre o abjeto, referindo-se ao livro de Kristeva, Butler afirma:O "abjeto" designa aquilo que foi expelido do corpo, descartado como excremento, tornado literalmente "Outro". Parece uma expulsão de elementos estranhos, mas é precisamente através dessa expulsão que o estranho se estabelece. A construção do "não eu" como abjeto estabelece as fronteiras do corpo, que são também os primeiros contornos do sujeito. 1Em Bodies that Matter (1993), em nota de rodapé, explica:A abjeção (em latim, ab-jectio) implica literalmente a ação de jogar fora, descartar, excluir e, portanto, supõe e produz um terreno de ação desde o qual se estabelece a diferença. [...] Enquanto a noção psicanalítica de Verwerfung traduzida como "forclusão" produz a socialidade através do repúdio de um significante primário que produz um inconsciente ou, na teoria lacaniana, o registro de real, a noção de abjeção designa uma condição degradada ou excluída dentro dos termos da socialidade. [...] O que sustento é que, dentro da socialidade, existem certas zonas abjetas que também sugerem esta ameaça e que constituem zonas inabitáveis que o sujeito, em sua fantasia, supõe ameaçadoras para sua própria integridade, poi...
Ao estudar pessoas que transitam entre os gêneros, mais especificamente travestis, transexuais e drags, um dilema se apresenta a quem escreve sobre este tema: como falar sobre mudanças em corpos, gêne-ros e uma infinidade de outros marcadores sociais de diferenças se a própria escrita já é uma maneira datada de engessar aquilo que tem como característica principal a fluidez? Estranho paradoxo o da ciên-cia em geral e o das pesquisas sobre as vivências trans em particular: encontrar o constante no território do transitório, analisar aquilo que "é", ainda que momentaneamente, dentro do universo do "vir a ser".Pois é justamente neste delicado campo que reside a originalidade do livro de Tiago Duque: Montagens e desmontagens -desejo, estigma e vergonha entre travestis adolescentes, recém-publicado pela editora Annablume. O autor, doutorando em ciências sociais, educador e militante dos direitos humanos, através de sua aguçada percepção, adquirida em muitos anos de amizade e trabalho com a população estudada, consegue apresentar ao leitor um dos elementos mais importantes (e difíceis de captar) nas pesquisas sobre travestis feitas no Brasil: as transformações que estão ocorrendo neste grupo e que podem apontar para uma mudança maior na vivência da travestilidade.Para isso, Duque não trabalha com a ideia de um ser "travesSexualidad, Salud y Sociedad
O objetivo deste artigo é discutir como a pornografia, em especial a pornografia envolvendo pessoas que transitam entre os sexos/gêneros, lida com uma das questões mais características das ciências sociais: a tensão entre as categorias científicas, concepções nativas e classificações mercadológicas. No cada vez mais saturado e competitivo mercado mundializado da pornografia, a difusa fronteira entre a universalidade científica e a regionalidade nativa mostra-se como um vasto território a ser colonizado pela lógica da indústria pornô.
Abstract. The difficulties in learning programming and the masculinization of the computing area, are recurrent themes in the researches of this area. This paper exposes a study case which was executed with female students from public schools and incoming students for a technician course in information Technology. This initiative intends to approximate specific knowladges of computing from the students' daily life, through activities supported by Hour of Code and App inventor and Unplugged Science methodology. It will be presented the target audience, the methodological steps, a synthesis of the activities and the results, starting from the experiences of the students and the executor team of the project.Resumo. As dificuldades na aprendizagem de programação e a masculinização da área da Computação são temas recorrentes em trabalhos da área. Este trabalho apresenta um estudo de caso realizado com estudantes do sexo feminino de escolas públicas e ingressantes de um curso técnico em Informática. Esta iniciativa objetiva mediar a construção de diálogos entre os conhecimentos específicos de Computação e o cotidiano dos estudantes, por intermédio de atividades apoiadas nos ambientes Hora do Código e App Inventor e na metodologia da Computação Desplugada. Serão apresentados público-alvo, etapas metodológicas, uma síntese das atividades e resultados, a partir das vivências dos estudantes e da equipe executora do projeto. IntroduçãoNo atual contexto da sociedade, as novas tecnologias de comunicação e informação (NTIC) são fundamentais ao desenvolvimento de novas ideias, práticas e metodologias. Compreender as possibilidades de utilização dos recursos tecnológicos torna-se de extrema importância. Para Pinto (2004), "nota-se, nos últimos anos em especial, mudanças em vários setores da sociedade impulsionadas pelo desenvolvimento da tecnologia" [PINTO, 2004]. Nesta perspectiva, a escola, enquanto espaço formador do sujeito, necessita acompanhar as mudanças da sociedade, reestruturando os métodos de ensino e propiciando a aquisição e desenvolvimento de novos saberes relacionados aos processos de ensino e aprendizagem, por intermédio dos avanços tecnológicos.
A figura do hermafrodita ou andrógino foi fundamental para todo o discurso médico-moral-espiritual sobre sexo e gênero em nossa cultura, desde a Antiguidade até o século XVIII. Com a mudança epistemológica que ocorre a partir do século XVI, o antigo hermafrodita, associado ao mundo mágico e religioso, perde seu lugar nas classificações modernas. A partir do século XIX nasce uma nova entidade conceitual no Ocidente: o pseudo-hermafrodita da medicina, não mais "maravilha" da natureza, mas um erro desta; filho do racionalismo iluminista e do positivismo, vindo a tornar-se o pai - e mãe - das futuras identidades transgêneras.
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