Resumo Passado um ano da “chegada” do novo coronavírus no Brasil, apesar dos números de infecção não apresentarem declínio, iniciou-se um processo de retomada das atividades e adaptação ao “novo normal”. É o objetivo deste artigo mostrar como uma epidemia é construída enquanto uma emergência sanitária, quais os marcadores de sua temporalidade e, principalmente, como ela se produz em um processo de obliteração e externalização de fatores que muitas vezes são inerentes aos seus efeitos. Para tanto, recuperamos a trajetória de duas experiências “epidêmicas” anteriores, vivenciadas em território brasileiro, a fome e o Zika vírus. Mostraremos, a partir dessa comparação, que a epidemia de Covid-19 deve ser entendida levando em consideração que sua trajetória é produzida conjuntamente com outras experiências de saúde e doença. Se os significados do “novo normal” estão sendo disputados, é importante trazer à luz os processos que reproduzem cotidianamente o “normal de novo”.
O objetivo desse texto é discutir a generificação das tecnologias de saúde pública, a agulha bifurcada e a vacina liofilizada, utilizadas na Campanha de Erradicação da Varíola. Ao mesmo tempo, lança-se mão da análise da trajetória profissional da enfermeira e educadora sanitária paulista, Geraldina Passeri, de modo a compreender como o gênero moldava as performances profissionais e o fazer burocrático e operacional de uma ação de saúde. O argumento sustentado ao longo do artigo é que mesmo os processos de gestão e execução de políticas de saúde, assim como das técnicas e tecnologias utilizadas, não estão isentos de significados de masculinidade e feminilidade.
El objetivo de este artículo es comprender las acciones para combatir la viruela en Brasil, en el marco de la Campaña de Erradicación de la Viruela, que tuvo lugar en las décadas de 1960 y 1970. Se intenta argumentar que, además de la aguja bifurcada y de la vacuna liofilizada, la vigilancia epidemiológica –a partir de la construcción de instrumentos y protocolos de vigilancia en salud– fue el tercer elemento clave que garantizó la erradicación de la enfermedad. La hipótesis que se pretende sustentar es que las acciones de control y erradicación de la viruela contribuyeron a la construcción de nuevas instituciones de salud en el interior de Brasil. Como un ejercicio de análisis sociohistórico, la investigación se basó en fuentes documentales (informes, boletines y legislaciones), en entrevistas con profesionales directamente involucrados con la erradicación de la viruela y en parte de la producción intelectual de estos respecto del tema.
O objetivo artigo é colocar sob escrutínio antropológico a vigilância epidemiológica e seu boletim epidemiológico, entende-os enquanto tecnologias no sentido foucaultiano. Inscritos na lógica do biopoder, tais instrumentos seriam tecnologias de gestão da vida e da morte e, no contexto epidêmico, não devem ser lidos como um amontoado de dados, mas antes, como tecnologias discursivas produtora de sentidos sanitários, científicos, sociais e morais. Para tanto, lança-se mão das contribuições da antropologia e história da saúde, da ciência e das práticas de Estado com o objetivo de entender a vigilância epidemiológica do COVID-19 em toda sua complexidade.
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