Resumo Neste artigo trazemos algumas discussões apresentadas na dissertação “Retomada Mbya-Guarani no Yvyrupá: produção de subjetividade, agenciamentos e criação de estratégias de luta”, que teve como objetivo pesquisar processos de subjetivação, produção de composições e estratégias de enfrentamento/resistência em meio ao movimento dos indígenas Myba-Guarani de retomada de área em Maquiné-RS, Brasil. Entendeu-se que, para tanto, o método da cartografia se mostrava interessante, pois propicia traçar os percursos dos atores sociais no terreno da experiência. A partir de análise de materiais como diários de campo, fotos produzidas por indígenas e postadas em um grupo de WhatsApp que agregava apoiadores, audiovisuais de divulgação veiculados na internet, abordamos aqui, um dos pontos desenvolvidos na dissertação: o espaço sociocosmológico Mbya que se atualizou naquela região – a tekoá Ka’aguy Porã – entendendo-o como espaço ancestral (retomado na Retomada) para a efetuação do modo de vida – o tekó – Mbya-Guarani. Buscamos traçar aproximações, articulações e torções conceituais para pensar a produção de subjetividade deste povo indígena. Ao final, tecemos considerações sobre o que entendemos ser potentes aberturas e contribuições para a Psicologia Social, assim como para as ciências sociais e para a pesquisa com povos indígenas.
A presença dos povos indígenas na região metropolitana de Porto Alegre e suas lutas para manterem as práticas ancestrais de seus modos de existência, têm contribuído para que o “céu de Porto Alegre” não caia. Estes povos têm experimentado grandes tensionamentos decorrentes das disputas de seus territórios em razão da especulação imobiliária e da extração mineral de carvão, que os colocam no centro dos acontecimentos. Tais situações tendem a agravar ainda mais a degradação ambiental e a qualidade de vida na região. O narrador e a narração, como Walter Benjamim apontou, poderiam, em determinados momentos históricos, abrir as brechas para que a perspectiva dos vencidos de outrora possam emergir e recontar as suas histórias. Neste sentido, o encontro de dois pesquisadores com os povos indígenas Mbya-Guarani e a produção literária de indígenas como Davi Kopenawa e Ailton Krenak compõem a criação desta narrativa.
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