Tatiana Aparecida Picosque O terceiro número da revista Desassossego inclui um dossiê sobre literatura portuguesa contemporânea, organizado em torno de artigos que abordam temas e autores da segunda metade do século XX em diante. A multiplicidade da cultura e da arte envolve, no caso da produção desse período, todos os matizes do construto textual, todas as vozes de gêneros dissonantes, todos os contraditórios sentimentos gerados por análises críticas, enfim, tudo o que desassossega estudiosos e curiosos desse universo por onde circula a revista, que é a internet. Afinal, "o centro está em todos os lugares e a circunferência em nenhum". No entanto, em face do caráter plural deste dossiê, um percurso possível, entre os oito artigos, poderia iniciar com o texto de Cláudio Alexandre Barros Teixeira, "Vanguarda poética
Ao apoio financeiro e acadêmico da FAPESP, imprescindível para a realização da pesquisa. À orientação da professora Mônica Muniz de Souza Simas, que, com generosidade e paciência, me ensinou a estar perto dos poemas de Eugénio de Andrade. Agradeço por todas as longas conversas, nas quais tanto aprendi sobre o trabalho, sobre poesia, sobre o ofício de professora, sobre a vida. Às professoras Paola Poma e Annie Gisele Fernandes, que participaram do exame de qualificação, acolhendo o trabalho com carinho e atenção. Agradeço pelos caminhos abertos. Ao meu pai e a todas as tardes que estivemos juntos até hoje, principalmente aquela em que me apresentou alguns poemas de Eugénio de Andrade. À minha mãe, que me ensinou praticamente tudo. Agradeço a revisão do texto e o sorriso esculpido de Eugénio de Andrade. Ao Daniel Bonomo, pelo amor, pelo incentivo, pelas conversas. À alegria de minha irmã Júlia, do meu sobrinho Pedro e de meu cunhado Felipe. À Felícia Hahne, e a todos os poemas que lemos juntas, no papel e nas coisas da vida. Ao companheirismo e incentivo de Ana Cândida e Andrei, sem os quais eu talvez não teria começado a pesquisa. Às conversas amigas e às contribuições essenciais de Giovanna Gobbi e Mari Bolfarine. Aos meus sogros e à Gabi Bonomo, pelo constante apoio. Aos amigos Alê, Pedro, Caru, Helano e Fabi, pela convivência e proximidade nesses anos de pesquisa.
Sob regime violento e autoritário, a poesia de Eugénio de Andrade se escreve, em As palavras interditas (1950-1951), pela negativa e pela ausência, referindo-se a tudo aquilo que não pode ser dito em um Portugal debaixo de forte censura e repressão. Sua poesia aponta para um cenário devastado, fragmentado, despido de humanidade. Sem levantar bandeiras políticas, demonstra a necessidade de ação por meio da expressão do amor, tornado cada vez mais improvável no contexto totalitário em que os afetos são controlados e as relações sociais rigorosamente dirigidas. Assim, pelo avesso, pelo silêncio e pelos caminhos instáveis do não dito, a poesia eugeniana se empenha em dizer um amor proibido. Em nossa análise, pretendemos acompanhar alguns dos principais poemas do livro, como o poema de abertura e aqueles organizados ao redor de signos recorrentes como o do "navio", que, sem direção, flutua e corta o ambiente noturno da cidade.
A identificação do eu-empírico com o eu-poético caracteriza o gênero lírico, e a tensão entre ambos na poesia esteve desde sempre presente. Na poesia moderna nota-se constantemente este conflito localizado no afastamento entre essas duas instâncias do indivíduo. Atribui-se o caso, sobretudo, ao questionamento do eu diante da crise do sujeito institucional no período moderno. Nosso artigo propõe uma comparação entre poemas de dois expoentes da literatura moderna portuguesa, Fernando Pessoa e Eugénio de Andrade, com o objetivo de verificar as manifestações dessa questão, muitas vezes denominada "despersonalização da poesia" ou "apagamento da subjetividade". Através de breve recorte, procuramos observar as diferentes soluções dadas por esses autores para as contradições latentes entre o problema da autoria e suas relações com a obra e o mundo.
O texto relata a experiência em torno de uma sequência didática desenvolvida no curso de inglês do 1º ano do Ensino Médio (designação brasileira equivalente ao ensino secundário em Portugal) durante o período de ensino remoto emergencial em 2020. Com o enfoque nos estudos dos gêneros textuais, sobretudo aqueles ligados à transmissão de informações pessoais, como é o caso do “perfil pessoal”[1], o curso propôs a análise e a produção de imagens acompanhadas de textos/áudios sobre o cotidiano da quarentena, estabelecendo-se relações entre a composição da imagem, a representação do espaço e a expressão da subjetividade. Além da perspectiva multimodal, em que fazemos o uso de tecnologias de apoio, como de edição de áudio e imagem, e publicação em murais on-line (Padlet), a sequência didática objetivou a troca de experiências entre os alunos, oferecendo-lhes a possibilidade de conexão humana durante o isolamento, além de propiciar uma oportunidade para pensarem criticamente a linguagem e mobilizarem as habilidades linguísticas aprendidas durante o curso. O relato pretende, portanto, acompanhar o entrecruzamento de duas abordagens: uma de caráter reflexivo, ligada aos processos de espacialização, subjetivação e à noção de discurso, e outra mais pragmática, relacionada aos estudos dos gêneros textuais e ao multiletramento no ensino de línguas.
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