Apresento um exercício de análise cultural, a partir da frase "Que bicho é esse?" - do livro paradidático infantil (Lopes, 2000) para se referir a "sexo" e "sexualidade". Problematizo as potencialidades reflexivas da Educação Sexual tendo como referência a "Pedagogia dos Monstros" (Cohen, 2000) e a "desconstrução" como método analítico, articulando-as com teorizações nos campos dos Estudos Culturais e Feministas, sob a perspectiva pós-estruturalista de análise. Na Escola "os sexos", "as sexualidades" e "os gêneros" podem ser pensados como "monstros curriculares", assim como todo assunto marcado pela polêmica, pela provisoriedade, pela normalização. Como fenômeno metafórico cultural "os monstros" subordinam-se aos padrões hegemônicos da cultura normativa ao mesmo tempo em que resistem a eles. Essa resistência permite que, na Educação Sexual, os processos constituintes da normalidade e da desigualdade possam ser permanentemente postos em questão.
Neste artigo problematizo processos de produção das diferenças sexuais a partir de coleções de livros paradidáticos relativos à Educação Sexual. Tenho como referenciais os Estudos Culturais e os Estudos Feministas, articulados com a perspectiva pós-estruturalista de análise. Discuto significados conferidos à homossexualidade, procurando apontar caminhos para refletir: como, didaticamente, na Escola, é possível desconstruir e construir, positivamente, essa identidade sexual e de gênero? Respeitar a diversidade é promover a inclusão curricular? Questiono "representações" sexuais e busco ensaiar modos de "desconstrução" de seus significados, especialmente aqueles acerca dos tipos de sujeitos que estabelecem relacionamentos sexuais e afetivos com pessoas do mesmo sexo. O procedimento desconstrutivo poderá sugerir formas de operar a prática pedagógica da Educação Sexual, em qualquer nível de ensino.
Resumo:Hoje, no contexto da escolarização brasileira, é possível encontrar espaço no currículo para a Educação Sexual? Em que medida a sociedade contemporânea criou (e cria) demandas que favorecem a inclusão curricular de temáticas como a sexualidade, o gênero, as políticas identitárias? O que este contexto histórico e essa demanda têm a dizer aos cursos de formação de educadores(as)? Defendo o pressuposto de que a última metade do século XX foi determinante na discussão na inclusão da Educação Sexual nos âmbitos social e educacional, no Brasil. Segundo Michel Foucault, múltiplos discursos participam na construção dos saberes sociais acerca das sexualidades e dos gêneros. Esses discursos se articulam por "descontinuidades históricas" nos processos que definem as representações acerca dos sujeitos e de suas identidades culturais. Apresento um mapeamento histórico de demandas de ordem política, cultural, midiática, pedagógica, estética econômica que parecem apontar para as possibilidades temáticas e didático-metodológicas que um currículo da Educação Sexual pode assumir nos dias de hoje, em qualquer nível do ensino. Palavras-chave: Educação Sexual Educadores -Formação.
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