O objetivo deste trabalho é analisar como se configura a ação dos discursos “demonizadores” construídos pela Igreja Católica em relação ao Programa Bolsa Família (PBF) na região semiárida da Paraíba. A metodologia é qualitativa, examinando-se discursos produzidos por representantes da Igreja Católica. Encontrou-se elementos de desqualificação e condenação ao mesmo tempo em que exaltam o tradicional mecanismo de assistencialismo católico – enunciado em torno do discurso da caridade. A perspectiva teórica adotada se inspira em Simmel ([1905]1998); Singer (2012; 2016) e Bello (2016). Dentre as conclusões destacamos: a) a articulação de um discurso avaliativo do PBF com efeitos negativos construídos por um ideário neoliberal, da caridade e de um assistencialismo reinventado; e b) a proposta de maior racionalização burocrática no processo de cadastramento e recadastramento das famílias a serem beneficiadas com o referido programa.
Nosso objetivo principal neste artigo é o de analisar a implementação das tecnologias de cisternas de placas na região semiárida da Paraíba, com foco no Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), discutindo em que medida o mesmo contribuiu para a sustentabilidade hídrica para as comunidades rurais atingidas. Nosso objeto empírico foi o município de Catolé do Rocha-PB, sendo feita entrevistas com beneficiários e coordenadores do programa analisado. Com base no observado, as principais conclusões são as a seguintes: a) a proposta de implantação das cisternas pela ASA implica um alto custo econômico para os ‘beneficiários’; b) o programa produz e reproduz as relações do clientelismo político, as quais são (re)significadas; c) o P1MC representa uma estratégia ineficiente no que tange à melhoria do acesso e uso à água na região estudada, sendo a substituição da indústria do carro-pipa por uma política de cunho universalista ainda é algo distante de ser materializado; e, por fim, d) o P1MC contribui para reforçar a ideologia da naturalização da ‘escassez’ de água na região Nordeste, sendo seu custo social invisível aos beneficiários do programa.
O objetivo deste artigo é analisar os principais processos de degradação socioambiental desencadeados a partir da implementação do Perímetro Irrigado de São Gonçalo (PISG), ocorridos no início da década de 1970, no município de Sousa – Paraíba. Desde o referido período, algumas atividades produtivas vêm sendo praticadas no PISG mediante inadequações relativas às precauções ambientais devidas, como desmatamento desenfreado, uso excessivo de agrotóxico e fertilizantes químicos, queimadas desordenadas e irrigação inadequada. Quanto à abordagem, o estudo adentrou meandros qualitativos e quantitativos, e em relação aos procedimentos, englobou uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo, que foram articuladas aos conceitos teóricos da Capitalização da Natureza. Esse aporte teórico-metodológico é a ‘corda’ que sustenta a análise acerca do objeto de estudo. Mediante essa discussão, concluímos que os processos de degradação socioambiental revelam um movimento oposto entre exploração dos recursos naturais e desenvolvimento sustentável, dinâmica essa marcante desde a origem do PISG.
Resumo: Neste trabalho discutimos o debate sobre a crise ambiental e o modelo do desenvolvimento sustentável como campo de lutas no qual se articulam interesses políticos e econômicos. Defendemos a idéia de que as direções tomadas pela discussão sobre as questões ambientais em nível mundial apontam para o apagamento das variáveis clássicas da interpretação sociológica dos fenômenos sociais, tais como as de ideologia, dominação e conflito, apresentando uma proposta de redirecionamento da discussão mencionada, a ser feita em termos da teoria da ecologia política. No final indicamos algumas sugestões específicas para a pesquisa sobre a denominada crise hídrica mundial. Palavras-chave: Ecologia; crise ambiental global; desenvolvimento sustentável.
Constitui nosso objetivo principal, neste artigo, analisar a proposta de gerenciamento racional dos recursos hídricos, desmistificando alguns aspectos do discurso construído em torno da escassez dos mesmos no Brasil e no mundo. Para realizar tal tarefa, partimos de uma concepção teórico-crítica que discute a emergência do mercado de recursos hídricos, investigando os pontos obscuros da proposta mencionada.
O objetivo principal deste artigo é examinar como os conceitos de pegada da água e de água virtual articulam-se sob uma matriz ideológica que se justifica por alegadas situações de escassez de recursos hídricos. Em razão da alegada crescente escassez de água no mundo, novos discursos promovem estratégias 'resolutivas' acerca da temática hídrica, mas sem criar e focalizar mudanças materiais e culturais mais profundas. Discutimos aqui as nuances da agenda internacional para a área de recursos hídricos, a qual está baseada no argumento de que o combate à escassez hídrica requer que as grandes empresas no mundo passem a regular sua crescente necessidade de água, usando, para isso, metodologias de cálculo tais como a pegada de água e água virtual. Palavras-chave | Água virtual; ideologia da escassez hídrica; pegada da água.
A ralé hídrica e a elite da água no semiárido brasileiro: a articulação... baixo nível de responsabilização das instâncias governamentais quanto ao enfrentamento das situações de desabastecimento de água.
O objetivo deste artigo é discutir políticas públicas tradicionais e recentes destinadas ao enfrentamento dos problemas de desabastecimento de água no semiárido nordestino, especificamente os caminhões-pipas e os programas governamentais que investiram na construção de cisternas residenciais. A perspectiva teórica adotada é utilizada para analisar os dados coletados por meio de observação direta de área entre Pernambuco e Paraíba, erealização de entrevistas com residentes da região para a qual a transposição das águas do Rio São Francisco foi anunciada como a “solução” para os problemas de sustentabilidade hídrica. Dentre as conclusões, destacamos que os programas governamentais de construção de cisternas residenciais não resolvem os problemas de abastecimento de água na região focalizada; e os caminhões-pipas são insuficientes para atender à demanda de água nosperíodos de estiagem no semiárido nordestino, implicando em despesas difíceis de serem assumidas pela grande maioria dos agricultores familiares entrevistados.
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