Este artigo tem por objetivo discutir a intensificação do trabalho e suas implicações no modo de vida e na saúde de docentes do ensino público superior. Ele teve como base pesquisa realizada em uma universidade pública federal e aborda condições e jornada de trabalho, formas de organização e de efetivação de atividades docentes, além de sentimentos e modos de sofrimento e adoecimento indicados por 96 professores efetivos (56 homens e 40 mulheres), vinculados ou não a programas de pós-graduação. Os resultados apontam que a maioria qualifica seu trabalho como precário, sobretudo quanto à infraestrutura material; julga trabalhar sob forte exigência de atingir metas de produtividade-esta considerada fundamentalmente como sendo a publicação; e estende a jornada para o espaço doméstico. Parte significativa dos entrevistados apresenta queixas quanto à sua saúde, sendo predominantes aquelas de ordem psicoemocional e/ou psicossomática. A maioria dos casos de adoecimento é desconhecida pela administração universitária.
Diante das atuais transformações no mundo do trabalho, tornou-se essencial aprofundar o debate sobre a relação entre trabalho e saúde/saúde mental, bem como sobre o reconhecimento dessa relação, de modo a garantir amparo legal ao trabalhador e, principalmente, trazer subsídios para a busca de mudanças nas situações de trabalho. Este artigo se propõe: discutir este tema, pontuando as dificuldades para se estabelecerem relações entre determinados aspectos do trabalho e o adoecimento; apontar alguns limites e expectativas, bem como a necessidade de diálogos que permitam avançar tanto do ponto de vista teórico como também em relação à aplicação prática dos conhecimentos produzidos. Pretende, enfim, chamar a atenção para o trabalho como categoria fundamental à compreensão da subjetividade e do processo saúde/doença mental.
Este artigo visa discutir aspectos da atividade acadêmica que impactam a saúde dos docentes e o modo de organizar o seu tempo dentro e fora do âmbito laboral, considerando as diferenças de gênero. A pesquisa foi realizada na UFES e abordou 96 professores efetivos (56 homens e 40 mulheres). A maioria deles declara extrapolar a jornada laboral regular e estar sobrecarregada. Dentre as queixas relativas à sua saúde, predominam aquelas de ordem psicoemocional e/ou psicossomática. Quanto ao gênero, as mulheres declaram jornadas de trabalho mais extensas, usam medicação prescrita com maior frequência e apresentam mais sintomas de sofrimento ou adoecimento.
r e s u m o O objetivo deste artigo é mostrar de que maneira a agenda de atividades no mundo acadêmico tem levado docentes do ensino público superior ao adoecimento. A análise foi baseada em informações colhidas por meio de questionário respondido por 98 professores de uma universidade pública federal e em entrevistas com 18 deles. Os resultados apontam que a procura de ajuda médica e/ou psicológica é mais frequente entre docentes de programas de pós-graduação, principalmente entre mulheres com maior número de orientandos; indicam, também, que é a diversidade de atividades -quase todas obrigatórias, delimitadas e consideradas parâmetro de avaliação do desempenho acadêmico individual e coletivo-que parece levar muitos desses professores ao sofrimento e ao adoecimento.
Palavras-chave autoresTrabalho docente, produtividade, saúde, adoecimento, universidade pública. Palavras-chave Psicologia Social, educação, Brasil.
a b s t r a C tThis paper aims at pointing out the way the agenda of activities in the academic world has led professors of public higher level education to sicken. The analysis was based on information gathered through a questionnaire applied to 98 professors of a Brazilian federal public university and interviews with 18 of them. The results demonstrate that the search for medical and/or psychological help is more frequent among professors who work in postgraduate programs, mainly women with a large number of advisees. The results also indicates that the diversity of activities -almost of them are mandatory, delimited and considered parameters for assessing individual and collective academic performance -is what seems to cause suffering and sickness among many of those professors.
O objetivo deste artigo é mostrar o modo como as práticas organizacionais e a cultura dos locais de trabalho podem levar a experiências de humilhação e a situações constrangedoras no trabalho. A discussão baseia-se em entrevistas realizadas no decorrer de 2007, com 20 trabalhadores de três fábricas de calçados localizadas no Ceará. A análise de conteúdo das entrevistas indica que, apesar da humilhação e do constrangimento serem formas de violência conduzidas por indivíduos investidos de poder e autoridade na empresa, essas práticas transcendem as relações interpessoais e estão relacionadas às políticas de gestão organizacional centradas no estabelecimento de metas de produção a serem cumpridas pelos trabalhadores. As políticas determinam quanto e como produzir e, ao mesmo tempo, as relações interpessoais que se estabelecem dentro das fábricas.
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