Este trabalho examina, em caráter exploratório, experiências de isolamento social vividas por indivíduos portadores de hanseníase, internados na ex-colônia Tavares de Macedo, em Itaboraí, onde foram mantidas da década de 1930 até os dias de hoje, para problematizar noções sobre segregação e discriminação social presentes nesse meio. Para tanto, examina sociabilidades e redes sociais de cuidados estabelecidas na vida em comum nessa "ex-colônia de leprosos", quase sempre como alternativas às condições oferecidas pelos sistemas públicos de proteção social. Faz isso com base em narrativas de alguns desses sujeitos, vistos em suas diferenças - nas interseções das relações por sexos, classes, raças/etnias, gerações, e também por religiões e graus de escolaridade. Recorre à história oral, modo de oferecer novas interpretações qualitativas de processos histórico-sociais evidenciados nessas sociabilidades e redes, nem sempre visíveis como formas singulares de proteção social da vida em comum.
Este artigo reúne dados e reflexões que são fruto deuma pesquisa de cunho qualitativo, desenvolvida em quatro escolas localizadas nas imediações do Hospital Estadual Tavares Macedo (HETM), no município de Itaboraí, interior do Estado do Rio de Janeiro. Buscamos conhecer e entender os significados das principais ideias, conhecimentos e crenças sobre hanseníase desta comunidade escolar do entorno do HETM, antigo Hospital-Colônia onde se internavam os doentes. Além disso, procuramos estudar se e como o tema era abordado no desenvolvimento do trabalho educativo nestes estabelecimentos de ensino, uma vez que neles estudam ou mesmo trabalham indivíduos cujas famílias abrigam portadores ou ex-portadores da doença. O procedimento metodológico envolveu um levantamento histórico do HETM, a busca de informações sobre seu funcionamento em diversos períodos desde sua implantação em Itaboraí, uma análise documental, bem como a realização de entrevistas individuais semi-estruturadas e observações de campo. Levamos em conta as dimensões cognitiva e afetiva, além das interações sociais entre os diferentes atores, com o objetivo de que este trabalho possa contribuir para o debate sobre o enfrentamento de uma questão de saúde local a partir do ensino.
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