Considera-se uma pessoa em alta, por cura de Hanseníase aquela que completa o esquema de tratamento Poliquimioterápico (PQT) nos prazos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Mesmo depois de curados, os indivíduos podem apresentar Reações Hansênicas (RH), incapacidades físicas e recidivas. A inatividade do bacilo como indicador de cura na percepção dos pacientes é questionada, visto que mesmo com o bacilo inativo, sequelas físicas e psíquicas permanecem provocando sofrimento. Analisando a literatura identificamos que a temática do tratamento e da cura não tem abordado a percepção das pessoas atingidas pela Hanseníase sobre como experienciam sua condição de vida após a alta por cura. Outro dado presente na literatura é que a Teoria das Representações Sociais tem sido utilizada na investigação sobre a significação social atribuída à Hanseníase. Então, estabelecemos como questão de pesquisa: Quais são as Representações Sociais (RS) de cura em pessoas atingidas por Hanseníase multibacilar que receberam alta por cura? Nosso objetivo geral foi analisar as representações sociais de cura em pessoas atingidas por Hanseníase multibacilar que receberam alta por cura, em um município do Nordeste Brasileiro. O estudo caracterizou-se como exploratório, descritivo, e qualitativo, desenvolvido em Sobral/CE. Foram incluídos indivíduos de ambos os sexos, maiores de 18 anos, residentes no município de Sobral, atingidos pela forma multibacilar de hanseníase, com alta, por cura, há 6 meses a 1 ano, antes da coleta dos dados, somando 10 participantes, número obtido a partir da saturação dos dados. A coleta de dados foi feita por meio de entrevista estruturada, gravada, com posterior transcrição e análise por meio do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Como resultados, encontrou-se que a totalidade dos participantes não soube definir Hanseníase, ou explicar o que seria a doença. Sobre o porquê de a terem tido a doença, as explicações foram diversas. Nenhum dos entrevistados apontou que a doença seria provocada por uma bactéria, entretanto, 30% (n=3) ressaltaram o contato com outras pessoas doentes como a causa da transmissão. Os DSC denotam que, em comparação com o tempo antes da doença, a vida está diferente, não é mais boa e normal. Analisando as Expressões-Chave (ECH) do confronto: vida antes e depois da doença, predominaram "A vida antes da hanseníase era boa" e " Depois da doença, a vida piora". A totalidade de ECH que descrevem cada situação também nos diz da maior complexidade da associação a cada RS. Para a categoria Cura houve 06 RS resumidas em "As pessoas sentem-se normais e iguais a antes da doença", enquanto para a categoria Ausência de Cura foram 11 ECH relacionadas à aspectos como sequelas, limitações e dificuldades de adaptação à "nova funcionalidade". Observa-se ainda que, na ausência de incapacidade (grau 0) não foram observadas ECH de ausência de cura, enquanto que com o aumento do grau de incapacidade surgem ECH relacionadas à ausência de cura. Conclui-se que, em indivíduos com reações hansênicas e com grau de inca...