Este trabalho teve por objetivo observar se é possível palavras com múltiplas camadas morfológicas ganharem novos significados, tendo em vista os estudos sintáticos sobre a relação entre a derivação das palavras e seus significados possíveis. Seguindo a teoria Exo-esqueletal (BORER, H. 2005, 2013, 2015a e 2015b), assumimos que palavras complexas podem receber significados novos em nível morfológico superior à primeira junção entre a raiz e um morfema categorizador. Neste trabalho, mostraremos que dados de línguas aparentadas, como o Português do Brasil (PB) e o Espanhol (Esp), podem apresentar diferentes formas de inserção do conteúdo conceitual em palavras cognatas complexas. Com este estudo podemos trazer à teoria um avanço na compreensão da interface entre a sintaxe e a semântica.
Na análise comparativa das estruturas argumentais de verbos observadas no seu puro esqueleto, a semelhança entre diferentes línguas predomina. Contudo, ao se focalizarem verbos cognatos individuais resultam desencontros: para verbos com o mesmo rótulo fonológico, há estruturas que uma língua aproveita e a outra não. A explicação dessa falta de identidade no espelhamento precisa provir da leitura sintaticamente contextualizada da raiz: os falantes de diferentes línguas podem optar por diferentes leituras para as mesmas formas fonológicas nos mesmos contextos. Podem também dar rótulos fonológicos diferentes para 'os mesmos eventos' no mundo. Neste artigo pretendemos ilustrar dois fenômenos de interface sintaxe-semântica: a falta de isomorfia perfeita entre estruturas sintáticas e a sua leitura, com dados de reanálises de particípios, sufixos e prefixos; e realocações de raízes em contextos sintáticos de verbos. A razão de ser da imperfeição na correspondência sintaxe-semântica está no fato de que a estrutura sintática não é determinada por saberes extralinguísticos.
O objetivo deste estudo é analisar as etapas sucessivas na formação de palavras complexas em português. Pretendemos aprofundar a questão da alternância entre leituras composicionais e leituras idiomáticas dentro das palavras complexas. A posição de incidência e a alternância de leituras idiomáticas em palavras longas é crucial para a formação da teoria gramatical. Aspectos gramaticais da interface sintaxe-semântica no interior das palavras serão analisados meticulosamente com especial atenção para a análise de alternâncias semânticas em verbos segundo seus contextos sintáticos. Dados empíricos dessa natureza serão decisivos para as opções teóricas entre versões alternativas de modelos não lexicalistas.
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