RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de decifrar algumas das tendências da produção intelectual sobre formação de professores nos últimos vinte anos no Brasil, chamando a atenção para os "idiomas pedagógicos" que tiveram impacto entre os educadores. No mapeamento da literatura especializada, alguns autores/textos foram tomados como exemplares por representarem lógicas de pensamento marcantes a respeito do papel da teoria e da prática na formação docente. Do balanço efetuado, o que se verificou foi a ruptura de um idioma pedagógico, passando-se de uma pedagogia marcadamente conteudista sob a hegemonia de uma razão teórica para uma perspectiva que aponta para uma epistemologia da prática.Palavras-chave: formação docente, idioma pedagógico, ensino de conteúdos, saber do professor, relação teoria/prática. Assistimos na última década ao aparecimento de uma literatura internacional bastante fértil no campo da formação de professores, em especial sobre os conhecimentos incorporados e atualizados pelos professores em seus processos de vida, de trabalho e de formação.Sob matrizes diversas, o que parece ser consenso é a valorização da prática cotidiana como lugar de construção de saberes. Em que pese a fertilidade da produção acadêmica há, contudo, zonas de sombra que precisam ser desvendadas, se considerarmos os desafios de uma escola de massa e o lugar que nela desempenha o trabalho do professor, especialmente em sociedades como a nossa que não equacionaram o problema da desigualdade social e escolar.
Este artigo tem o objetivo de analisar a identidade social do magistério das séries iniciais do ensino fundamental, forjada em processos de socialização familiar, escolar e profissional. Através do recurso às histórias de vida de treze professoras, foi possível perceber que muitos são os significados atribuídos ao trabalho docente. Recorrendo ao aporte da sociologia de Pierre Bourdieu, o trabalho permitiu compreender a constituição de habitus para a docência, as estratégias desenvolvidas pelas professoras para a conquista de títulos escolares, os modos de entrada na profissão, o peso da formação prévia e continuada nas formas como as professoras vivem e representam o trabalho que realizam. Considerando que a representação social do magistério, no contexto de uma escola de massa, foi alterada, o estudo acabou por problematizar imagens de passividade, negligência e incompetência que têm sido atribuídas às professoras pelas burocracias educacionais e agências governamentais.
Este artigo tem como eixo central o trabalho dos professores na escola de massa, hoje. Em um primeiro momento, foram trazidas questões presentes na literatura internacional e nacional, reveladoras dos desafios que se colocam aos docentes, como a intensificação e complexificação da profissão, a diversificação das tarefas docentes em função de um conjunto de transformações sociais, a importância que adquire a formação de professores, tendo em vista a busca pela efetividade do ensino. Em função da magnitude desses problemas, análises da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Comunidade Europeia foram incorporadas ao texto, dada a centralidade que assumiu o campo das políticas de formação de professores para os países-membros desses organismos. A última parte do texto tem a preocupação de analisar os principais problemas enfrentados pelo magistério no contexto brasileiro, como a sobrecarga de trabalho, o esgotamento crescente que vem acometendo os professores e as dificuldades que enfrentam de atualização profissional, já identificadas na produção acadêmica.
Este texto tem como objetivo revelar o sentido da experiência escolar para jovens de camadas médias, alunos de uma instituição privada confessional, da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. Algumas questões serviram de ponto de partida para a pesquisa realizada de 2001 a 2003: como alunos com esse perfil socioeconômico e educacional constroem o seu ofício de estudante? Como articulam as relações com professores e colegas? Que relações estabelecem com as práticas de avaliação e os processos de ensinar e aprender? Relações instrumentais? Relações as quais permitem que os significados de seus grupos de referência aflorem? Que modelos de socialização são veiculados por essas escolas? O foco de análise apoiou-se em algumas das condições de produção e expressão do ofício do aluno como a caracterização socioeconômica das famílias, a trajetória escolar dos estudantes ao longo do ensino fundamental, o papel do estudo em suas vidas e práticas culturais e o lazer dos jovens.
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre “escolas privadas em rede”, que vêm se expandindo como alternativa para as famílias de uma “nova classe média”. A proposta é analisar as percepções de gestores sobre o ensino e o trabalho docente, a partir de duas escolas investigadas. Os dados partem de entrevistas com a equipe de gestão e dialogam com uma literatura educacional sobre as lógicas de ação presentes nesse novo tipo de instituição que ganha espaço no mercado escolar, caracterizado pela centralização do ensino e pelo uso de sistemas apostilados. São apresentados a cultura institucional da rede pesquisada e o processo de construção de uma identidade, associados aos dispositivos estruturantes da proposta pedagógica e os impactos sobre o trabalho docente. Constata-se a hegemonia de empresas educacionais controlando o campo mercadológico e ideológico no sistema de ensino investigado, com forte regulação sobre a prática pedagógica dos professores.
Ce texte a comme objectif de mettre en lumière l’identité sociale des enseignants, forgée dans des processus de socialisation familiale, scolaire et professionnelle. Il s’agit de présenter, à partir d’histoires de vie d’institutrices, les significations attribuées à la profession dans des contextes de sélection sociale et scolaire. En s’appuyant sur des contributions de la sociologie, cette recherche a exploré la constitution de l’habitus chez les enseignants et enseignantes, les stratégies développées au sein de trajectoires ayant comme but la conquête de titres scolaires, les entrées informelles dans la profession, ainsi que le poids de la formation initiale et de l’école, en tant que locus de travail, dans la façon dont les enseignants et enseignantes vivent leur travail. En tenant compte du fait que la représentation sociale de l’enseignement, au moment de l’émergence d’une école de masse, a été modifiée, mettant ainsi en évidence des processus de déqualification des enseignants et enseignantes, cette étude remet en question les images de passivité, de négligence et d’incompétence technique qui leur sont attribuées par le pouvoir public et l’université. Elle suggère aussi qu’il est possible de travailler la dimension de la personne de l’enseignant, celle de l’organisation scolaire et celle de la profession comme étant une dimension collective, et ce, par la voie de politiques publiques répondant davantage aux besoins concrets du corps enseignant.
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