Resumo O artigo problematiza as ações e campanhas educativas voltadas à infância na área odontológica, abordando aspectos centrais, como a implantação de gabinetes dentários nas escolas públicas e a criação de concursos de “bons dentes” para a propagação de preceitos da higiene moderna. Os dentistas foram agentes decisivos na difusão da “ciência odontológica moderna”, presentes nas escolas e em diversas instituições, atuando em atividades educativas e também no âmbito de ações e lutas por políticas públicas que reconhecessem as questões de saúde bucal. O artigo se baseia em extensa pesquisa, incluindo documentação variada e, a partir de diálogos com a nova história cultural, busca questionar as formas de prescrever a saúde bucal nas primeiras décadas do século XX.
Discute as práticas de cura, especificamente remédios e ervas, utilizadas pelos cangaceiros do Nordeste brasileiro, na virada do século XIX para o XX. Na análise, recorre-se aos pressupostos teórico-metodológicos da nova história cultural e dos estudos culturais, em diálogo com Michel de Certeau e Stuart Hall, entre outros. Problematiza o modo como os cangaceiros recorriam, em seu cotidiano, a mezinhas, chás, orações a santos católicos, além de produtos da farmacopeia regional, para alcançar a cura e o bem-estar do corpo. Observa como os espaços de cura são recriados e os saberes populares, subjetivados na geografia do cangaço.
Este texto envolve histórias de vida, itinerários formativos e (auto)biografias, elaborado a partir de memórias de infância e de adolescência. É uma narrativa que costura trabalho infantil, frentes de emergência para o combate a secas do semiárido nordestino, formação e cultura escolar e identidades. Confeccionado a partir dos fios de memórias, de fotobiografias e escritos escolares, o artigo dialoga com os estudos pós-estruturalistas, com os conceitos de identidade e geração, conectando espaços escolares e de trabalho infantil a tempos de escolarização e formação intelectual. Dessa forma, é uma pesquisa que mostra a importância da leitura, das habilidades de escrita e da educação não-escolar na formação dos sujeitos.
Este artigo faz a relação entre memórias familiares, cinema e a história cultural de um doente, portador de Mal de Alzheimer. A partir da inspiração teórico-metodológica de Ivan Jablonka (historiador que escreveu sobre os seus avós paternos que, na condição de judeus comunistas, foram vítimas de perseguições policiais e enviados para a Auschwitz, em 1943), escrevo sobre vivências familiares de um homem que foi vitimado pelo Alzheimer, aos 64 anos de idade. Tendo como fontes de pesquisa objetos pessoais e o filme Diários de uma Paixão (2004), o artigo põe em discussão a relação entre história, testemunho e novos objetos de pesquisa. Dessa forma, o artigo analisa questões sobre o ofício do historiador, envolvendo a interface entre distanciamento do objeto de pesquisa e relações afetivas, escrita científica e inventividade narrativa.
O presente trabalho analisa as práticas educativas escoteiras da Associação de Escoteiros do Alecrim (A.E.A), situada na cidade de Natal-Rio Grande do Norte, entre os anos de 1937-1945, dialogando com os ideais político-pedagógicos do Estado Novo. O trabalho orientado pelas discussões teóricas sobre o poder e as artes disciplinares, discutidas por Michel Foucault (1987), e de cultura escolar, propostas por Julia (2001), articulado ao diálogo com fontes escritas e iconográficas, constatou que, nesse recorte temporal, as autoridades políticas do Estado Novo se apropriaram da prática educativa escoteira, incorporando a União dos Escoteiros do Brasil (UEB) à Organização da Juventude Brasileira. A partir de então, a Associação de Escoteiros do Alecrim passou a educar e normatizar o comportamento da juventude natalense para adequá-lo aos moldes do regime vigente. Considerando que a Associação dos Escoteiros do Alecrim é parte da memória educacional do Estado do Rio Grande do Norte, pretendemos que este estudo venha contribuir com a historiografia da educação no Brasil e estimular o debate e a produção acadêmica sobre a prática escoteira em outros estados da federação.
O presente artigo realiza uma análise dos discursos médico-higienista de profissionais dentistas sobre as crianças colombianas na década de 1930 veiculadas na Revista Salud y Sanidad. Para tanto, uma pesquisa documental de abordagem bibliográfica e exploratória foi desenvolvida. Na análise, dialogamos com a teoria que repensa os conceitos de leitura e de apropriação de discursos construídos pela Nova História Cultural, o que nos possibilitou problematizar as formas de ler e os modos de prescrever o corpo higienizado, civilizado, moderno e educado na ótica da assistência à saúde bucal infantil. Considera-se que a compreensão da saúde bucal como uma estratégia adotada pelo Estado colombiano em prol da modernidade de seus cidadãos, desdobra-se no entendimento de que as crianças foram alvos de práticas assistencialistas e de métodos normativos. Estes métodos são encontrados: 1) em atividades familiares; 2) em atividades escolares e 3) em atividades profissionais, nas quais se situam os dentistas, inseridos nos espaços escolares para assistir, cuidar e prevenir doenças, promovendo regulamentos sobre corpos saudáveis por meio de avaliações clínicas e de incentivo a práticas como a escovação.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.