Um laboratório das relações de trabalho o ABC paulista nos anos 90 IRAM JÁCOME RODRIGUES RESUMO: O estudo discute as principais questões presentes na ação sindical na região do ABC paulista, confrontando-as com a experiência nacional. O trabalho se baseia em amplo levantamento dos acordos firmados entre o sindicato dos metalúrgicos do ABC e as empresas automobilísticas na década de 90. A partir dos dados investigados é realizado um balanço das relações de trabalho no período recente e discutidas as perspectivas para o sindicalismo nos próximos anos.
Este texto propõe-se discutir os efeitos sociais e políticos de crises e transformações econômicas sobre a história de distritos industriais, constituídos a partir da concentração de empresas de grande porte e de seus desdobramentos em termos de redes de pequenas e médias empresas. Tomando como exemplo a trajetória do principal distrito industrial brasileiro, consolidado a partir de meados do século xx em uma região que ficou conhecida como ABC, e no contexto de um país em busca de uma vocação manufatureira, pretendemos contribuir para o debate sobre o papel dos territórios e seus atores sociais, em especial os trabalhadores e seus sindicatos, em situações de crise da produção e do emprego, relacionadas à dinâmica das cadeias produtivas em uma economia mundializada. Palavras-chave: Reestruturação industrial, trabalhadores, sindicatos no Brasil, territórios produtivos, região do ABC-Brasil. * Este texto se beneficia de parte dos resultados das seguintes pesquisas que vêm sendo desenvolvidas pelos autores: "Trabalho, distritos industriais e novas estratégias de desenvolvimento regional", "Trabalho, sindicato e desenvolvimento regional: estudo comparativo entre as regiões do ABC Paulista e do Sul Fluminense" e "Quando o apito da fábrica silencia: sindicatos, empresas e poder público diante do fechamento de indústrias e da eliminação de empregos na Região do ABC", que contam com o apoio do CNPq e da Faperj (Programa Cientistas do Nosso Estado e Pensa Rio).
IntroduçãoAs experiências subjetivas compartilhadas pelos trabalhadores no período do regime militar, com a exacerbação do autoritarismo nos locais de trabalho e o silêncio imposto às organizações sindicais enquanto ampliava-se a acumulação das grandes empresas nos meios urbano e rural, constituíram a base que nutriu o recrudescimento das lutas sindicais e populares no final dos anos de 1970, com a explosão de greves em inúmeras categorias, e da qual frutificaram instituições -o Partido dos Trabalhadores (pt), a Central Única dos Trabalhadores (cut) e o Movimento dos Sem Terra (mst) -que disputaram a construção de um projeto de nação baseado na democracia, na inclusão e direitos sociais, entre outros aspectos. Não era apenas uma questão econômica de recomposição das perdas salariais sofridas. Estava em questão o resgate da dignidade (Abramo, 1999) e a demanda por direitos de cidadania (Rodrigues, 2011). Pouco mais de vinte anos depois, com todas as vicissitudes das lutas sociais, Lula chegou à presidência da República representando aquele projeto, abrindo novas possibilidades de avanços sociais e desafios inéditos ao sindicalismo e à cut diante de tal perspectiva. Ao final da experiência do pt à frente do governo federal, em 2016, em que medida esse sindicalismo logrou êxito em seu papel? Que questões ressurgem para o sindicalismo diante do legado dos governos Lula e Dilma? Este texto analisará alguns aspectos dessa trajetória.1. Resultados parciais de projeto de pesquisa em andamento apoiado pelo cnpq.
DOSSIÊO objetivo deste texto é discutir e problematizar as novas práticas sindicais dos metalúrgicos do ABC paulista, que implicam o envolvimento direto de entidades de representação de trabalhadores em espaços não-fabris, no debate sobre estratégias de desenvolvimento e seus desdobramentos em contextos regionais de uma economia globalizada. Vamos analisar a ação sindical tomando como base dois períodos distintos -décadas de 1990 e 2000 -, e colocar em foco, como síntese desse processo, a realização de um evento político organizado pelo sindicato dos metalúrgicos em 2009, o Seminário "ABC do Diálogo e do Desenvolvimento", que revela as diferentes inserções e perspectivas dos atores sociais locais, regionais e nacionais na busca de alternativas para a crise econômica mundial de 2008. Trata-se de um exemplo de reunião pública que, sem apagar as contradições e os conflitos de uma realidade social marcada pela assimetria de posições na estrutura social, criou um momento de consenso provisório diante das ameaças de uma conjuntura hostil aos trabalhadores. PALAVRAS CHAVE: Ação sindical. Desenvolvimento regional. ABC paulista. Crise econômica A intervenção de sindicatos no debate sobre estratégias de desenvolvimento econômico no Brasil pode ser considerada uma novidade no elenco das habituais demandas associadas às questões salariais e às condições de trabalho. A tentativa de trazer para o espaço público as decisões normalmente tomadas em esferas privadas e a preocupação em avaliar os efeitos sociais dos projetos de investimento que atingem localidades e regiões têm exigido das entidades sindicais, com acúmulo político no mundo do trabalho, uma ação diferenciada de engajamento em disputas de poder e experiências institucionais inovadoras.O sindicato dos metalúrgicos do ABC paulista, pelo protagonismo que exerceu na luta de resistência política à ditadura civil-militar instaurada em 1964, e pela experiência histórica de reivindicação por melhores salários e empregos desde o final dos anos 1970, é um bom exemplo de como usar legitimidade e poder de convocação para atuar em instâncias de discussão sobre os problemas criados pelas crises econômicas regionais e para exigir das empresas e dos governos soluções em favor da sociedade local e de seus trabalhadores.
Este artigo analisa o sindicalismo brasileiro no período mais recente e, ao mesmo tempo, discute o processo de associativismo sindical no país, a partir de alguns indicadores de sindicalização. Os dados deste estudo, construídos com base, principalmente, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram um deslocamento da sindicalização, seja no conjunto das regiões brasileiras, seja no que tange à questão de gênero, bem como na relação cidade/campo. E esse processo é mais visível no interior da maior central sindical brasileira, a CUT.
A primeira seção deste número da revista Plural reuniu três artigos que foram aprovados por pareceristas externos para esta edição. Os artigos abordam temas que dialogam com áreas e disciplinas afins à Sociologia: Ciência Política, Economia, Direito, Relações Internacionais e Filosofia. O primeiro artigo, "Rawls e Habermas: em busca de uma perspectiva democrática transcontextual", de autoria de Pedro Ferreira de Souza, analisa as contribuições de Rawls e Habermas na formulação de uma teoria da justiça que recupere a dimensão moral da democracia liberal e possa enfrentar a crise de legitimidade do Estado moderno. Não muito distante dessa problemática, o artigo de Helga Gahyva, "Um espectro ronda a teoria social contemporânea: Tocqueville, Rosanvallon e a modernidade", demonstra como a discussão contemporânea sobre a relação entre Estado e sociedade civil reatualiza os temas da descentralização e do pluralismo societário presentes em A Democracia na América. Para fechar esse primeiro conjunto de artigos, a Plural publica o artigo de José Henrique Bortoluci, "Para além das múltiplas modernidades: eurocentrismo, modernidade e as sociedades periféricas", que apresenta ao leitor as críticas na literatura recente em Ciências Sociais à concepção eurocêntrica de modernidade, bem como as consequências dessas críticas para as principais teorias que problematizaram a relação entre centro e periferia, em particular a Teoria da Dependência e as Teorias Pós-Coloniais. Este número da revista Plural ainda traz sete artigos que foram, originalmente, apresentados
A proposta do artigo é discutir, a partir do caso do ABC paulista, as estratégias sindicais criadas em contextos de crise econômica, e analisar os mecanismos de mobilização acionados para propor alternativas político-institucionais em âmbito regional, com o objetivo de proteger e estimular a criação de empregos e enfrentar os efeitos sociais das demissões de trabalhadores. A hipótese principal é a de que a ação de sindicatos com tradição de luta trabalhista, densidade institucional e acúmulo político regional e nacional, com canais de interlocução ativos com governos municipais, estaduais e nacionais e com poder de mobilização de suas categorias, acabam por desempenhar um papel decisivo e, de certa forma, inovador, na formulação de novos mecanismos institucionais para discutir estratégias políticas de enfrentamento das dificuldades impostas às regiões e localidades, passando a exercer influência nas novas concepções construídas em situações de crise econômica regional. PALAVRAS-CHAVE: crise econômica, sindicato, territórios produtivos, região do ABC-Brasil
IEntre as questões suscitadas por Gorz, em seu livro Estratégia operária e neocapitalismo, há um tema que se sobressai: o local de produção como locus privilegiado do conflito entre capital e trabalho e das consequências organizativas propostas por este autor no que viria a ser uma nova estratégia de setores do movimento operário e do sindicalismo para os tempos de Welfare State.Gorz inicia este seu trabalho contextualizando os aspectos mais gerais da relação entre socialismo e necessidade, e analisando as mudanças nas condições do capitalismo nos países centrais. Além disso, aponta que nesses países a extrema pobreza representaria apenas 20% da população. Com isto, tenta mostrar que ocorreu uma mudança fundamental naqueles países capitalistas mais desenvolvidos e, por essa razão, seria necessário repensar a estratégia do movimento operário e do sindicalismo nessas sociedades.O socialismo nunca foi uma necessidade que se impusesse às massas com uma evidência fulgurante. Da revolta primitiva à vontade consciente de modificar a sociedade, nunca houve uma passagem imediata. O descontentamento dos trabalhadores, mesmo poderosamente organizados, a respeito de sua condição, nunca foi ultrapassado espontaneamente, visando uma colocação em questão da-
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