Resumo Este artigo propõe uma análise das experiências do tempo registradas no livro Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch. A partir da expressão “catástrofe do tempo”, que a própria autora utiliza para referir-se ao desastre nuclear, buscamos entender de que maneiras as narrativas presentes na obra tentam lidar com a potência desse acontecimento-limite, que rompe com os parâmetros de compreensão temporal antes estabelecidos. Na leitura crítica dos esforços de comunicação das testemunhas ouvidas e nos excertos autorreferentes de Aleksiévitch, propomos uma reflexão sobre as historicidades possíveis diante da incompreensibilidade da catástrofe, por meio da narrativa e do cotidiano.
O artigo investiga as relações entre testemunho e arquivo no desenhar de diferentes comunidades em Vozes de Tchernóbil, de Svetlana Aleksiévitch, obra que reúne uma série de relatos testemunhais de pessoas atingidas pelo acidente nuclear ocorrido em 1986. A partir da noção de pós-autonomia, buscamos compreender o lugar limítrofe entre os campos da literatura, do jornalismo e da história em que o livro costuma ser tomado, para em seguida explorar sua relação com os conceitos de arquivo e testemunho. Por meio desse gesto, desvelam-se potencialidades e limitações do testemunho e busca-se contribuir para a compreensão do que seria uma "comunidade soviética", que termina por se desdobrar, diante do acidente, em um conjunto de outras comunidades.
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