'anormalidade/patologia x normalidade', 'saber X não saber', 'modelo médico X não médico', 'terapêutico X não terapêutico') provenientes da quebra do modelo manicomial desencadeiam processos de indiscriminação, emergentes nas relações intersubjetivas, tendo como efeito a perda de limites ('trabalhadores X usuários', 'técnicos X não técnicos', 'neurose X psicose', 'eficiência X ineficiência' de técnicas, 'público X privado). Assim, a construção destes novos modelos, ligada a desconstrução do manicômio, apresenta-se como uma tarefa complexa, cuja realização não se restringe ao âmbito das práticas, pois carrega consigo contradições inerentes ao sistema social do qual advém (burguesia X proletariado, movimentos sociais X Estado, sociedade global X instituição de saúde, instituição X trabalhadores, trabalhadores em saúde mental X usuário/familiares e usuários X familiares).
O objetivo deste artigo é refletir sobre as possibilidades de aproximação da Psicologia ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao campo da saúde coletiva, considerando a formação um aspecto intrinsecamente relacionado à produção de conhecimento e ao fundamento da prática profissional. A partir de revisão bibliográfica de trabalhos recentes que tratam de aspectos político-jurídicos do SUS, da análise de documentos governamentais e da experiência das autoras com o trabalho de gestão e atenção no sistema e serviços de saúde, são discutidas questões políticas, organizativas e administrativas que incidem sobre a construção do sistema nacional público de saúde no Brasil como aspectos fundamentais de um novo cenário de atuação em Psicologia. Indaga-se, nesse contexto, em que medida é possível desenvolver um trabalho que não se restrinja a ser complementar a saberes e fazeres já estabelecidos. Tomando o tema da formação como aspecto importante na construção do SUS, o debate se encaminha no sentido de problematizar o comparecimento da Psicologia em espaços onde transitam diferentes atores e saberes, onde se cultiva o ato de interrogar e de ressignificar práticas e políticas públicas. Essa seria, em tese, não só uma forma de contribuição dos saberes psi mas também de ressignificação do próprio campo.
RESUMOTendo como referência o trabalho desenvolvido em uma instituição de acolhimento para crianças e adolescentes, este artigo reflete sobre o cotidiano desses serviços a partir da discussão sobre o lugar no discurso social em que são colocadas as crianças e suas famílias, bem como a instituição e seus agentes. A hipótese trabalhada é de que os diversos momentos cotidianos são constituídos por modelos de práticas sociais que formaram a assistência à infância -a caritativa, a filantrópica e a do Estado de bem-estar social -, cada uma atribuindo, em seu discurso, posições específicas aos envolvidos. São retomados esses modelos de assistência, de forma a evidenciar os eixos centrais pelos quais se constituem. Em seguida, é discutida essa hipótese a partir de cenas desse dia a dia, de modo a pensar como a problematização dessas posições pode permitir um outro lugar na escuta e nas práticas de psicólogos nas instituições de acolhimento institucional.Palavras-chave: acolhimento institucional; políticas públicas; Estatuto da Criança e do Adolescente; institucionalização; práticas sociais. RESUMENEn relación con el trabajo en un centro de acogida para niños y adolescentes, este artículo reflexiona sobre la vida cotidiana de estos servicios a partir de la discusión sobre el lugar en el discurso social en el que se colocan los niños y sus familias, así como a la institución y sus agentes. La hipótesis es que los diversos momentos cotidianos son elaborados por los modelos de prácticas sociales que formaban la asistencia del infancia -caritativo, filantrópico y Estado de Bienestar Social -, asignando a cada uno, en su discurso, a los puestos específicos involucrados. Son recogido estos modelos, destacando los ejes centrales por los cuales se constituyen. A continuación, estas hipótesis son discutidas desde escenas de ese día a día, por lo que pensar lo problemático de estas posiciones puede permitir otro lugar de la escucha y la práctica de los psicólogos en las instituciones de acohida institucional.Palabras clave: acogida institucional; políticas públicas; Estatuto del Niño y del Adolescente; institucionalización. ABSTRACTThis research brings a reflexion on daily children and adolescents care based on the work developed in an institution (shelter). It is based on the emplacement of children and their family, as well as the institution and their agents, into the social discourse. The hypothesis adopted here is that several social practices in these institutions consist on practice models that framed childhood assistance -the charitable, the philanthropic and the State of social welfare -, each one assigning specific positions to families and institutional agents. These models are recapitulated, in order to highlight the central axes for which constitute. Then, this hypothesis is discussed using information from these day-to-day events in order to consider how the questioning of these positions may allow another positioning in listening and in the practices of psychologists in institutional care institutions.
The aim of the present work is to contribute to the understanding of problems related to the notion of social exclusion in the mental health field, based on the study of the living places for people egressed from psychiatric hospitals. Data were collected from recorded conversations and registered in field diary during the research in three cities in the state of São Paulo.The notion of social exclusion is approached as it is frequently mentioned in political discourses and proposals. Spatial segregation and urban exclusion are focused, considering the 'meanings of living' as the central aspect. In everyday practices in Mental Health exclusion is associated to being banned from the social life and it is amplified to social problems in the spheres which define policies but they bring no important difference for policies formulation beyond the usual meanings of the question.The meanings of living, expressed in different populational groups and singularly by each person, guided the discussion to the question of policies and practices. Such practices, when the diversity of experiences is not taken into account, tend to reproduce the manicomial reasoning that they are supposed to overcome, even if they are based on the so called inclusive proposals.The transit among people egressed from the psychiatric hospitals and people living in the city, among knowledge areas and diversity of practices is presented as a possibility of interrupting the vicious circle which rearticulates the traditional practices and discourse in psychiatry. The understanding of 'ways of living' allows us to recover part of the story of habits which were lost in the urbanization process and instigates us to consider emergent questions in the field of mental health in the context of problems of the cities in the contemporary world.
Resumo Este artigo sintetiza parte da pesquisa de doutorado realizada em uma das primeiras comunidades negras rurais do estado de São Paulo a conquistar título de terras quilombolas, o quilombo Maria Rosa. Objetiva-se compreender se, para aquela comunidade, a política pública de titulação de terras opera como dispositivo contra o racismo. Para atingir os objetivos propostos, foram realizadas observações e entrevistas fundamentadas pelas formulações de Enrique Pichon-Rivière e de outros autores da psicologia social e da psicologia de processos grupais, como René Kaës. Como resultado, constatou-se que a política convoca os moradores do quilombo em questão a entrarem em contato com os efeitos do escravismo e do racismo. Todavia, ainda falta uma política articulada, entre os diferentes níveis governamentais e voltada para a temática racial, que lhes dê o devido apoio.
RESUMO Pretendeu-se refletir sobre a relevância de contribuições feministas como referenciais contrahegemônicos para uma análise crítica de práticas de saúde desenvolvidas em um serviço da atenção básica do Sistema Único de Saúde. Observaram-se ações de profissionais em uma Unidade Básica de Saúde com o objetivo de analisar como se manifestam questões de gênero na atenção básica a partir de perspectiva da psicologia social postulada por Pichon-Rivière em diálogo com produções feministas. A partir de discussão crítica perante visões dicotômicas, como público e privado, e discursos naturalistas, foram identificados três aspectos relevantes: divisão sexual do trabalho, maternidade e ausência paterna; centralidade das práticas de saúde da mulher na reprodução; e binarismo das políticas públicas de saúde. Isso permitiu identificar aspectos importantes acerca das práticas de saúde na atenção básica. Espera-se que este estudo, ao examinar a naturalização e a reprodução de sexismo, racismo e classismo em meio às práticas consideradas, fomente discussões futuras no campo da saúde que caminhem no sentido de uma produção de saberes e práticas comprometidos com a contestação de tais desigualdades.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(4):949-959, abr, 2007 949Prevenção de infecção pelo HIV por intermédio da utilização do grupo operativo entre homens que fazem sexo com homens, São Paulo, Brasil HIV prevention using the operative group approach among men who have sex with men in São Paulo, Brazil
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.