Mudanças nos contextos educacionais recentes, ligadas ao uso de tecnologias de comunicação e informação e à fragilização socioemocional dos indivíduos devido à pandemia, desnortearam muitos estudantes. Tornou-se clara a necessidade de apoiá-los para que obtenham sucesso em seus processos de escolarização. A estruturação de programas de aconselhamento escolar é uma trajetória que, em diversos países, vem respondendo satisfatoriamente a esse desafio. Serviços de acompanhamento são oferecidos a todos, mediante a atuação de profissionais formados para auxiliá-los em seus desempenhos acadêmicos, desenvolvimentos cognitivos, comportamentos, disciplinas, habilidades interpessoais, planos e opções de ensino superior ou carreira, além de outros aspectos da vida. Essa forma de abordagem da questão é uma novidade no Brasil. Aqui, essa função tem sido desempenhada por pedagogos com habilitação em orientação educacional, que atendem casos de mais fragilidade ou necessidade, sendo que nem todas as escolas contam com a presença desse profissional em suas equipes. Para que esse serviço passe a assumir uma posição central nos nossos processos escolares, tornam-se necessárias estruturas de atendimento, maior número de profissionais especializados e uma cultura de valorização e reconhecimento social da importância do aconselhamento escolar. A envergadura do empreendimento o coloca como ponto de pauta para a política pública, em que caberia à União o papel de indutor e condutor de interações e esforços a serem despendidos nessa direção pelas distintas esferas de governo. Este texto apresenta elementos para iniciar a discussão no Brasil. Ele referencia-se em pesquisas bibliográficas sobre o tema e em experiências recentes de desenvolvimento e implantação de programas de aconselhamento escolar nos sistemas educacionais de diferentes países. Com isso, espera-se contribuir para a superação dos desafios atualmente apresentados aos nossos estudantes.
A formulação de políticas educacionais baseadas em evidências vem predominando em muitos países atualmente. O Brasil faz parte desse quadro. Nos países que seguem há mais tempo nessa trajetória, as discussões recentes apontam para a necessidade de recalibragem, em algumas dimensões, desse modo de se fazer políticas. São trazidas à cena questões como o orçamento e a incorporação dos saberes resultantes das práticas escolares. E o Brasil, a quantas anda nesse processo? Esse é o ponto explorado neste texto. O contexto brasileiro é aqui analisado, em seus aspectos de estruturação e maturação de procedimentos e práticas, na tentativa de apreender em que “grau” o país se situa ao longo dessa jornada. Para nortear a discussão, utilizam-se três abordagens fundamentais, que explicam a utilização de evidências na formulação de políticas educacionais: i) a perspectiva técnico-funcional, focada nos resultados da aprendizagem (habilidades, conhecimentos cognitivos e capacidade analítica); ii) a sociopolítica, que trata de questões culturais e atitudinais; e iii) a institucional ou organizacional, associada à ideia de valores. O estudo aponta que o Brasil demonstra notáveis progressos, principalmente no que se refere ao arcabouço legal e institucional até então construído. Maiores avanços são ainda necessários, contudo, principalmente para transformar o saber inerente às evidências na condição de fato – a ser manifestado na cultura do país, no uso por parte dos gestores e no enriquecimento das realidades educacionais.
<p class="MsoNormal"><span style="font-size: 8pt; line-height: 115%; font-family: Verdana, sans-serif; background-image: initial; background-attachment: initial; background-size: initial; background-origin: initial; background-clip: initial; background-position: initial; background-repeat: initial;">Entre 2000 e 2020 deverá aumentar o contingente de idosos na população brasileira, com reflexos no Sistema de Previdência Social. Ao mesmo tempo, aumentará também a escolaridade média da população, favorecendo níveis mais elevados de salários e produtividade na indústria do país</span></p>
Ainda que as modalidades de ensino a distância já existissem, a pandemia da covid-19 radicalizou a experiência de educação on-line. Mostrou que as ferramentas e dispositivos tecnológicos já disponíveis são capazes de transmigrar interações presenciais para ambientes virtuais. Com isso, alargaram-se limites, obtiveram-se bons resultados e apontaram-se perspectivas promissoras, o que abriu espaço para as seguintes questões, discutidas neste texto: como as experiências recentes de educação on-line podem ajudar a repensar a escola? Que tendências que se podem auscultar a partir delas? Que rumos se anunciam para o modo de fazer educação nos próximos tempos? A intenção aqui é ponderar sobre a escola de maneira mais ampla e a longo prazo, tendo em vista a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem, sem necessariamente se atrelar ao meio pelo qual eles acontecem. A partir de análises bibliográficas e experiências nacionais e internacionais, foi possível discernir três dimensões principais de atuação, que estão sob a alçada das políticas públicas e de educadores: i) a diminuição das desigualdades digitais; ii) o apoio socioemocional aos estudantes; e iii) a formação de professores, métodos e materiais instrucionais. O desenvolvimento de ações nessas três frentes poderia tornar os sistemas educacionais mais abertos, flexíveis e inclusivos, para levar adiante processos de ensino nas modalidades presencial e a distância. Para viabilizar isso, as políticas de gestão educacional ganham centralidade entre os esforços a serem empreendidos, cabendo à União um papel protagonista: convocar e harmonizar os esforços de distintas esferas de governo em torno de um projeto colaborativo para o aperfeiçoamento do sistema educacional brasileiro.
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