Este ensaio visa sistematizar os primeiros resultados de uma pesquisa, ainda em curso, sobre o processo de legitimação da fotografia pelo sistema de arte no Brasil, cujo foco principal é o museu. Os museus de arte da cidade de São Paulo foram escolhidos para dar início a essa investigação. Primeiramente, será abordada, em linhas gerais, a presença da fotografia no Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Bienal de São Paulo, dada a vinculação de origem do Museu de Arte Contemporânea com essas duas instituições paulistanas. Na seqüência será analisada a formação do acervo fotográfico do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo durante a década de 1970. Por fim, esse percurso permitirá observar que a atuação de Walter Zanini, o primeiro diretor do Museu, e as particularidades da posição do MAC-USP no sistema de arte no Brasil naquele período resultaram no entendimento da fotografia prioritariamente no âmbito da arte contemporânea de caráter experimental e não como obra de arte autônoma, segundo os princípios da chamada fotografia artística.
No ano de 1947, a Biblioteca Municipal de São Paulo apresentou a exposição Fotografia Artística preparada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York com consultoria técnica de Andreas Feininger. Tratava-se de uma mostra didática de reproduções fotográficas impressas em painéis, acompanhadas de textos, que reunia imagens de autoria de fotógrafos como Erich Salomon, Ansel Adams e Henri Cartier-Bresson, entre outros. Originalmente denominada Creative Photography foi produzida como múltiplo para que pudesse ser comercializada e exibida simultaneamente em diversas localidades. Este artigo visa analisar a mostra Fotografia Artística, buscando situá-la em meio às profundas transformações culturais do segundo pós-guerra, particularmente em relação às ações culturais norte-americanas realizadas no Brasil no período, às tratativas para a criação dos primeiros museus modernos no país e ao uso das técnicas de reprodutibilidade fotográfica no campo da arte.
A ascensão dos regimes totalitários na Europa na década de 1930 provocou grande fluxo imigratório para as Américas. Nesse contexto chegaram ao Brasil as jovens Hildegard Rosenthal e Alice Brill, oriundas da Alemanha, que iriam se dedicar profissionalmente à fotografia nas décadas de 1940 e 1950, respectivamente. O crescimento industrial e urbano do país no pós-guerra expandiu o campo das artes, o que resultou no surgimento dos primeiros museus de arte moderna, da Bienal de São Paulo e no aumento do número de galerias comerciais. Tais mudanças foram registradas por Rosenthal e Brill, que fotografaram artistas, reproduziram obras e documentaram exposições. Este ensaio se propõe a analisarretratos de artistas produzidos por Rosenthal e Brill, refletindo sobre o papel da fotografia na representação da identidade feminina em transformação na sociedade brasileira do período pós-guerra.
RESUMO Este texto busca compreender as narrativas construídas em torno da história da curadoria de arte enquanto prática social, por meio da discussão de alguns de seus paradigmas. Propõe-se uma história na contramão da tendência de abordar a curadoria de arte apenas a partir da segunda metade do século XX. Do cuidado com as coleções às exposições temporárias, a curadoria de arte especializou-se ao longo dos séculos e foi responsável por articular diferentes discursos de legitimação sobre a arte. Se num primeiro momento constituíram-se narrativas sobre a arte e os artistas, ao longo do século XX e das experiências de arte moderna o foco voltou-se para a formação de público e de quadros profissionais para os museus. A partir da década de 1960 ocorre a divisão de uma figura que antes era una: o conservador - ou curador de coleção - e o curador independente. Enquanto o primeiro passou a ser considerado um mero funcionário das instituições museológicas, o segundo ganhou protagonismo e estatuto de autor. A inclusão de experiências curatoriais realizadas no Brasil, em diferentes momentos históricos, serve como contraponto crítico às práticas curatoriais de arte realizadas nas instituições tradicionais europeias e estadunidenses, com vistas a uma abordagem que leve em conta o processo de globalização.
A publicação, dividida em três seções, trata do processo de legitimação do fotográfico no sistema de arte brasileiro, tomando o MAC USP como a política de “colecionismo multimídia” desenvolvida nos primeiros anos do museu, como foco do estudo. Em três seções (o ensaio "Da fotografia como arte à arte como fotografia: a experiência do Museu de Arte Contemporânea da USP na década de 1970", material produzido para a exposição "Fronteiras incertas: arte e fotografia no acervo do MAC USP", realizada entre 2013 e 2015, e uma relação de obras incorporadas ao acervo do Museu entre 1963 e 1978, cujas técnicas estão relacionadas aos processos fotográficos), o estudo delineia um panorama do processo de institucionalização da fotografia no meio artístico e aponta questões referentes às fronteiras entre arte e fotografia.
Criado como complemento ao Guia do Acervo do MAC USP, o volume presente documenta o conjunto de obras incorporadas ao Museu de 2010 a junho de 2017, período que abarcou também a mudança do MAC, sua atual sede. O livro aborda a política de aquisição de obras e o programa de exposições para aquisições, trazendo uma relação das obras incorporadas durante esse intervalo.
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