Bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Meio caminho entre a Zona Norte, mais pobre, e a Zona Sul da cidade, mais rica. Em ambas as regiões impera uma paisagem de morros, onde se situam as favelas, nas quais dominam o tráfico, a violência e a pobreza. Na Tijuca, a poucos metros da Praça Saenz Peña, logradouro símbolo do bairro, fica a Unidade de Saúde Heitor Beltrão, que atende a população do morro do Salgueiro, onde o trabalho ora analisado tem seu foco de ação. O discurso dos atores da experiência situa o trabalho em Atenção Básica/Saúde da Família na cidade como atuante em duas modalidades distintas, identificadas como “no asfalto” e “no morro”, com diferenças implícitas às duas situações. A UBS de Heitor Beltrão tem uma característica especial: fica no asfalto, mas atende também o morro. Mais precisamente, com sua cobertura de quase sete mil pessoas, tem uma quarta parte delas vivendo nas ladeiras e ruelas dos morros do Salgueiro e outros adjacentes, como o do Catrambi e do Borel.
Problema: A demanda em saúde mental na Atenção Primária à Saúde (APS) é alta, e a capacitação das equipes para a detecção e o tratamento desses pacientes é fundamental, sendo o matriciamento, modelo de cuidado colaborativo desenvolvido no contexto brasileiro, uma ferramenta importante para a efetividade do cuidado em saúde mental na APS. Em março de 2020, com o isolamento social consequente à pandemia pelo novo coronavírus, houve necessidade de reorganização dos serviços. O objetivo deste artigo é descrever a experiência de telematriciamento e reorganização do apoio matricial em saúde mental em unidade da APS do município do Rio de Janeiro, nos primeiros meses de pandemia. Método: O Centro Municipal de Saúde Heitor Beltrão localiza-se na Zona Norte do Rio de Janeiro. Nos anos de 2017 a 2019, o matriciamento ocorreu por meio de consultas conjuntas, discussão de casos e grupo de psicotrópicos. No início da pandemia, o trabalho foi reorganizado em duas frentes: teleconsultas conjuntas síncronas e organização da lista de usuários com transtornos mentais. Resultados: Foram realizadas 50 teleconsultas conjuntas no período de 12 semanas, com média de 4,16 consultas/semana, sendo os diagnósticos mais frequentes transtornos depressivos e ansiosos seguidos de transtornos de personalidade e por uso de substâncias. O novo formato permitiu a manutenção do acesso de usuários da saúde mental ao serviço, a absorção de novos casos, a melhoria de acesso a usuários do grupo de risco para infecção por coronavírus e a continuidade do processo formativo em saúde com aquisição de novas competências e modernização do trabalho. As principais limitações foram a falta de equipamentos disponíveis e a dificuldade de acesso à internet. Conclusão: Esta experiência, desenvolvida em razão da pandemia de COVID-19, descreve os desafios e benefícios da utilização do telematriciamento e da criação da lista de usuários da saúde mental. Poderá auxiliar profissionais e gestores de outros serviços a desenvolver adaptações mais adequadas às realidades locais.
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