Resumo Neste texto, examino os estudos sobre imigrantes no Brasil produzidos nas ciências sociais brasileiras entre as décadas de 1940 e 1960. Exploro a dinâmica de relações que contribuiu para a realização desses estudos, considerando as atividades de certos intelectuais que tiveram centralidade naquele contexto, a formação de redes internacionais de pesquisadores e os conteúdos teórico-metodológicos que ali foram produzidos e mobilizados. Argumento que dois movimentos situados no pós-guerra exerceram grande impacto nos quadros de análise da questão migratória nas ciências sociais brasileiras: a internacionalização do debate acadêmico-científico e as disputas entre diferentes projetos acadêmicos. Especificamente, são consideradas tanto a participação brasileira em iniciativas de estudos sobre imigração patrocinadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), quanto as críticas dirigidas aos estudos de comunidades produzidas nas ciências sociais paulistas. Esses dois movimentos impactaram diretamente nos esquemas analíticos propugnados por cientistas sociais, ao redefinirem a condição do imigrante e estimularem o estabelecimento de novos parâmetros para o estudo das relações étnico-raciais. O artigo pretende ampliar o entendimento atualmente disponível sobre a constituição desse eixo temático de estudos, historicamente voltado à discussão de temas candentes à sociedade brasileira, como o preconceito, o racismo, a segregação, a inclusão social, a democracia e a identidade nacional.
Michael Burawoy possui mestrado em Sociologia pela Universidade da Zâmbia (1972) e doutorado na mesma área pela Universidade de Chicago (1976). Foi presidente da American Sociological Association (2003)(2004). Atualmente, é presidente da International Sociological Association e professor da Universidade da Califórnia, Berkeley. Ao longo de sua carreira como sociólogo, Burawoy realizou pesquisas em fábricas da Zâmbia, dos Estados Unidos, da Hungria e da Rússia e desenvolveu o "método de caso estendido" para pesquisa etnográfica. Entre suas publicações mais conhecidas estão: Manufacturing consent: changes in the labor process under monopoly capitalism. Chicago: University of Chicago Press (1979); The politics of production: factory regimes under capitalism and socialism. London: Verso (1985); Uncertain transition: ethnographies of change in the postsocialist world. Lanham, MD: Rowman and Littlefield. Edited with Katherine Verdery (1998); Por uma Sociologia pública. Ed. Alameda (em coautoria com Ruy Braga) ( 2008); The extended case method: four countries, four decades, four great transformations, and one theoretical tradition. University of California Press (2009). Em passagem pelo Brasil, quando participou de eventos acadêmicos, Burawoy concedeu à Plural, no dia 22 de outubro de 2011, esta entrevista.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.