Cotia: imigração, política e cultura

Candidatos de origem japonesa na política municipal paulista, 1947-1964

“…Esse sistema havia sido implantado com relativo sucesso no Japão, onde, cerca de 42% das famílias daquele país estavam associadas a cooperativas (SAITO, 1961). Seguindo essa política de incentivo ao associativismo, em 1934 foi criada a Cooperativa Central Nipo-Brasileira, uma espécie de federação cujo escritório funcionava junto ao Consulado e que, até 1941, centralizou a administração de questões jurídicas e burocráticas das cooperativas japonesas existentes em São Paulo (TANIGUTI, 2019).…”

“…Mesmo encontrando dificuldades de se adequar ao sistema jurídico brasileiro 25 , ao final da década de 1930, era possível contabilizar a existência de vinte e três cooperativas de origem japonesa, compostas por cerca de cinco mil cooperados (SAITO, 1961;SEABRA, 1977;TANIGUTI, 2019). Em linhas gerais, a adoção do sistema de produção agrícola cooperativista não representou algo inédito para os japoneses, mas estes se beneficiaram tanto do suporte consular do seu país de origem quanto do estímulo à diversificação e desenvolvimento agrícola promovido em nível nacional e estadual.…”

Representações do feminino na imigração japonesa e okinawana para o Brasil

“…Em plena Ditadura Militar , o governo estimulou o crescimento econômico a partir de um conjunto de medidas econômicas como a substituição das importações e o desenvolvimento da indústria de base que marcaram o chamado "milagre econômico brasileiro". Em meio a incentivos para investimentos estrangeiros, altos funcionários da burocracia estatal de ascendência japonesa tiveram um papel central na introdução de capital japonês e negociações de parcerias binacionais (TANIGUTI, 2015;MOTOYAMA;OKUBARO, 2016 Um dos meios cruciais pelo qual foi realizada a sobreposição de imagens do desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida do Japão entre os anos 1950 e 1980 (IGARASHI, 2010) à "colônia japonesa" foi a formulação da narrativa histórica da imigração como uma saga de tribulações e triunfo. Embora essa construção heroica e virtuosa já circulasse na imprensa nativa e em produções escritas 19 antes da Segunda Guerra Mundial; é a partir do final dos anos 1950, em meio a um processo concreto de ascensão social, econômica e educacional dos descendentes de japoneses (cf.…”

Quebrando a barreira do Itamaraty: Edmundo Sussumu Fujita (1950-2016), o primeiro >i<nikkei>/i< na diplomacia brasileira

“…No caso de Yassuda, o Jornal do Brasil, em 1969, dedicou as páginas de seu impresso à história da imigração e colocou em destaque o título "O Nissei" em uma matéria sobre o novo ministro da Indústria e Comércio no governo Médici. Na matéria, foi estampada a foto de Yassuda, acompanhado da legenda "Fábio Yassuda comprova ascensão política da comunidade japonesa no Brasil" (TANIGUTI, 2015).…”

“…Os japoneses e seus descendentes passaram a ocupar maiores espaços nos ambientes urbanos, nas universidades e também em cargos políticos. Aliado a isso, emergia no Brasil, no plano das discussões raciais, o crescente discurso de que no país não existia preconceito racial, ao mesmo tempo em que também podemos perceber em alguns casos a utilização da comunidade japonesa como um exemplo de sucesso e de legitimação desse discurso(TANIGUTI, 2015). De acordo com Candice Sakamoto SouzaVianna (2008), a imagem existente a respeito dos nipo-descendentes baseia-se muito em estereótipos, que não são exclusivos da sociedade brasileira, repetindo-se veremos mais adiante, o processo descrito acima pode ser percebido também na famíliaFujita.…”