o que se convencionou chamar de capitalismo monopolista pode ser percebido (com mais clareza nos paí-ses desenvolvidos) através de uma série de característi-cas decorrentes de mudanças que se deram no interior do modo de produção capitalista, grosso modo, a partir de fins do século passado. Entre elas destacamos as seguintes:• o desenvolvimento das empresas gigantes e a mudança da base de acumulação; • a emergência de novas relações entre a propriedade e o controle do capital, bem como de novas técnicas de gerência;• o desenvolvimento da indústria cultural e de sua xifópaga, a publicidade (que se torna peça fundamental no processo de realização do valor e da mais-valia), bem como do crédito e do capital financeiro; • aextensão da educação formal tendencialmente a toda a sociedade; • a incorporação sistemática da ciência pelo processo produtivo; • a liberação do capital de suas limitações técnicas e financeiras ao mesmo tempo em que sua realização se torna mais problemática; • a internacionalização cada vez maior do modo de produção.Rev. Adm. Emp.Todas estas características, entre outras não mencionadas, remetem de modo mais ou menos direto a um processo mais amplo de racionalização da dominação capitalista. De fato, é na etapa monopolista que a racionalidade capitalista parece atingir historicamente seu desenvolvimento máximo. Trata-se de um desenvolvimento em um duplo sentido; onde já existia previamente, esta racionalidade aprofunda-se a níveis talvez sequer imaginados no passado e desenvolve mecanismos mais acabados para se realizar. De outro lado, ela se expande para além do âmbito da chamada produção material, subordinando novas dimensões da sociedade, e penetrando-a por todos os seus poros .. Trata-se de um processo através do qual se vai configurando o que Adorno denominou socialização total, ou seja: "As malhas do todo vão-se entrelaçando, cada vez mais estreítamente.segundo o modelodo ato de troca. A consciência individual tem um âmbito cada vez mais reduzido, cada vez mais profundamente preformado, e a possibilidade da diferença vai ficando limitada apriori até converter-se em mero matiz na uniformidade da oferta. Ao mesmo tempo, a aparência de liberdade faz com que a reflexão sobre a própria escravidão seja muito mais difícil do que o era quando o espírito se encontrava em contradição com a aberta opressão." 1 Na sociedade plenamente socializada a que se refere Adorno, "as diversas peças de sua estrutura se ajustam em todos os seus níveis, num todo que se impõe como o real, e é um 'real ideológico', porque veda por todos os lados o acesso àquilo que concretamente o articula, enquanto tal: as relações de produção."2 É com este processo que estamos preocupados, pois, através da racionalização, a dominação capitalista se fortalece, ao mesmo tempo que se torna menos visível. Adorno e outros frankfurtianos, bem como Lukács, trataram do desenvolvimento da racionalidade capitalista principalmente no segundo sentido em que o mencionamos (expansão).Braverman incorpora em parte estas preocupações, no seu livro ...
C orno é possível avaliar o desepenho de uma empresa e aferir seu "lucro real" em um país que vive sob uma inflação alta como a nossa, em que as aplicações financeiras açambarcam recursos destinados aos investimentos produtivos, em que os mesmos índices de correção de ativos são usados por empresas sujeitas a impactos de inflação distintos, em que os mesmos intervalos de tempo burocraticamente definidos para feitura de balanços e demonstrativos financeiros são utilizac!Ós na avaliação de resultados de empreendimentos dotados dos mais díspares ciclos de duração? Nosso artigo de Cllpa, de J. C. Hopp e de H. P. Leite, procura respostas para essas questões.Os empresários ocidentais, por razões diversas, parecem ter mais dificuldades do que outrosos japoneses, por exemplo -na obtenção da fidelidade dos funcionários às organizações em que trabalham. Nesta edição apresentamos dois artigos que, embora autônomos, voltam-se para temas que podem ser importantes variáveis para se lidar com essa problemática: a percepção do clima organizacional e a satisfação no trabalho. O primeiro, de L. H. S. Gutierrez, resulta de uma pesquisa feita entre os ocupantes dos diversos escalões hierárquicos de uma indústria gaúcha sobre percepção de clima, motivação e satisfação no trabalho. O segundo, de autoria de M. S. C. Marinho, é de natureza mais teórica e avalia o estado-da-arte das perspectivas analíticas da satisfação no trabalho.Outro problema que continua na ordem do dia é o da (oni)presença do Estado em nossa vida. Em um texto de fôlego, F. C.P. Motta traça a evolução das.formas de organização do Estado e analisa o crescente poder da tecnoburocracia pública e privada, os interesses que ela defende, as formas de legitimidade em que se apóia e peracruta a (im)possibilidade de este segmento atuar como agente construtor de uma sociedade mais igualitária do que a atual.A área da Saúde também merece. toda a atenção do administrador: não só como questão social, mas também porque influi diretamente sobre a qualidade da mão-de-obra disponível para as empresas no presente e no futuro. O texto de A. M. C. Baêta detecta alguns dos motivos pelos quais grande parte da população, embora seja financiadora do Sistema Nacional de Saúde, não cobra seus direitos quando precisa dos serviços que ele deve oferecer. E pelo mesmo motivo, a Pesquisá Bibliográfica desta edição é totalmente dedicada a esses dois temas. O texto de E. B. Araújo, que comenta a bibliografia, é, aliás, o primeiro fruto das atividades do OEGE -Centro Integrado de Estratégia e Gestão Empreendedora -que se vem desenvolvendo na EAESP-FGV desde junho passado, com o objetivo de estimular o espírito empreendedor em organizações de todos os tamanhos. O CffiGE vai se dedicar inicialmente à pesquisa e ao ensino, procurando adequar a vanguarda da teoria à realidade empresarial brasileira, devendo, em um segundo momento, abrir uma linha de assessoria à comunidade.l.Asl but rwt lmst, gostaríamos de agradecer aos leitores e colaboradores pelas manifestações de carinho e entusiasmo com que foi r...
A abertura do mercado às importações, após o que se convencionou chamar de década penlida,
C orno é possível avaliar o desepenho de uma empresa e aferir seu "lucro real" em um país que vive sob uma inflação alta como a nossa, em que as aplicações financeiras açambarcam recursos destinados aos investimentos produtivos, em que os mesmos índices de correção de ativos são usados por empresas sujeitas a impactos de inflação distintos, em que os mesmos intervalos de tempo burocraticamente definidos para feitura de balanços e demonstrativos financeiros são utilizados na avaliação de resultados de empreendimentos dotados dos mais díspares ciclos de duração? Nosso artigo de capa, de J. C. Hopp e de H. P. Leite, procura respostas para essas questões.Os empresários ocidentais, por razões diversas, parecem ter mais dificuldades do que outrosos japoneses, por exemplo -na obtenção da fidelidade dos funcionários às organizações em que trabalham. Nesta edição apresentamos dois artigos que, embora autônomos, voltam-se para temas que podem ser importantes variáveis para se lidar com essa problemática: a percepção do clima organizacional e a satisfação no trabalho. O primeiro, de L. H. S. Gutierrez, resulta de uma pesquisa feita entre os ocupantes dos di versos escalões hierárquicos de uma indústria gaúcha sobre percepção de clima, motivação e satisfação no trabalho. O segundo, de autoria de M. S. C. Marinho, é de natureza mais teórica e avalia o estado-da-arte das perspectivas analíticas da satisfação no trabalho.Outro problema que continua na ordem do dia é o da (oni)presença do Estado em nossa vida. Em um texto de fôlego, F. C. P. Motta traça a evolução das.formas de organização do Estado e analisa o crescente poder da tecnoburocracia pública e privada, os interesses que ela defende, as formas de legitimidade em que se apóia e perscruta a (im)possibilidade de este segmento atuar como agente construtor de uma sociedade mais igualitária do que a atual.A área da Saúde também merece toda a atenção do administrador: não só como questão social, mas também porque influi diretamente sobre a qualidade da mão-de-obra disponível para as empresas no presente e no futuro. O texto de A. M. C. Baêta detecta alguns dos motivos pelos quais grande parte da população, embora seja financiadora do Sistema Nacional de Saúde, não cobra seus direitos quando precisa dos serviços que ele deve oferecer. E pelo mesmo motivo, a Pesquisa Bibliográfica desta edição é totalmente dedicada a esses dois temas. O texto de E. B. Araújo, que comenta a bibliografia, é, aliás, o primeiro fruto das atividades do OEGE -Centro Integrado de Estratégia e Gestão Empreendedora-que se vem desenvolvendo na EAESP-FGV desde junho passado, com o objetivo de estimular o espírito empreendedor em organizações de todos os tamanhos. O CIEGE vai se dedicar inicialmente à pesquisa e ao ensino, procurando adequar a vanguarda da teoria à realidade empresarial brasileira, devendo, em um segundo momento, abrir uma linha de assessoria à comunidade.Last but not least, gostaríamos de agradecer aos leitores e colaboradores pelas manifestações de carinho e entusiasmo com que foi rece...
A introdução das chamadas novas tecnologias vem causando u.m impacto considerável, de proporções ainda nlio totalmente conhecidas, na hi.st6ria mais recente do Brasil. E tem dado lugar a um acirrado debate sobre sua ade-
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