L’article présente une analyse des rôles du créateur et de l’imagination dans l’œuvre de Samuel Beckett. Il part d’un examen du récit court Company/ Compagnie (1980) écrit en anglais et traduit en français par l’auteur même. L’analyse est fondée sur la perspective de l’énonciation en linguistique, qui permet une considération des sujets du discours. On propose de même une lecture bilingue du récit de Beckett, à partir de laquelle émerge un personnage/ créateur qui est à l’entre-deux, se présentant à la fois comme inventeur et comme une espèce d’administrateur de créatures qui existent malgré lui. L’article examine ainsi comment le narrateur de Compagnie et ceux d’autres ouvrages de Beckett mettent l’Auteur dans une position délicate : ils bouleversent les notions d’origine et d’originalité d’un texte, renforçant son caractère pluriel et en même temps renvoyant à l’idée ancienne d’inventio en rhétorique.
Ic r i a ç ã o . c r í t ic a 14 b a r t h e s .
<p><span style="font-size: medium;">Esta comunicação apresenta uma análise de </span><em><span style="font-size: medium;">Roland Barthes e Robert Musil</span></em><span style="font-size: medium;"> (2004), do escritor português Gonçalo M. Tavares. Trata-se de um texto literário peculiar, disposto em forma de planilhas, que o autor denomina “tabelas literárias”. Busco mostrar como Tavares faz viver Roland Barthes para além das citações e referências ao autor francês. Para tanto, proponho uma leitura do texto à imagem invertida da “leitura drogada” de </span><em><span style="font-size: medium;">Sarrasine</span></em><span style="font-size: medium;">, de Balzac, que Barthes realizou num seminário entre 1967 e 1969 e que resultou no livro </span><em><span style="font-size: medium;">S/Z</span></em><span style="font-size: medium;">, de 1970. Busco também relacionar as “tabelas literárias” à ideia de “cálculo de prazer” contida no estudo de Barthes sobre a obra de Charles Fourier em </span><em><span style="font-size: medium;">Sade, Fourier, Loyola</span></em><span style="font-size: medium;"> (1971). A proposta desta comunicação é aproximar as “tabelas literárias” de Tavares – um dispositivo de exatidão que emoldura um texto poético e fragmentário – ao movimento diacrônico que faz a própria obra de Barthes, partindo do entusiasmo com o formalismo nos anos 50 e 60 em direção ao prazer do Texto nos anos 70.</span></p>
As genealogias da escrita têm sido objeto de abordagens teórico-críticas e matéria de reflexão constante em ensaios, notas de trabalho e, muito especialmente, em diários de escritores. A sentença formalista segundo a qual a literatura não se movimenta em linha reta, de pai a filho, mas por caminhos oblíquos, de tio a sobrinho, a distinção estabelecida por Said entre filiação e afiliação, ou o convite, feito por Roland Barthes na Preparação do romance, a glisser [deslizar] uma linhagem são algumas das manifestações legíveis no domínio teórico-crítico. Os Diários de Emilio Renzi, publicados por Ricardo Piglia entre 2015 e 2017 são uma expressão privilegiada e recente desse laboratório do escritor, no qual se discutem tradições intelectuais, traçam-se ficções genealógicas e se revisitam com insistência os diários (laboratórios) de outros escritores.
Os três tomos de Los diarios de Emilio Renzi, publicados por Ricardo Piglia entre 2015 e 2017, configuram uma rede com várias camadas temporais costuradas. Neste ensaio, proponho estudar as aparições de um elemento narrativo que perpassa alguns textos do primeiro tomo dos diários, Años de formación: uma moeda grega. Seguindo os rastros da dracma, que também aparece de relance em outras obras do autor argentino, pretendo investigar a experiência simbólica que esse objeto evoca na poética de Piglia e como ele possibilita que se construa um sistema cifrado de correspondência entre a vida e a escrita.
Daniel Balderston é um dos mais reconhecidos especialistas da obra do escritor argentino Jorge Luis Borges. Professor do departamento de línguas e literaturas hispânicas da University of Pittsburgh, nos Estados Unidos, é diretor do Borges Center, que abriga em seu site um extenso material sobre a obra do autor e sua fortuna crítica. O trabalho de Balderston impactou os estudos da obra de Borges sob diferentes perspectivas teóricas, das pesquisas de suas fontes históricas até os estudos de gênero. Entre seus livros, destacam-se Out of context: Historical Reference and the Representation of Reality in Borges (1993), Borges, Realidad y simulacros (2000) e Innumerables relaciones: cómo leer con Borges (2010). Nos últimos anos, Balderston tem se dedicado a uma tarefa de grande relevância para os estudos hispânicos contemporâneos: a crítica genética dos manuscritos de Borges, que estão espalhados por países diferentes – Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Espanha, Suíça – em bibliotecas e coleções particulares. Grande parte dessa pesquisa está reunida no livro How Borges Wrote (University of Virginia Press, 2018), que Balderston considera seu maior feito nos quarenta anos em que passou destrinchando os escritos do argentino. Trata-se de um estudo incontornável sobre a gênese da obra borgeana: há reproduções facsimilares até então inéditas dos manuscritos de Borges e análises finas de suas anotações, de seus esboços e planos de trabalho, de cadernos preparatórios para cursos, de variantes e de cópias manuscritas de ensaios e contos. Nesta entrevista, concedida à Manuscrítica por videoconferência, Balderston falou sobre a busca detetivesca pelos manuscritos de Borges – digna talvez de um conto que o próprio autor argentino teria escrito –, sobre o árduo processo de composição de How Borges Wrote e sobre o status atual das pesquisas genéticas no mundo anglo-saxão. O livro foi publicado na França em 2019, sob o título La Méthode Borges, com tradução de Sophie Campbell (Presses Universitaires de Vincennes) e deverá ser lançado ainda este ano na Argentina, em uma versão ampliada, como El método Borges, com tradução de Ernesto Montequin (Ampersand).
Editorial do n. 43
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.