ResumoProduzido a partir de pesquisa realizada no período compreendido entre 1993 e 2001, o presente texto tem como objetivo central dialogar com as práticas culturais de mulheres e homens de rios do Vale do Juruá, na Amazônia brasileira, pontuando as formas como esses trabalhadores rurais se articulam e se rearticulam na produção social do espaço em que vivem, em um complexo processo de vinculação com o mundo natural. Procura atentar, ainda, para as relações e os conflitos estabelecidos entre escrita e oralidade, tentando mostrar a histórica luta de agroextrativistas, no sentido de dominar a habilidade de ler e escrever, como forma de superar as manipulações e as regras de controle do patrão-barracão.Palavras-chave: Culturas, natureza, Amazônia acreana. CULTURE AND NATURE, ORALITY AND LITERACY IN FORESTS AND CITIES OF THE JURUÁ RIVER VALLEY, STATE OF ACRE, AMAZONIA AbstractDeparting from a research conducted between 1993 and 2001, this study has as its central objective the dialogue with the cultural practices of women and men of the Juruá river basin, in the Brazilian Amazon, pointing the ways these rural workers articulate and re-articulate themselves in the social production of the space in which they live, considering the complex processes of relation between them and the natural world. This study also focus on the social relations and conflicts established between writing and orality, trying to expose the historical struggle of the rural people to master the skills of reading and writing as a way to overcome manipulation and control exerted by the patrones. 357 CULTURA Y NATURALEZA, ORALIDAD Y ESCRITURA EN ÁREAS DE BOSQUES Y CIUDADES DEL VALLE DEL JURUÁ, AMAZONÍA ACREANA ResumenProducido a partir de la investigación realizada en el período comprendido entre 1993 y 2001, el presente artículo tiene como objetivo central hacer un diálogo con las prácticas culturales realizadas por las mujeres y los hombres de los ríos de la cuenca del Juruá, en la Amazonía brasileña, tomando en cuenta como esos trabajadores rurales se organizan y se reorganizan en la producción social del espacio en que viven, o sea, en un complejo proceso de vinculación con el mundo natural. Busca observar, todavía, las relaciones y conflictos establecidos entre la escrita y la oralidad, intentando exponer la histórica lucha de los agroextractivistas en el sentido de dominar la habilidad de lectura y escrita, como forma de superación de las manipulaciones y las reglas de control del patrón-barracón. 358 INTRODUÇÃOEste artigo está focado no diálogo com práticas culturais de famílias de trabalhadores do Vale do Juruá, na Amazônia acreana, articulando sujeitos e mundos reais, múltiplos, a partir de uma noção de tempo e espaço como algo sempre em movimento, ou seja, como construção social. Nessa direção, foi possível manter interessantes reflexões com Michel de Certeau (1994), para quem a produção do espaço é condicionada pelo movimento, constituindo-se como "um lugar praticado", algo presente nas muitas dimensões do cotidiano. São as ações, a...
Brasil RESUMO O objetivo que norteia o presente artigo é desenvolver uma reflexão sobre o "olhar" que o escritor paraense Abguar Bastos Damasceno (1902-1995) lança sobre a Amazônia acreana, no romance "Certos Caminhos do Mundo" (1936). Na narrativa da obra em questão, a cidade de Rio Branco aparece dividida pelo Rio Acre, em duas faces antagônicas: de um lado, Empresa e, do outro lado, Penápolis. Empresa caracterizada como o lugar do vício e Penápolis, local da virtude. No idealizado cenário dessa dupla cidade e da Amazônia acreana sonhada pelo autor, as histórias de Solon, filho do coronel João Gonçalves, e Rubina, uma prostituta negra, irão se entrelaçar. É também entre o vício e a virtude que Abguar Bastos tece a trajetória de outros personagens, marcados, física e moralmente, pelo "estribilho dos falhados e dos sofredores": o Acre. A partir de uma visão determinística, tais personagens surgem aos olhos e subjetividades dos leitores como seres degradados e condenados ao sofrimento no "abismoso reino da solidão". PALAVRAS-CHAVE: Literatura. Amazônia Acreana. Representação. Discurso. Identidade. A floresta com seus seres em "estado de selvageria"; o rio com sua "ira implacável", "revolto", "violento"; a cidade com suas "casas toscas", "homens rudes", "bêbados", "carentes de civilização". A floresta, o rio e a cidade têm acompanhado a percepção de diferentes poetas, músicos, romancistas, jornalistas, viajantes e outros escribas em representações sobre a Amazônia acreana. A rigor segue-se o mesmo repertório delineador de uma "Amazônia inventada", na formulação de Neide Gondim (1994), como um singular e primitivo mundo sem cultura e sem história.
Este artigo apresenta algumas dimensões da sobrevivência de arcaicas relações de trabalho, reativadas no final do século XX, na região do Vale do Juruá, na Amazônia acreana, principalmente, focalizando os conflitos na área abrangida pelo rio Valparaíso, onde os patrões passaram a impor um rígido controle sobre seringueiros/agricultores, lançando mão de atitudes carregadas de extrema violência para fazer valer as regras e normas do barracão. Recupera, ainda, a partir de relatos de trabalhadores agro-extrativistas, bem como por intermédio de fontes escritas, uma série de outras situações de cerceamento de liberdades e práticas de “trabalho compulsório” em outros rios juruaenses, como o Muru e o Envira, que evidenciam, em primeiro lugar, toda uma expropriação dos trabalhadores, visando expulsá-los de suas posses, para que os patrões possam agir livremente na retirada de madeira e, em segundo lugar, a manutenção de um “miserável aviamento” nos moldes tradicionais como forma de manter os seringueiros endividados e submissos aos interesses do barracão.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.