A insuficiência cardíaca é uma síndrome complexa definida pela falência do coração em proporcionar suprimento adequado de sangue às necessidades metabólicas tissulares, ou fazê-lo por meio de elevadas pressões de enchimento. Geralmente, resulta de disfunção estrutural ou funcional do coração que compromete a sua capacidade de comportar o volume de enchimento diastólico de sangue ou de realizar sua ejeção. Caracteriza-se por disfunção ventricular e alterações da regulação neurohumoral, acompanhada de sintomas de cansaço aos esforços, retenção hídrica e redução da expectativa de vida. Em nosso meio, a sobrevida da insuficiência cardíaca com o tratamento clínico é estimada em 84%, 63% e 52%, em um, dois e cinco anos, respectivamente. Tem-se observado que a insuficiência cardíaca apresenta maior mortalidade do que muitas modalidades de câncer, como bexiga, mama e próstata,perdendo apenas ao câncer de pulmão. Na fase avançada da doença o transplante cardíaco é a única forma de tratamento capaz de restaurar as funções hemodinâmicas, melhorar a qualidade de vida e a sobrevida. O método foi empregado pioneiramente por Barnard em 1967 e ganhou ampla difusão com a introdução da ciclosporina no esquema imunossupressor. Todavia, ao lado das vantagens oferecidas pelo transplante existem limitações importantes que impedem a sua extensão universal aos pacientes com insuficiência cardíaca terminal. Dentre elas devem-se ressaltar a carência de doadores viáveis, a imunossupressão inespecífica, contra-indicações médicas e psicossociais.
HCFMUSP. 2. Pós-graduando do Departamento de Cardio-Pneumologia da FMUSP e Aluno do Curso de Especialização em Transplante Cardíaco-InCor-HCFMUSP. 3. Coordenador da Liga de Transplante Cardíaco da FMUSP e aluno do Curso de Especialização em Transplante Cardíaco-InCor-HCFMUSP. 4. Acadêmico da FMUSP e Membro da Liga de Transplante da FMUSP.
A displasia arritmogênica do ventrículo direito (DAVD) é uma doençado miocárdio de origem familiar, caracterizada pela substituição do miocárdio por tecido fibrogorduroso,predominantemente no ventrículo direito, levando a focos de arrritmia, podendolevar à morte súbita. Objetivo: O presente trabalho tem por objetivo apresentar a evoluçãoclínica de quatro pacientes portadores de DAVD que foram submetidos ao transplante cardíacoortotópico pela técnica bicaval. Método e Casuística: Foram levantados os prontuários dequatro pacientes portadores de DAVD, submetidos ao transplante cardíaco, que evidenciou emtodos os casos evolução rápida e grave com insufi ciência cardíaca classe funcional(NYHA) III/IV, arritmias de difícil controle e disfunção biventricular, sendo, portanto, indicado o transplante.Resultados: Em todos os casos o transplante foi realizado pela técnica bicaval com anuloplastiaprofi lática da valva tricúspide. Apenas um paciente evoluiu com rejeição hiperaguda e infecção,indo a óbito no 7º dia de pós-operatório. Nos outros três casos houve remissão completa dossintomas. O exame anatomopatológico dos corações explantados confi rmou a presença dadoença. Conclusões: A DAVD pode ter evolução grave e, nesses casos, o transplante cardíacodeve ser considerado, e mostra-se efetivo, com remissão completa da doença.
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