A motivação política da expansão do ensino superior privado: causas e conseqüências UNCA É DEMAIS retornar à gênese dos fatos, para melhor discuti-los. Muito do que se discute atualmente acerca da universidade poderia ser mais bem focalizado se considerássemos determinadas continuidades, por vezes deliberadamente ocultadas sob a capa das novidades ilusórias e das emergências do presente. Desde que o Relatório Atcon diagnosticou o estrangulamento no canal de acesso à universidade, a preocupação dos governos que se sucederam durante a ditadura militar foi a ampliação de vagas sem que isto representasse um investimento significativo. A partir daí é que se firmou a argumentação de que o ensino privado superior cumpriria uma função complementar, tendo em vista a impossibilidade de o poder público arcar completamente com este ônus.
Este texto trata de alguns aspectos que julgamos importantes para o entendimento da noção de razão instrumental. Focalizamos numa primeira parte alguns temas inscritos na fundação filosófica da moderni-dade, visando assim fornecer subsídios para a compreensão da história crítica da razão feita por Adorno e Horkheimer. Procuramos também tratar de pontos estratégicos para a abordagem dialética do Iluminismo, com a finalidade de esclarecer a necessidade, posta pelos autores, da consideração das contradições presentes no desenvolvimento da razão iluminista, tais como progresso/regressão e autonomia/dominação.
This text deals with features considered of importance for the general comprehension of the concept of instrumental reason. Primarily, in the article, a few themes inscribed in the philosophical foundation of modern times are pointed out, and therefore, provide aid for an understanding of the critical history of reason formulated by Adorno and Horkheimer. Strategic points for the debate of the dialectics of Illuminism are discussed, with the objective of highlighting the necessity of considering the contradictions present in the development of illuministic reason such as progress/regression as well as autonomy/domination
SILVA, Franklin Leopoldo e. A perda da experiência da formação na universidade contemporânea. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 13(1): 27-37, maio de 2001. Tempo Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 13(1): 27-37, maio de 2001. or ocasião de um debate radiofônico com Hemut Becker sobre as finalidades da educação, em 1966, Adorno definiu a educação como "a produção de uma consciência verdadeira" (Adorno, 1995, p. 141). A princípio, seríamos tentados a considerar que a generalidade da definição a torna quase anódina. Ela parece respeitar todos os termos e condições em que tradicionalmente se equacionou o problema da educação. Pois desde o cuidado socrático com a alma estamos habituados a ouvir e a ler que a pedagogia tem a função de conduzir a consciência individual a apropriar-se da verdade acerca de si e acerca do mundo. Mas o contexto em que essa defi-A perda da experiência da formação na universidade contemporânea FRANKLIN LEOPOLDO E SILVAProfessor do Departamento de Filosofia da FFLCH -USP PALAVRAS-CHAVE:consciência, emancipação, história, universidade.
UM DOS MOMENTOS fundadores da modernidade encontramos uma atitude iconoclasta: a crítica severa que Bacon faz de todos os ídolos enquanto cristalizações naturais, morais e culturais, figuras projetadas pelo homem e às quais ele julga dever se submeter. A separação entre ciência natural e teologia em Galileu, bem como a reivindicação da liberdade da razão e a recusa da tradição, em Descartes, representam a seqüência desse processo. Podemos notar o alcance dessa última característica, que de alguma maneira engloba as demais, uma vez que a crítica da idolatria e a deliberação de pensar autonomamente naturalmente estão implicadas na recusa em aceitar qualquer critério que não se explicite nos procedimentos racionais, opção metódica que põe em xeque o próprio valor da tradição.Tudo isso significa que, para o homem moderno, não existiria no passado nada que se pudesse entender como por si mesmo venerável, ou aquilo diante de que tivéssemos que nos inclinar em atitude de respeitosa aceitação. Isso supõe também que tal posição não é assumida gratuitamente: são os novos crité-rios de verdade que me alertam de que nada do que ocorreu no passado pode ser considerado intrinsecamente venerável. O peso dessa recusa é proporcional à grandiosidade da falta que ela instaura, isto é, do vazio que se segue a essa mudança radical dos eixos de equilíbrio do conhecimento e da ação. Por isso, a recusa da tradição implica um trabalho gigantesco de construção de novos conteúdos de conhecimento, de novos critérios de ação e, sobretudo, da invenção de novos parâmetros orientadores dessa atividade. O projeto humanista moderno define-se na sua base pelo ideal de construção e autoconstrução a partir da liberdade.Formuladas assim, as coisas parecem bem simples. Trata-se de substituir a continuidade da tradição, a conservação dogmática, característica das épocas passadas, pela instauração da descontinuidade e pela abertura de um processo de sucessivas invenções e reinvenções do presente, fundamentadas nos atos livres de afirmação que definem e redefinem os rumos da teoria e da prática. Foi preciso colocar as coisas nesse grau de pureza exacerbada para provocar a situação de antítese que justificasse a radicalidade da opção moderna pela liberdade de tudo reconstruir a partir do presente, ou do enfrentamento do mundo por uma razão despojada de todas as crenças que pudessem ainda vinculá-la à tradição, comprometendo a sua autonomia.
Este tema, amplo e diversificado, constitui uma oportunidade para abordar vários aspectos da contextualização histórica da produ ção do saber e do modo de inserção da produção cultural na socie dade.Poderíamos considerar, a princípio, duas maneiras de focalizar o assunto:
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