O livro A história das ciências e os saberes da Amazônia: séculos XIX e XX, da historiadora brasileira Heloisa Maria Bertol Domingues, faz parte da "Coleção Aulas Inaugurais" do Programa de Pós-graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia, da Universidade Estadual do Maranhão, coleção que conta com outros dois volumes já publicados. 1 Com o objeto em mãos, o leitor verá que o livro se divide em duas partes: a aula inaugural em si e uma espécie de memorial da autora-palestrante. No início da aula inaugural, encontramos as falas de duas quebradeiras de coco-babaçu do Maranhão: Maria Nice Machado Aires e Querubina Silva Neta. A presença das falas das duas anfitriãs possivelmente causa estranheza ao leitor acadêmico acostumado com estrutura científico-universitária típica. O lugar de recepção da convidada foi ocupado por representantes de um saber tradicional que em muitos aspectos é silenciado pelo chamado "conhecimento ocidental". É necessário destacar que a transcrição das falas, apesar de aplicar a norma culta da língua portuguesa, conservou traços de oralidades tão ricos e característicos, para não dizer essenciais, dos povos tradicionais. Povos que utilizam a oralidade não apenas como meio de transmissão de seus conhecimentos, mas como lugar de produção dos mesmos. Assim, as falas das quebradeiras de coco ressaltam, de partida, a importância do lugar dos saberes tradicionais em contraste com o conhecimento científico-acadêmico. Na sequência, Heloisa Domingues inicia sua aula inaugural que leva o nome do livro. Como historiadora do conhecimento dito ocidental, a palestrante inicia sua fala se questionando "o que apresentar na aula inaugural de um mestrado em Cartografia Social e Política da Amazônia"? Apesar de seus trabalhos sobre ciências naturais e a sociedade desenvolvidos desde o mestrado (discurso sobre o índio na Revista IHGB) e o doutorado (sobre agricultura no Brasil Império), apesar de seus trabalhos sobre os saberes tradicionais no Museu de Astronomia e Ciências Afins, a historiadora não apenas entendeu a responsabilidade do convite para proferir a aula inaugural, como viu aí um verdadeiro desafio. O desafio de
Resumo Este trabalho analisou um artefato (um livro de saúde) concebido pelo povo maxakali, denominado Hitupmã’ax: curar (2008). Tangenciado o projeto de produção do livro, o objetivo foi entender o processo de negociação da saúde pública no Brasil, dentro de uma perspectiva histórica e intercultural das epistemologias não ocidentais. Constatamos que a construção da obra maxakali representa um esforço para diminuir a distância da percepção e dos cuidados de saúde entre indígenas e não indígenas, e por essa via demonstramos a importância desse projeto intercultural para a efetivação de políticas públicas voltadas para o público indígena em geral e, especificamenete, para a promoção da história, dos saberes e da cultura maxakali.
O presente artigo se propõe analisar as inter-relações históricas entre a produção do discurso médico-científico, a maconha, seus usos e usuários, e o racismo científico durante a primeira metade do século XX, com um enfoque especial dirigido a atuação do médico e político José Rodrigues da Costa Dória, a partir do qual se investiga, ainda, o surgimento do “problema” da maconha por meio do referido discurso científico legitimador. A partir de revisão da bibliografia sobre o tema, e com suporte teórico da história das ciências, entre outras chaves de leitura, o presente artigo discute a influência do pensamento de Rodrigues Dória na formação das gerações seguintes de médicos, as afinidades de seu pensamento com a eugenia e, por fim, a emergência da ideologia proibicionista na formação social brasileira no pós-abolição, responsável por classificar as substâncias psicoativas enquanto drogas ou fármacos, institucionalizando o controle sobre os usuários.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.