Desde o final dos anos 1990, os grupos indígenas da etnia Potiguara localizados no estado do Rio Grande do Norte, têm afirmado publicamente sua identidade. O povo Potiguara pertence linguisticamente ao tronco tupi e há séculos habitam o litoral dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Como territórios dos Potiguaras do RN estão compreendidas as aldeias Catu dos Eleotérios e Sagi-Trabanda, a primeira está localizada nos municípios de Canguaretama e Goianinha, às margens do rio Catu; a segunda situa-se no município de Baía Formosa na divisa com o estado da Paraíba. Ambas, vivem processos de resistência e enfrentamentos, buscando visibilidade e o fortalecimento de suas identidades. Nesse contexto de resistência, o artesanato indígena aparece como uma forma representativa de suas culturas e adquire fundamental importância para as duas comunidades. Diante desse cenário, a pesquisa etnográfica buscou – a partir da valorização dos patrimônios étnicos dos grupos e reconhecendo a cultura como forma de resistência desses povos – contribuir com o processo de fortalecimentos de suas identidades, elegendo a produção artesanal/artística indígena como representação cultural a ser investigada.
Este artigo pretende discutir a questão da cidadania, tão em pauta nos últimos anos, especialmente no que se refere a sua relação com a educação. Apresenta uma visão crítica tanto do entendimento sobre o termo cidadania, quanto desta relação com a educação, feita, por vezes, de forma irrefletida. Tomando como base essa discussão, pretende construir reflexões iniciais sobre a possibilidade da educação física, enquanto componente curricular obrigatório das escolas brasileiras, de contribuir na tão propalada e buscada formação do cidadão.
Considerando a centralidade que a noção de relatedness ou relacionalidade (CARSTEN, 2000 e 2004) têm adquirido em pesquisas contemporâneas que versam sobre família e parentesco, bem como os importantes rendimentos analíticos da noção de care (HIRATA e GUIMARÃES, 2012), propomos fazer um balanço sobre as relações entre gênero, cuidado e famílias tendo como linha condutora nossas próprias trajetórias acadêmicas como pesquisadores desses campos de estudos. Argumentamos que a discussão sobre cuidado pode se coadunar aos recentes debates em torno de família/parentesco enquanto relacionalidade, uma vez que traz ao primeiro plano as dimensões dos afetos, das reciprocidades tanto quanto as dimensões de classe, raça, geração e os entrelaçamentos entre família, mercado e Estado.
Após chegar à Gameleira, andando pelas estradas de barro batido da serra, ouvi o som de uma sanfona bem tocada que rapidamente atraiu minha atenção. Perguntei a Severino Domingos de onde vinha e do que se tratava, e ele de pronto respondeu: "É da casa de Loza é nosso forró, o forró da Gameleira!".Este artigo propõe uma reflexão sobre as festas de forró que acontecem num ambiente rural do interior do estado do Rio Grande do Norte, a Serra da Gameleira. Trata-se de um espaço social no qual grupos de diferentes origens étnicas 1 mantêm um convívio marcado historicamente por relações tensas e conflituosas. Nesse espaço, o elemento que mobiliza todos os moradores que residem na Serra são as festas de forró, momento em que os grupos familiares se encontram. Diante disso, indaga-se: como é constituído o conjunto de relações sociais que acontecem na Serra em torno do forró? Como as festas acontecem? Nas festas de forró que ocorrem na Serra da Gameleira, campo empírico desta pesquisa, existe uma intensa sociabilidade festiva entre os diferentes grupos? Essas perguntas são feitas privilegiando-se a perspectiva etnográfica, pois a festa não aparece somente como um espaço de lazer e divertimento que grande parte dos moradores vivencia, mas como um lugar que oportuniza a reunião entre os grupos familiares. Nas festas, desenvolve-se um tipo de sociabilidade (McCallum 1998; Rezende 2001; Magnani 1998) dotada de uma linguagem própria que possibilita a convivência entre os grupos, além de organização típica para a realização das festas. Assim, buscamos compreender como as festas informam sobre a organização social (Woortmann 1995;Leach 1996) de um espaço disputado por grupos familiares distintos. A partir das conversas travadas com nossos interlocutores 2 e durante a observação das festas, percebemos que é através do encontro nas casas de forró, da organização interna em cada local onde as festas ocorrem, bem como dos diferentes momentos da vida diária que elas se tornam um acontecimento
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