Ser adulta e pesquisar crianças: explorando possibilidades metodológicas na pesquisa antropológica 1
Flávia Pires
Doutora em Antropologia Social -Museu Nacional/UFRJRESUMO: Neste artigo, apresento e discuto os vários métodos e técnicas de pesquisa utilizados na confecção de minha tese de doutorado: observação participante, desenhos, redações, filmagem, diários, fotografias, cartas, entrevistas com crianças, programas de rádio. Há um destaque para as redações, os desenhos e a observação participante, na medida em que esses foram os instrumentos mais frutíferos para se trabalhar o tema da relação entre religião e crianças.
Este artigo etnográfico tem como objeto analisar o que são os mal-assombros do ponto de vista dos adultos e das crianças na pequena cidade de Catingueira, semi árido da Paraíba (Brasil). Além disso, pretendo analisar como o conceito de mal-assombro transforma-se ao longo dos anos, discorrendo sobre o processo que parece culminar com a cristianização das crianças pari passu a cristianização dos mal-assombros. Investigo em que idade o medo de mal-assombro é mais evidente para, entre outras questões, discutir como o sistema de parentesco está intrinsecamente ligado à ontologia dos mal-assombros. PAlAvrAs-ChAvE: mal-assombro, criança, religião, cristianismo. EstE ArtIgo é rEsultAdo dE umA PEsQuIsA dE CAmPo dE QuAsE
Resumo Este artigo analisa a utilização dos desenhos produzidos por crianças em pesquisas e sua inserção nos textos antropológicos, a partir de dois argumentos: o de que a produção de desenhos deveria ser considerada como técnica legítima de pesquisa com crianças; o de que é preciso descrever o processo de produção dos desenhos, deixando claras as condições em que se deu e reforçando sua utilização em conjunto com outras técnicas de pesquisa. Para além dessa dupla linha argumentativa, tecemos uma crítica à reduzida relevância que se dá aos desenhos - no que se refere a sua pouca inserção nos textos antropológicos. Neste artigo analisamos um conjunto de textos a partir dos seguintes aspectos: a) sua afirmação da importância dos desenhos para os achados da pesquisa; b) a descrição dos processos de produção dos desenhos; e c) se há a inserção dos desenhos no texto e de que maneira essa inserção é feita.
This article is based on ethnographic fieldwork research conducted in the semi-arid region of northeastern Brazil and addresses the unexpected role the children came to fulfil in the household as a consequence of the Programa Bolsa Família, a conditional cash transfer programme. In its design, the programme was intended for families and had a clear focus on women, aiming at empowering them. However, the article shows how children became considered the main agents responsible for the family's continued access to the benefit and as a consequence, how they came to bear the responsibility for the family's financial survival.
IntroduçãoEste é um artigo etnográfico que tem como objetivo apresentar as crianças catingueirenses, destacando aspectos da sua vida social e familiar, através do desvelamento das contingências cotidianas enfrentadas por elas, assim como expor as expectativas adultas em relação a elas. Nesse sentido, tanto quanto sobre as crianças catingueirenses, este artigo é sobre a infância catingueirense, seus constrangimentos e também sua reinvenção permanente. Para isso, minha estratégia é lançar luz principalmente sobre o debate em torno da socialização e do trabalho infantis a partir do entendimento das crianças como objetos de diversão e da infância como período de aprendizado moral para o grupo estudado. Ao fazê-lo, tornamse explícitos os inúmeros papéis que as crianças desempenham na vida familiar e comunitária e sua importância crucial para a reprodução social das famílias e da comunidade.A primeira parte do artigo trata de pensar as crianças pequenas por meio de três memórias etnográficas: um evento na igreja envolvendo uma criança de 3 anos, o ritual de apresentação dos novos membros à comunidade e o cortejo fúnebre de um anjinho. Na segunda parte do artigo apresento o cotidiano familiar, especialmente os cuidados na manutenção da unidade doméstica. Na terceira parte do texto contemplo duas questões: a primeira sobre o trabalho infantil, sobretudo doméstico, e a segunda sobre o entendimento da infância como período de aprendizado moral.
Roteiro sentimental para o trabalho de campo 1 FLÁVIA FERREIRA PIRES resumo 1 Este pequeno texto foi concebido as voltas da primeira ida a campo de um grupo de jovens pesquisadores, quatro estudantes do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), colaboradores, através de bolsas PIBIC e PIVIC, de um projeto de pesquisa sobre os impactos de políticas públicas na vida familiar sertaneja. Ele foi pensado como um roteiro sentimental, no qual, a professora que os acompanharia, tecia alguns comentários ditos como pertinentes para o bom andamento do trabalho de campo, cuja duração seria de sete dias. O tom do texto é pessoal e dialógico. Dialoga, prioritariamente, com este grupo de neótos, e curiosamente, reivindica Marcel Mauss-o antropólogo que praticamente nunca foi a campo-, como interlocutor privilegiado. palavras-chave Pesquisa de campo. Marcel Mauss. Etnogra a. Trabalho coletivo. Neó to | F F P
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