Resumo Certos predicados (nominais e verbais) podem ocorrer em construções que expressam estados mentais ou físicos em Canela. Nestas construções, com um ou dois argumentos, o experienciador é marcado formalmente pela posposição dativa mã: (i) [ExperienciadorDativo Predicado]; (ii) [ExperienciadorDativo Estímulo Predicado]. Neste artigo, apresento os diferentes tipos de predicados que podem ocorrer nas construções (i) e (ii): nomes e verbos monovalentes, bivalentes e trivalentes. Adicionalmente, identifico o padrão encontrado nessas construções e avalio a condição gramatical do sintagma dativo. Os testes sintáticos aplicados às construções incluem reflexivização, controle e apagamento nas orações coordenadas e subordinadas, e mudança de referência. As propriedades de comportamento e de controle exibidas pelo sintagma posposicional mostram que as construções (i) e (ii) compartilham muitas das características sintáticas das orações verbais. Considerando que as propriedades de comportamento e de controle são os requisitos para a categoria de sujeito, a conclusão é de que, nessas construções, o sintagma dativo comporta-se como o sujeito, não como um oblíquo. Tais evidências são suficientes para argumentar em favor da categoria gramatical do sujeito como morfologicamente heterogênea em Canela, mas que é unificada por seus comportamentos sintáticos.
Resumo O Canela é a língua falada pelos povos Canela Apa?niekrá e Canela Ramkokamekrá (cerca de três mil indivíduos) que habitam duas terras indígenas (Área Indígena Porquinhos e Área Indígena Kanela, respectivamente), localizadas no estado do Maranhão. Neste artigo, distingo inicialmente os sintagmas posposicionais que são (semanticamente) argumentos e os que são adjuntos em Canela (família Jê, tronco Macro-Jê). A seguir, identifico os argumentos definidos como o paciente (P), o tema (T) e o recipiente (R), e apresento suas respectivas propriedades gramaticais (codificação, comportamento e controle). A conclusão é de que P e T são o objeto direto, enquanto R (de verbos como ‘dar’, ‘contar’ e ‘mostrar’), lexicalmente especificado, é o objeto indireto.
RESUMOO objetivo deste trabalho é apresentar uma descrição de aspectos fundamentais da morfossintaxe da língua Timbira falada pelos Apãniekrá da Área Indígena Porquinhos, localizada no interior do estado do Maranhão.O trabalho compreende seis capítulos. O capítulo 1 apresenta informações gerais relacionadas aos povos Timbira (quem e quantos são, sua localização e um breve histórico da minha relação com eles (como lingüista e como assessora lingüística)); os trabalhos anteriores sobre a(s) língua(s) falada(s) por esses povos e sobre a minha proposta de classificação, baseada na comparação dos inventários fonêmicos, das categorias de tempo, aspecto e modo, da ordem dos constituintes e da ergatividade morfológica, de serem duas as línguas dos povos Timbira (a língua Timbira, falada pelos povos Timbira à direita do Rio Tocantins (Apãniekrá, Rarnkokamekrá, Krahô, Gavião Pykobjê e Kfikatí) e pelos Gavião do Pará, e a língua Apinajé, falada pelos Apinajé que estão à esquerda do mesmo rio). O capítulo 2 apresenta uma análise de aspectos da fonologia do Apãniekrá, resultado de uma revisão da minha dissertação de mestrado. Os capítulos 3 a 5 apresentam uma descrição de tópicos selecionados da morfossintaxe do Apãniekrá que contribuem para uma compreensão mais aprofundada do fenômeno da ergatividade em Timbira e nas línguas Jê: o capítulo 3 (classes de palavras) apresenta as características semãnticas, sintáticas e morfológicas das principais classes de palavras: nome, verbo, advérbio, pronome, numerais, posposições, conjunções e partículas; o capítulo 4 (orações simples) apresenta a ordem dos constituintes, os sistemas de marcação de caso (Ativo-Estativo, Nominativo-Absolutivo e Ergativo-Absolutivo), os principais tipos de predicado (verbais e não-verbais) e a estrutura das orações declarativas e negativas das orações simples da língua; o capítulo 5 (orações complexas) apresenta as sentenças complexas (as subordinadas completivas, com verbos de modalidade, de manipulação e de percepção, cognição, expressão, as relativas e as coordenadas), os mecanismos de co-referenciação e o sistema de switchreference. O capítulo 6 apresenta uma hipótese para o aparecimento da ergatividade morfológica em Timbira: a partir da comparação de determinadas propriedades morfossintáticas com outras três línguas Jê (Apinajé -Kayapó Suyá), levanto uma hipótese para o aparecimento da ergatividade em Timbira. F oi proposto considerar também, dentro da família lingüística Jê, o subgrupo Apinajé-Kayapó-Suyá-Timbira.
pela contribuição na elaboração deste trabalho.aos amigos Cristina, Andrés, Vitória e Rosane, e aos professores Leo Wetzels, Marymarcia, Angel e Ludoviko, pelas discussões e sugestões.à CAPES, pelo apoio financeiro recebido através da bolsa de mestrado, e pelo auxílio à pesquisa que permitiu a última viagem a campo (setembroz'98).
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