Resumo: Analisa-se o perfil dos jovens em contextos sociais desfavoráveis que chegaram com sucesso ao terceiro ano do ensino médio. Sucesso é aqui compreendido como a chegada do aluno ao 3º ano do ensino médio em idade apropriada, sem ter sido reprovado e/ou abandonado à escola durante sua trajetória. Investigam-se os determinantes sociológicos desse sucesso em contextos sociais desfavoráveis. Para tanto, utiliza-se microdados da edição 2011 do Sistema de Avaliação da Educação Básica. Apesar de prognósticos teóricos e factuais contrários, constata-se que muitos indivíduos nas condições sociais mais desfavoráveis alcançam o sucesso escolar. Observa-se que o background familiar influencia, porém, não determina a realização escolar dos indivíduos.
Resumo Analisam-se pesquisas recentes no campo das Ciências Sociais e Educação no Brasil e descrevem-se tendências da pesquisa socioeducacional para debater seus pontos nodais. Observa-se que há relevante pesquisa relativa à educação, mas escassa produção robusta sobre os principais desafios dos sistemas educacionais. Há frágil produção capaz de inferências acerca dos principais desafios da escolarização. De outro lado, pesquisas sobre sucesso educacional em contextos desfavoráveis têm revelado um cenário promissor de superação de alguns dos principais desafios à educação nacional. Estão relacionados ao sucesso a baixa segregação; o comprometimento das famílias; as altas expectativas de educadores e familiares acerca das trajetórias das crianças; a liderança pedagógica relacionada ao empreendedorismo e à inovação educacional; o foco institucional na aprendizagem, acompanhada pela não retenção.
Este estudo analisa o rendimento educacional a partir das chances de estudantes realizarem as transições na educação básica (fundamental e média) no Brasil. Baseando-se em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 1999 e 2013, foram computados modelos logit sequenciais no intuito de estimar as mudanças no efeito das origens sociais sobre as transições. Os principais resultados apontam que, embora ainda persistam desigualdades socioeconômicas e de cor, houve diminuição desses efeitos ao longo dos últimos anos, o que indica a diminuição das barreiras socioeconômicas para o fluxo dos estudantes.
Este trabalho propõe uma análise do efeito de fatores sociais no desempenho escolar aferido pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) entre 2013 e 2019. O objetivo é discutir o impacto da origem social nas trajetórias individuais, aqui abordadas através dos dados secundários fornecidos pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Serão discutidas, principalmente, duas perspectivas consolidadas na literatura sobre desigualdades educacionais: uma em relação à conservação e reprodução de posições de origem, o tipo “Escola Reprodutora” e outra em relação aos casos de Escolas que conseguem controlar desigualdades de origem e oferecer condições adequadas ao desenvolvimento dos estudantes, o tipo “Escola Eficaz”. Entre esses dois extremos, que se configuram em categorias analíticas/tipos ideais, contribuímos com um panorama do efeito de fatores sociais ao longo do tempo. Com isso sistematizamos evidências empíricas em relação às desigualdades de resultados escolares e padrões de estratificação educacional.
Investigam-se processos de socialização primária e secundária associados a percursos escolares exitosos entre alunos provenientes de camadas populares. Analisam-se casos bem sucedidos entre a geração escolar que ingressou no primeiro ano do ensino fundamental em 2006, em uma escola municipal no interior de Minas Gerais, sendo a primeira coorte submetida às leis de ampliação da duração do Ensino Fundamental para nove anos, com ingresso aos seis anos de idade. Para aprofundar a análise, foram pesquisadas as histórias de vida de três alunos aprovados continuamente até a conclusão do ensino médio em 2017, representando exceções em meio a uma geração majoritariamente afetada por reprovações e evasões ao longo de seus percursos. Observou-se que processos de socialização primária (familiar) e secundária (extrafamiliar) podem se apresentar como elementos favoráveis, que se mostram associados a percursos escolares exitosos, corroborando a relevância de atitudes específicas dos adultos sobre as trajetórias sociais das gerações mais novas.
A expansão dos Programas de Pós-Graduação (PPGs) no Brasil, em especial da Área de Sociologia, trouxe consigo oportunidades e desafios, referentes ao atendimento dos parâmetros de qualidade e avaliação. Investigam-se as transformações no último biênio (metade do atual ciclo avaliativo) em PPGs da Área de Sociologia que receberam, da Comissão de Avaliação, recomendações de ajustes no último Ciclo Quadrienal. Reflete-se sobre a influência dos processos avaliativos sobre os PPGs, especialmente mais periféricos que, em hipótese, teriam mais dificuldade em atender demandas sistêmicas. A partir de dados públicos disponibilizados em diferentes Plataformas (ie. Sucupira, Lattes) e informações dos próprios PPGs, analisam-se suas reações à avaliação na promoção de mudanças (ou não) em alinhamento às recomendações expressas em suas Fichas de Avaliação. Observam-se reações positivas, mas muito discretas, o que sinaliza limites para seu desenvolvimento.
Este trabalho investigou o transcorrer de um conjunto de trajetórias escolares mediante a antecipação da idade de ingresso no ensino fundamental e a ampliação do tempo de permanência nesta etapa de ensino, instituídos respectivamente pelas Leis n.º 11.114/2005 e n.º 11.274/2006. Assim, foram analisadas trajetórias percorridas de 2006 a 2014, as quais integraram a primeira coorte de alunos de uma determinada escola pública municipal, totalmente submetida às referidas leis. Buscou-se examinar o fluxo dos alunos ao longo desta etapa de escolarização básica, considerando que, no horizonte dessas leis, estão a redução das desigualdades educacionais, especialmente aquelas que se manifestam por meio da reprovação escolar. As trajetórias foram acompanhadas através de diários de classe e atas de resultado final. Concluiu-se que, apesar dos estímulos legais, o fluxo das trajetórias escolares, sobretudo percorridas em contexto social desfavorável, demonstrou-se severamente comprometido pelas reprovações.
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