Este artigo relata o desenvolvimento do curso-piloto de formação em Saúde Mental, Doutor, eu sou normal? Reuniu usuários, técnicos e gestores do Núcleo de Atenção Psicossocial de Santos I (NAPS I). O projeto objetivava, com as temáticas propostas, analisar sua aplicação teórico-metodológica e refletir sobre o cuidado em Saúde Mental, com os diferentes atores envolvidos. A análise da aplicação indicou importantes problemáticas do campo da saúde mental: o processo de medicalização, a produção da loucura, o apagamento das subjetividades e o controle dos sujeitos. Assim, proporcionou reflexões sobre o protagonismo dos participantes, os processos histórico-sociais relacionados às terapêuticas e saberes sobre o sofrimento psíquico, e, ao mesmo tempo, despertou importantes reflexões sobre a dimensão ético-política do cuidado.
Resumo O artigo analisa a psicologia na Liga Brasileira de Higiene Mental, instituição fundada em 1923 que tinha como princípios fundamentais a adaptação dos indivíduos e a constituição da “moral universal do amanhã”. Entre outras proposições, ela se dedicou à adaptação de testes psicológicos e aos estudos sobre o desenvolvimento infantil que buscavam avaliar o funcionamento mental e delimitar sua norma. Como elemento que colaborou para a extensão do poder psiquiátrico, a psicologia implicou-se em duas dimensões da atuação do poder disciplinar: os corpos individuais e o corpo social. Assim, a psicologia também encontrou a possibilidade de sua vulgarização, não sem as contradições emergentes na posição de saber e técnica disciplinar.
A disciplina, na arqueogenealogia de Foucault, desvelou mecanismos de produção, manipulação e articulação de poderes corpóreos. A produção do sujeito disciplinar foi elemento funcional na produção de uma racionalidade sobre corpos e almas psicologizáveis. Assim, disciplina é a técnica de constituição de corpos úteis, dóceis e submissos, saber-referência para o diagnóstico de indivíduos normais ou desviantes. Este artigo estuda a transversalidade entre psicologia e disciplina, analisando os efeitos disciplinares na reinvenção de corpos e almas e na produção do próprio sujeito psicológico, principalmente na constituição dos exames e laudos periciais. Partimos da hipótese que as técnicas disciplinares oferecem elementos de constituição do sujeito psicológico, e a constituição do sujeito disciplinar e psicológico se inter-relacionam em um processo de pressuposição recíproca.
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