As classes secundárias experimentais renovaram, de forma significativa, o ensino secundário brasileiro nos anos 1950 e 1960. Na rede católica, esta experiência foi realizada a partir da apropriação da Pedagogia Personalizada e Comunitária (PPC), criada pelo padre jesuíta francês Pierre Faure, que aproxima a Escola Nova e a tradição educacional católica. Assim, o objetivo deste trabalho é compreender a cultura escolar na classe secundária experimental do Colégio das Cônegas de Santo Agostinho, de 1959 a 1962, educandário católico, elitista e destinado ao público feminino, a partir das memórias da ex-professora de latim e português Elza Assunção Miné. Como referencial teórico são utilizados os conceitos de cultura escolar, enunciado por Dominique Julia, e de apropriação, cunhado por Roger Chartier. A entrevista com a exprofessora Elza Miné foi feita nos moldes da metodologia da história oral, que considera a memória marcada pela subjetividade. Desta forma, na cultura escolar das classes secundárias experimentais do Colégio das Cônegas de Santo Agostinho, o foco foi colocado sobre as dimensões espaço-temporais flexíveis e o trabalho individual e colaborativo de pesquisa orientado por roteiros de estudo inscrito em fichas.
Resumo Este trabalho tem o propósito de compreender as representações feitas por Gildásio Amado, considerado um mediador cultural, sobre as classes secundárias experimentais, que se constituíram no ensaio pioneiro de inovação pedagógica no ensino secundário brasileiro nas décadas de 1950 e 1960. Essas representações são analisadas em dois textos produzidos por Gildásio Amado como chefe da Diretoria do Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura (MEC) durante a implantação das classes secundárias experimentais, e em outros dois textos, escritos por ele, após a realização do primeiro ciclo dessa experiência pedagógica. Para ler essa questão usou-se o conceito de representação do historiador Roger Chartier, que tem duas dimensões: a presentificação do ausente ou do que já passou, mas também, necessariamente, a construção desse ausente. Assim, a operação de produção de fatos e de processos passados é realizada a partir dos interesses e ideologias de seu autor. De um lado, analisa-se o olhar de Gildásio Amado, na condição de ocupante de alto cargo no MEC, sobre as classes secundárias experimentais no momento de sua entusiasmada implantação. De outra parte, procura-se compreender a visão desse autor também sobre as classes secundárias experimentais após a realização de seu primeiro ciclo, que apresenta um tom mais avaliativo. Busca-se, portanto, perceber as apreciações de Gildásio Amado sobre a primeira onda de renovação do ensino secundário brasileiro em dois momentos históricos diferentes.
O Colégio de Aplicação da UFRJ foi o primeiro a ser criado no país, em 1948, a fim de possibilitar experimentações pedagógicas. Mas somente dez anos depois, foram publicadas as instruções para a implantação das classes secundárias experimentais, que começaria no ano seguinte. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar a representação do Serviço de Orientação Educacional e das atividades extraclasses das classes secundárias experimentais do Colégio de Aplicação da UFRJ na Revista Escola Secundária (1959-1961), a partir de três artigos sobre a temática presentes na revista. E para a condução teórica desta pesquisa documental e historiográfica, foi usado o conceito de representação a partir do historiador francês Roger Chartier (2002 e 2011) e o conceito de circulação trabalhado por Marta Carvalho (2003). Desse modo, as inovações analisadas das classes experimentais visavam formar a juventude para atender as necessidades da sociedade moderna
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