Resumo: O artigo analisa as influências das políticas de reforma e desenvolvimento agrário, bem como o papel dos movimentos sociais na manutenção da agrobiodiversidade. Desde o fim do regime militar, ocorreram avanços nas políticas públicas para agricultura familiar, que estão atualmente ameaçados. Movimentos sociais que impulsionaram as políticas no setor resistem aos retrocessos adotando atualmente uma orientação produtiva e sociopolítica embasada na agroecologia, que resgata o papel da agrobiodiversidade no fortalecimento da soberania alimentar. Este trabalho se inscreve entre os estudos de avaliação da diversidade agrícola em áreas de reforma agrária com vistas a contribuir para as análises de iniciativas agroecológicas, oferecendo elementos de reflexão para debates sobre programas e ações em torno da agrobiodiversidade em assentamentos rurais.
O artigo tem como objetivo compartilhar experiências da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto no Extremo Sul da Bahia, partilhando iniciativas que vão ao encontro da produção coletiva de bioinsumos, contribuindo com a emancipação e o avanço camponês no processo de transição agroecológica. A Escola contribui na construção e disseminação de conhecimentos agroecológicos a partir da promoção de cursos populares sobre bioinsumos, sistemas agroflorestais e práticas agroecológicas. Pesquisas em escala local e territorial têm sido desenvolvidas com resultados que ampliam as possibilidades de uso de bioinsumos de maneira coerente com a realidade social e ecológica das famílias assentadas. Além disso, uma usina de bioinsumos, denominada Centro de Produção de Tecnologias Camponesas Ana Primavesi, tem sido planejada, evidenciando o papel de destaque que a Escola Popular representa na difusão de tecnologias agroecológicas e seus potenciais para ampliar o acesso aos bioinsumos.
O artigo apresenta a sistematização de um processo coletivo de construção que vem sendo realizado pela Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, em conjunto com 52 escolas públicas em assentamentos e acampamentos da reforma agrária, desde 2014, na região do Extremo Sul da Bahia. Uma experiência que tem se mostrado exitosa na constituição de reflexões pedagógicas, que buscam questionar o atual modelo de desenvolvimento, de forma crítica e histórica, a partir da leitura da realidade das comunidades nas quais educadores e educandos estão imersos. Primeiramente, apresentamos uma breve descrição das contradições sociais, ambientais e econômicas decorrentes da expansão da monocultura do eucalipto e seus desdobramentos sobre a lógica produtiva camponesa. Em seguida, trazemos à tona elementos importantes da construção teórica do conceito da agroecologia e educação do campo, para por fim descrever as experiências desenvolvidas no campo da educação e agroecologia, tanto em seus processos formativos como em sua metodologia organizativa.
Artisanal manufacture of cassava flour mobilizes a cultural and biological framework that has developed and been continuously improved over generations of traditional rural workers. Despite this evidence in Brazilian traditional communities, few studies focus on rural settlements of agrarian reform. This paper addresses a broad diagnosis of flour production in rural settlements in the Extreme South of Bahia, Brazil, carried out in 2019. Thirty rural settlements were visited in eleven municipalities, where 107 flour-houses were evaluated. The results present the socioeconomic profiles of local farmers, cassava varieties, types of flour, particularities of production and characteristics of commercialization. Finally, the multiple functions of artisanal production of cassava flour are highlighted, especially related to the social and economic maintenance of settled families, the promotion of food security and sovereignty within and around the settlements, strengthening of the social and cultural fabrics, and the conservation of agrobiodiversity in the rural landscape.
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